terça-feira, 25 de dezembro de 2018

"O Segredo da Casa de Riverton - Opinião"

Kate Morton

Gostei muito deste livro. Adoro a escrita da autora, no entanto custei a engrenar com a leitura, porque a história começa de uma forma um pouco lenta, outras partes são um pouco pesadas, mas a escrita da autora, as personagens e as descrições, fizeram-se permanecer fiel à leitura, embora tenha demorado um pouco mais de tempo para ler 500 páginas, do que é habitual. Levei este livro de viagem quando fui a Londres - há três semanas - e andei por Londres nas ruas por onde se passam as cenas.
É tão bom imaginar as cenas quando se está no local!
Na segunda parte o livro acelera um pouco a sequência das cenas e torna-se impossível desviar os olhos da leitura. Quando se aproxima do final, então é de loucos e, o final é algo que jamais me passaria pela cabeça - enquanto leitora, porque como escritora achei genial -  e, até hoje fico a pensar no que levaria um ser humano àquela decisão. Não revelo mais. Leiam que vale a pena. 
Um romance deveras brilhante.


SINOPSE
Como sobrevivem os que presenciam a tragédia?

verão de 1924
Na noite de um glamoroso evento social, um jovem poeta perde a vida junto ao lago de uma grande casa de campo inglesa. Depois desse trágico acontecimento, as suas únicas testemunhas, as irmãs Hannah e Emmeline Hartford, jamais se voltariam a falar.

inverno de 1999
Grace Bradley, de noventa e oito anos de idade, antiga empregada da casa de Riverton, recebe a visita de uma jovem realizadora que pretende fazer um filme sobre a morte trágica do poeta.
Memórias antigas e fantasmas adormecidos, há muito remetidos para o esquecimento, começam a ser reavivados. Um segredo chocante ameaça ser revelado, algo que o tempo parece ter apagado mas que Grace tem bem presente.
Passado numa Inglaterra destroçada pela primeira guerra e rendida aos loucos anos 20, O Segredo da Casa de Riverton é um romance misterioso e uma emocionante história de amor.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Império de Palha (Elisa de Mira) - Lançamento

Elisa de Mira

Decorreu ontem, dia 19 de Dezembro, pelas dezoito horas, na sala dos Leões na Câmara Municipal de Évora, o lançamento do pequeno conto da minha amiga Elisa de Mira, IMPÉRIO DE PALHA, um pequeno conto, contos de acordar - acordar para a vida - como a autora lhes chama. Um conto que fala da vida da aldeia, mas que pode bem ser a vida de qualquer sitio, que nos conta sobre a injustiça, a inveja, a ganância e o perdão.
Nem sempre são os grandes livros que tem grande conteúdo, este pequeno livro, conta-nos muito sobre a vida e o sentir das gentes dos pequenos lugares.
Foi com enorme prazer que estive presente, no lugar de apresentadora do livro. Quem me conhece sabe que não sou muito de aparecer na primeira fila, sou mais de bastidores, no entanto, aceitei o desafio e lá estive.
Foi um momento emotivo, de partilha e de apreciação da obra, comentada por Bruno Videira e por mim. Aqui vos deixo a reportagem do evento. 
O reencontro com a professora de português do secundário.


Bruno Videira ( à esquerda), Elisa de Mira ( ao centro), Lídia Craveiro ( à direita)
Momentos divertidos 

Império de Palha, exposto em palha.

Sinopse
Mestre Lucas começou a duvidar da sua sanidade mental. Quando percebeu que o sol já não projectava no solo as copas das árvores, pensou que a essa hora já os homens deviam estar preocupados com a sua ausência. Acelerou o passo, desta vez agradecido por ter uma desculpa para livrar-se da estranha visão.

A Elisa de Mira é mestre em psicologia da educação, professora de teatro, cantora com um timbre de voz inconfundível e que empresta às suas interpretações uma vida que se encontra pouco. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A Grande Solidão de Kristin Hannah - Novidade


Kristin Hannah

Sinopse
1974, Alasca. Indómito. Imprevisível. E para uma família em crise, a prova definitiva. Ernt Allbright regressa da Guerra do Vietname transformado num homem diferente e vulnerável. Incapaz de manter um emprego, toma uma decisão impulsiva: toda a família deverá encetar uma nova vida no selvagem Alasca, a última fronteira, onde viverão fora do sistema. Com apenas 13 anos, a filha Leni é apanhada na apaixonada e tumultuosa relação dos pais, mas tem esperança de que uma nova terra proporcione um futuro melhor à sua família. Está ansiosa por encontrar o seu lugar no mundo. A mãe, Cora, está disposta a tudo pelo homem que ama, mesmo que isso signifique segui-lo numa aventura no desconhecido. Inicialmente, o Alasca parece ser uma boa opção. Num recanto selvagem e remoto, encontram uma comunidade autónoma, constituída por homens fortes e mulheres ainda mais fortes. Os longos dias de verão e a generosidade dos habitantes locais compensam a inexperiência e os recursos cada vez mais limitados dos Allbright. À medida que o inverno se aproxima e que a escuridão cai sobre o Alasca, o frágil estado mental de Ernt deteriora-se e a família começa a quebrar. Os perigos exteriores rapidamente se desvanecem quando comparados com as ameaças internas. Na sua pequena cabana, coberta de neve, Leni e a mãe aprendem uma verdade terrível: estão sozinhas. Na natureza, não há ninguém que as possa salvar, a não ser elas mesmas. Neste retrato inesquecível da fragilidade e da resiliência humana, Kristin Hannah revela o carácter indomável do moderno pioneiro americano e o espírito de um Alasca que se dissipa - um lugar de beleza e perigo incomparáveis. A Grande Solidão é uma história ousada e magnífica sobre o amor e a perda, a luta pela sobrevivência e a rudeza que existe tanto no homem como na natureza.

A AUTORA

Kristin Hannah nasceu em 1960 no sul da Califórnia. Aos 8 anos a família mudou-se para Western Washington. Trabalhou em publicidade, licenciou-se em Direito e trabalhou alguns anos em advocacia, em Seattle. Quando a gravidez a obrigou a ficar de cama durante vários meses, Kristin retomou uns textos antigos que tinha escrita em parceria com a falecida mãe, que sempre dissera que ela seria escritora. O marido encorajou-a e assim que o filho nasceu, Kristin abandonou a anterior atividade profissional e dedicou-se à escrita a tempo inteiro. O primeiro êxito surgiu em 1990 e desde então que a sua profissão é escrever. A autora já publicou 19 romances. Ganhou prestigiados prémios como um "Rita Award" (Romance Writers of América) em 2004 com Between Sisters, e o National Reader's Choice. A sua obra está traduzida em várias línguas. Vive com o marido e filho na costa noroeste dos Estados Unidos






Este livro é o grande vencedor dos prémios da Goodreads. Verifique aqui.  Estou ansiosa por lê-lo! Tem uma avaliação de 4.33 e conquistou os corações dos leitores do Goodreads. 


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O Dia em que te Perdi - Opinião

Lesley Pearse


Como já afirmei por aqui algumas vezes, esta autora está no topo das minhas preferidas. Já li ( e estão na minha estante) todos os seus livros traduzidos para português. Não se deixem enganar pelas capas ( muito lindas na minha opinião) que remetem para o romance feminino, e pelos saquinhos de tule coloridos em que são vendidos. Lesley Pearse traz-nos sempre histórias profundas. 


Confesso que esperava mais deste livro, mas reconheço que a história toca todas as grandes emoções do ser humano. Lesley escreve sobre temas profundos e poderosos que transportam os leitores 
( penso que serão mais as mulheres a ler os seus livros), para o mundo do sofrimento e da resiliência. 
Este livro, quanto a mim, tem um titulo enganoso. O titulo original é mais apelativo e adequado à história. The Women in the Wood ( A mulher da Floresta), retrata a principal personagem do livro, pois, ao contrário do que o titulo da tradução portuguesa indica, não são os gémeos que protagonizam a história. 
Grace - A mulher da Floresta-,  um dia vê chegar à sua cabana isolada na floresta os dois gémeos (Masie e Duncan), recém chegados a casa da avó que vive no condado. 
A história dos irmãos, mistura-se com a de Grace, em momentos de grande sofrimento e de superação e mais não conto, para não estragar o prazer da leitura a quem pretenda ler o livro. 
O livro aborda temas como a pedofilia, o abandono, a doença mental e os rígidos costumes ingleses na educação das crianças, entre outros. 
Foi o segundo livro da autora que dei 4 estrelas, simplesmente porque não o achei genial, mas, no entanto, é uma boa leitura e traz-nos matéria para reflectir. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

"A Luz da Guerra" - Novidade

Michael Ondaatje


SINOPSE
Londres, 1945. A capital inglesa convalesce da guerra. Nathaniel, um adolescente de catorze anos, e Rachel, a sua irmã mais velha, são abandonados pelos pais, que saem do país em trabalho, deixando-os à guarda do misterioso Traça e de outros, «que podiam muito bem ser criminosos». Nathaniel irá ajudar o Flecheiro nas suas atividades ilegais, participando, em recantos furtivos do Tamisa, no transbordo de galgos vindos de França para alimentar o negócio das corridas de cães clandestinas. Com Agnes, despertará para o amor, nos iniciáticos encontros noturnos em casas desocupadas. Para Rachel, a nova vida será muito mais traumática.

Mas o excêntrico grupo que lhes frequenta a casa será aquilo que pretende fazer crer que é? E, mais importante do que isso, o que foi feito dos seus pais e, sobretudo, da mãe? Serão autênticas as razões que deu para partir? Que segredos esconde o seu passado? Anos mais tarde, um Nathaniel já adulto começa a encaixar as peças de um puzzle, que fará alguma luz sobre a atroz realidade.


O AUTOR
Escritor de nacionalidade canadiana, Michael Ondaatje nasceu a 12 de setembro de 1943, no Ceilão. De raízes étnicas holandesas e indianas, estudou em Colombo até à altura em que acompanhou a mãe quando esta se mudou para Inglaterra em 1954.

Tomou os seus estudos secundários em Londres e, assim que os concluiu, mudou-se para o Canadá, chegando à cidade de Toronto no ano de 1962. Matriculou-se então na Universidade de Toronto e, após ter conseguido o bacharelato em 1965, transitou para a Queen's University de Ontário, de onde obteve a licenciatura dois anos depois. Deu portanto início a uma carreira como professor universitário e tomou a cidadania canadiana.
Estreou-se como escritor em 1967, ao publicar uma coletânea de poemas intitulada The Dainty Monsters. Seguiram-se The Man With Seven Toes (1969) e Rat Jelly (1973) até que Ondaatje acabou por ser reconhecido ao aparecer com The Collected Works Of Billy The Kid (1970), obra que lhe valeu um prémio literário atribuído anualmente pelo governador canadiano. Repetiu esta façanha em 1979 com o trabalho There's A Trick With A Knife I'm Learning To Do (1963-78).
Em 1976 publicou o seu primeiro romance, Coming Through Slaughter, no qual contava a história de um músico de jazz da Nova Orleães dos Anos 30. A obra, vencedora de um prémio literário, foi seguida por Running In The Family (1982), obra de carácter autobiográfico, e por In The Skin Of A Lion (1987), em que Ondaatje procedia a uma reflexão sobre o fenómeno da imigração. No ano de 1992, Ondaatje publicou a obra que se veio a tornar a mais conhecida, The English Patient (O Paciente Inglês). Vencedor, entre outros galardões, do Prémio Booker, o romance descrevia uma história de amor durante o período da Segunda Guerra Mundial. Foi adaptada para o cinema e, revelando-se um enorme sucesso de bilheteira, recebeu um Óscar da Academia norte-americana na categoria de melhor filme.
Em 1999, Ondaatje tornou a despertar as atenções do público e da crítica, ao surgir com um volume de poemas intitulado Handwriting. No ano de 2000 publicou um quarto romance, Anil's Ghost, obra que revertia para as suas origens singalesas.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Novidade - Mar de Tesouros de "Nora Roberts"



As edições Harlequim trazem-nos mais um romance de Nora Roberts. Aqui fica o apontamento.

Sinopse
Kate Hardesty herdou um monte de mapas misteriosos que traçavam o caminho para um tesouro afundado.
Decidida a completar o sonho do seu pai, contrata os serviços do mergulhador KY Silver.
Mais um enredo cheio de situações inesperadas como só Nora Roberts sabe criar.

A AUTORA
Nora Roberts é considerada um verdadeiro fenómeno editorial. Desde o dia em que começou a escrever histórias a lápis, o sucesso nunca mais a largou. Muitos dos seus mais de 150 livros foram já adaptados ao cinema e estão traduzidos em cerca de 26 idiomas.
Com mais de 250 milhões de cópias dos seus livros impressas e mais de 100 livros na lista do New York Times até à data, Nora Roberts é indiscutivelmente a escritora de ficção feminina mais célebre e amada dos dias de hoje.

domingo, 18 de novembro de 2018

Origem, Dan Brown - Opinião

Dan Brown

Sinopse

Bilbau, Espanha.
Robert Langdon, professor de simbologia e iconologia religiosa da universidade de Harvard, chega ao ultramoderno Museu Guggenheim de Bilbau para assistir a um grandioso anúncio: a revelação da descoberta que «mudará para sempre o rosto da ciência.» O anfitrião dessa noite é Edmond Kirsch, bilionário e futurista de quarenta e dois anos cujas espantosas invenções de alta tecnologia e audazes previsões fizeram dele uma figura de renome a nível global.

Kirsch, um dos primeiros alunos de Langdon em Harvard, duas décadas atrás, está prestes a revelar um incrível avanço científico… que irá responder a duas das perguntas mais fundamentais da existência humana. No início da noite, Langdon e várias centenas de outros convidados ficam fascinados com a apresentação tão original de Kirsch, e Langdon percebe que o anúncio do amigo será muito mais controverso do que ele imaginava. Mas aquela noite tão meticulosamente orquestrada não tardará a transformar-se num caos e a preciosa descoberta do futurista pode muito bem estar em vias de se perder para sempre.

Em pleno turbilhão de emoções e em perigo iminente, Langdon tenta desesperadamente fugir de Bilbau. Tem ao seu lado Ambra Vidal, a elegante diretora do Guggenheim que trabalhou com Kirsch na organização daquele provocador evento. Juntos, fogem para Barcelona, com a perigosa missão de localizarem a palavra-passe que os ajudará a desvendar o segredo de Kirsch.

Percorrendo os escuros corredores de história oculta e religião extremista, Langdon e Vidal têm de fugir de um inimigo atormentado que parece tudo saber e que parece até de alguma forma relacionado com o Palácio Real de Espanha… e que fará qualquer coisa para silenciar para sempre Edmond Kirsch.

Numa viagem marcada pela arte moderna e por símbolos enigmáticos, Langdon e Vidal vão descobrindo as pistas que acabarão por conduzi-los à chocante descoberta de Kirsch… e a uma verdade que até então nos tem escapado e que nos deixará sem fôlego.

OPINIÃO

Mais uma leitura que me deixou presa ao argumento desde o inicio do livro. Ao seu estilo habitual, o autor alterna os capítulos com os pontos de vista dos personagens de uma forma que a narrativa não perde interesse. Desta vez, temos a velha questão da origem da vida. De onde vimos? Pergunta a quem o autor responde usando Kirsch, assassinado no dia em que iria fazer a revelação da sua descoberta ao mundo. Usando a ciência por oposição às religiões explica como uma irá substituir a outra e tornar-se - no ponto de vista da personagem -, a nova religião. 
O grande tema deste livro é a inteligência artificial no seu desenvolvimento mais provável, quando os computadores conseguirem "pensar" de forma autónoma suplantando os seus programadores. 
De onde vimos e para onde caminhamos?, as perguntas que vão sendo respondidas ao longo do livro, não custam muito a acreditar.
 Desde que a Websummit nos apresentou a robot Sofia e a sua inquietante entrevista que a fição ficou mais perto da realidade. 
O enredo que o autor desenvolveu e do qual Langdon é mais uma vez protagonista, fez-me acompanhar o argumento com sofreguidão. A imaginação prodigiosa do autor, leva-nos por uma viagem desde Bilbau, Dubai, Hungria, e Barcelona até à casa Milá de Gaudi e à Sagrada Família, onde vamos descobrindo as voltas e reviravoltas deste prodigioso romance policial. 

Dan Brown, é uma autor controverso e os comentários a este livro nem sempre são positivos, já li opiniões muito negativas acerca do livro. Este é o segundo livro que leio do autor e, como milhares de portugueses li o Código Da Vinci sem conseguir despegar os olhos do papel. A Origem é tão instigante quanto o Código. 

O Autor
O escritor norte-americano Dan Brown nasceu em 1965 em New Hampshire, nos Estados Unidos da América, sendo filho de um professor de Matemática e de uma intérprete de música sacra. Brown estudou no liceu local e mais tarde licenciou-se na Universidade de Amherst.
Mudou-se para Los Angeles onde tentou fazer carreira como compositor, pianista e cantor. No entanto, este plano de vida fracassou e Dan Brown acabou por ir estudar história da arte em Sevilha, em Espanha. Entretanto, a meias com a mulher, escreveu o livro 187 Men to Avoid: A Guide for the Romantically Frustrated Woman.
Em 1993 regressou a New Hampshire para se tornar professor de inglês na escola onde tinha estudado. Passados dois anos, os serviços secretos norte-americanos foram à sua escola buscar um aluno que consideravam uma ameaça nacional por ter escrito, na Internet, que era capaz de matar o presidente Bil Clinton. Dan Brown ficou tão interessado no assunto que começou a fazer pesquisas sobre a Agência Nacional de Segurança. Acabou por resultar desse interesse a escrita do seu primeiro romance Digital Fortress, que foi lançado em 1996 com algum sucesso.
Era um romance baseado na violação de privacidade e em conspirações, tendo por sustentação as novas tecnologias.
Quatro anos depois do seu romance de estreia, lançou Angels and Demons, seguindo-se em 2001 Deception Point. Finalmente, em Março de 2003, Dan Brown lançou no mercado norte-americano The Da Vinci Code (O Código Da Vinci), que logo no primeiro dia vendeu mais de seis mil exemplares, tendo-se tornado num dos livros mais vendidos de sempre em todo o mundo, com publicações em 42 línguas.
O Código Da Vinci é um romance policial que tem como protagonista um simbologista norte-americano. Através da obra de Leonardo Da Vinci, onde encontra várias mensagens codificadas, tenta arranjar provas para desvendar um segredo com centenas de anos. No livro surgem instituições como a Opus Dei e o Priorado do Sião.

A obra chegou a Portugal em 2004 e ao fim de poucos meses atingiu as onze edições. O sucesso deste livro levou a que fosse anunciada uma adaptação cinematográfica e uma sequela literária.


terça-feira, 13 de novembro de 2018

Eça de Queiroz segundo Fradique Mendes -Novidade


Sónia Louro


Sinopse
«Eu não tenho história, sou como a República do vale de Andorra», disse certo dia Eça de Queiroz. Mas nada poderia ser mais falso. Eça é uma das figuras mais fascinantes das letras portuguesas. Os seus pais ainda não haviam casado quando, em 1845, nasce na Póvoa de Varzim. Essa indiscrição levou a que tenha sido criado longe dos progenitores, abrindo-lhe um vazio no coração que o acompanhou toda a vida. Em Coimbra faz os estudos e em Lisboa inicia-se numa vida boémia, cruzando-se com figuras incontornáveis do seu tempo como Antero de Quental, Ramalho Ortigão ou Guerra Junqueiro.
Descontente com o Direito, faz uma longa e fascinante viagem pelo Oriente, e quando regressa decide enveredar pela carreira consular. Tendo sido cônsul em Havana, Inglaterra e Paris, foi acumulando dívidas embaraçosas, amigos fiéis, inimigos implacáveis e obras-primas que revolucionaram as letras portuguesas.

É esse Eça de Queiroz, homem de contrastes, mistérios e talento único, que Sónia Louro descobre e nos revela neste romance fascinante e rigoroso.


A Autora


Nasceu em 1976 em França. Desde cedo apaixonada pelas Ciências e pela Literatura, acabou por optar academicamente pela primeira, mas nunca abandonou a sua outra paixão. Licenciou-se em Biologia Marinha, mas não perdeu de vista a Literatura, à qual veio depois aliar um outro interesse: a História. Fruto desse casamento, já publicou entre nós A Vida Secreta de Dom Sebastião, O Cônsul Desobediente, A Verdadeira Peregrinação, Amália – O Romance da Sua Vida, Fernando Pessoa – O Romance, Eusébio – O Romance e ainda participou em Pulp Fiction Portuguesa, com outros autores. Sofisticada e minuciosa, é uma apaixonada pelas obras que escreve.






domingo, 11 de novembro de 2018

Kafka à Beira-Mar - Novidade

Haruki Murakami


SINOPSE
Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério.

São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, e Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa - procurar gatos desaparecidos.

Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de uma clássica e extravagante história de demanda e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo.

O AUTOR

Haruki Murakami, de quem a Casa das Letras editou Kafka à Beira-Mar (com mais de 15 mil exemplares vendidos) e Sputnik, Meu Amor, é um dos escritores japoneses contemporâneos mais divulgados em todo o mundo sendo, simultaneamente, aplaudido pela crítica, que o considera um dos «grandes romancistas vivos» (The Guardian) e a «mais peculiar e sedutora voz da moderna ficção» (Los Angeles Times).

Nasceu em Quioto, em 1949. Estudou teatro grego antes de gerir um bar de jazz em Tóquio, entre 1974 e 1981. Além de Sputnik, Meu Amor, Kafka à Beira-Mar, Dance, Dance, Dance e A Wild Sheep Chase, que recebeu o Prémio Noma destinado a novos escritores, Murakami é ainda autor, entre outros, de Hard-boiled Wonderland and the End of the World (distinguido com o prestigiado Prémio Tanizaki) e, mais recentemente, de Blind Willow, Sleeping Woman, a 

sábado, 10 de novembro de 2018

Paraíso - Novidade



Judith McNaught

SINOPSE
Eles eram jovens e sonhadores. Com apenas dezoito anos, Meredith era a herdeira da fortuna Bancroft. Matthew, de origens muito humildes, tinha uma inteligência brilhante e uma energia sem fim. Conheceram-se e apaixonaram-se. Juntos, sentiam-se capazes de conquistar o mundo. Por amor, Meredith desafiou o pai pela primeira vez.

Onze anos passaram…
Matthew mudou muito desde os seus tempos de rapazinho pobre e tímido. Longe vão os dias em que ousou apaixonar-se por Meredith. Foi um amor sem igual, que terminou abruptamente com uma indesculpável traição. Agora, Matthew é um homem poderoso e implacável. Sob o olhar atento dos média, está prestes a lançar-se sobre o império Bancroft.

Executiva de topo na empresa do pai, a solitária Meredith prepara-se para defender a todo o custo o império familiar. Mas, à medida que a tensão aumenta, tanto um como o outro se veem perturbados por memórias agridoces e perigosas tentações…

Serão eles capazes de arriscar tudo numa paixão que os destroçou no passado?

A autora
Aqui. 

domingo, 4 de novembro de 2018

Foi sem querer que te quis - Novidade


Raul Minh'Alma

Sinopse

Quando menos esperamos a vida traz-nos aquilo que tentamos rejeitar. Como era possível Beatriz ter-se apaixonado, sem querer, por Leonardo? A primeira impressão que teve dele foi a pior possível. Era um jovem rico, mal-educado e mimado. Tudo o que mais desprezava em alguém. No entanto, o avô de Leonardo, um homem sábio e profundo conhecedor da vida, viria a aproximá-los. Ao perceber a necessidade de Beatriz em reencontrar o caminho da felicidade depois de várias desilusões amorosas, ele promete dar-lhe a receita para ser feliz no amor. Um segredo escrito e guardado num envelope que ela só poderia abrir depois de cumprida uma tarefa: ajudar Leonardo a fazer as pazes com o seu passado e a tornar-se uma pessoa melhor. O que Beatriz não sabia é que esta missão iria transformar a sua própria vida para sempre.

"Foi sem querer que te quis" é o romance de estreia de Raul Minh’alma, autor bestseller de "Larga quem não te agarra" e "Todos os dias são para sempre".

Uma história arrebatadora, que nos prende da primeira à última página e que redefine o significado de amor que tínhamos até hoje.


 O AUTOR
Nasceu em 1992, é natural do Marco de Canaveses, formado em Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Começou a escrever poesia com dezassete anos e em 2011 lança o seu primeiro livro de poemas com o título Desculpe Mãe. Na altura de dar um novo passo, começou a escrever prosa e editou em 2014 o seu primeiro romance, Os Mistérios de Santiago.
Aos vinte e dois anos conclui o seu terceiro livro, uma coletânea de 500 frases que intitula de Fome, a sua primeira obra traduzida e publicada em Espanha. Ainda em 2015 edita, juntamente com mais oito autores, o livro Letras de Barriga Cheia, inserido num projeto social e cultural com o mesmo nome.
Aos vinte e quatro anos, em 2016, escreve Larga Quem Não Te Agarra, um dos livros de ficção mais vendidos em Portugal e que chegou ao Brasil em 2017. No mesmo ano, lança Todos os Dias São para Sempre confirmando-o como um autor bestseller que conquistou o coração dos portugueses.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Jogos Secretos


Hoje venho falar-vos de um dos livros que estou a escrever. Para quem leu o HOMEM DO DESERTO e me perguntou se não faria um segundo livro com o outro casal, aqui está a resposta. O segundo livro cujo titulo é JOGOS SECRETOS, aborda, mais uma vez, as relações humanas, entre duas culturas tão diferentes, e vai ter como protagonistas Ema e Hamed ( irmão de Mansur) e uma história secundária - mas não menos importante -, com um triângulo amoroso. Não vou desvendar mais, mas deixo-vos um trecho do livro para aguçar o apetite.


"Um homem de porte alto, forte, com uma cabeleira aos caracóis e uns olhos castanhos-escuros, entrou na divisão da casa ao mesmo tempo que Cármen chegava.
- Cármen! – exclamou Ema.
Cármen sorriu a Ema, estendeu-lhe as mãos, mas os seus olhos pousaram no estranho, de pé, encostado ao balcão, ao lado de Hamed.
Hamed pigarreou e olhou para o outro homem com cumplicidade enquanto as mulheres se afastavam em direção à sala.
- Quem é a beleza europeia?
- Jamal du Sud sossega! – advertiu Hamed. – Não é para o teu bico. É uma amiga de Ema que vem cuidar do Riad enquanto estamos fora…e – acrescentou – é casada com um tipo que está lá em cima – e apontou para o primeiro andar.
- Estou a ver – disse o outro em dialecto tamazight[1].
Não era a primeira mulher que chegava ali e o olhava com curiosidade, mas era certamente a primeira que lhe interessava.
Hamed olhou para o jovem berbere e anteviu problemas."




[1] Dialecto berbere falado no Atlas Central

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Whitney, Meu Amor ( OPINIÃO)

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Judith McNaught


Sinopse
Órfã de mãe e criada por um pai severo e frio, a adolescente Whitney Stone choca a sociedade inglesa do começo do século XIX com seus modos, sua espontaneidade e rebeldia.
Desde menina, ela ama o belo e aristocrático Paul, perseguindo-o em todos os lugares e inventando as mais inusitadas formas de chamar-lhe a atenção.
Enviada a Paris, ela recebe um longo treinamento para transformar-se uma mulher fina, glamourosa, irresistível. Quando retorna a Londres, está mudada, mas ainda disposta a conquistar seu amor de infância.
Porém o irascível e poderoso duque Clayton Westmoreland é quem se interessa mais vivamente pela jovem mulher. E é ele quem, por meio de artimanhas maquiavélicas, consegue levá-la ao altar.
Mas Whitney recusa-se a aceitar imposições, e está disposta a fazer tudo para livrar-se do odioso casamento. A convivência, porém, traz surpresas, e dentro de pouco tempo o duque se revela muito mais charmoso e gentil do que ela desejaria admitir.

Talvez Paul não passe de uma fantasia infantil; talvez Clayton tenha bons motivos para agir  tão brutalmente; talvez o casamento não seja um erro tão grande assim…




Este é o livro mais conhecido de Judith Mcnaught. É o segundo livro da série Westmoreland e uma relíquia preciosa entre os seus fans. Quase, porque alguns não conseguiram gostar do Clayton, um duque bem-parecido com os outros: rico, arrogante e poderoso. Este Duque, acha-se o homem mais bem-parecido à face da terra – e tem razões para tal – mas, como todos os seres humanos, tem as suas fraquezas. Claro que não vou dizer quais, não é!
Este livro teve tanto sucesso na época em que foi lançado (1985) que a autora, a pedido dos leitores, escreveu UM REINO DE SONHO, o Westmoreland 1, e depois de Whitney escreveu outro dando continuidade a este. 
Adoro romances históricos - em doses repartidas -, e confesso que não foi uma boa altura para o ler. Tinha terminado um do género e a certa altura, estava com um certo enjoo. No entanto isso não tira o mérito ao livro. Caro leitor(a), devemos repartir as nossas leituras de forma a não enjoarmos do género. Como sou uma leitora de vários géneros (histórico, policial, noir, contemporâneo entre outros), tento alternar as leituras, mas, a curiosidade face a uma escritora que eu admiro, falou mais alto.
Whitney é uma jovem completamente apaixonada pelo seu vizinho Paul, e faz as maiores trifólias para chamar a sua atenção. O seu pai decide que ela deve ir morar com os tios em Paris para que possa receber uma educação adequada. Passam anos e Whitney é a grande sensação de Paris. Sua beleza, encanto e personalidade encantam todos, até mesmo o duque Westmoreland que não recebe a atenção devida ao seu título e resolve que aquela jovem deverá ser sua esposa. Para isso ele descobre que o  pai de Whitney está falido e compra a noiva. Pede sigilo, exige que ela volte para a Inglaterra, muda-se para perto da casa dela usando um nome falso a fim de conquistá-la. Só que isso não será nada fácil, ela continua apaixonada por Paul e decidida a casar com o seu amor de adolescente.
Algumas partes do livro são cómicas, como esta que transcrevo a seguir.

"— Pode ser salteador ou até pirata, mas duque? Do mesmo modo que sou rainha — replicou.
O sorriso dele desapareceu, dando lugar a uma expressão confusa.
— Posso saber por que acha tão impossível que eu seja?
Pensando no único duque que conhecera em toda sua vida, Whitney olhou-o da cabeça aos pés.
— Em primeiro lugar, se fosse duque, usaria um monóculo — argumentou.
— Como eu poderia usar um monóculo, se estou de máscara?
— Duques não usam monóculos para ver melhor, mas por pura afetação —  declarou. — É através deles que examinam as mulheres reunidas num baile. Mas essa não é a única razão pela qual o senhor não pode ser duque. Não usa bengala, não ofega, não torce a boca com descaso e, desculpe a honestidade, não me parece que sofra de gota."
Whitney e Clayton protagonizam cenas inesquecível de amor, ciúmes, desentendimentos, encontros e desencontros.
É um livro que faz suspirar, ter raiva e amar.
Relatar mais sobre o livro é contar partes que o leitor tem que descobrir ao longo da leitura, não quero estragar as várias surpresas do livro.
É um livro que ama ou odeia.
Avaliei em  5 estrelas  na GoodReads 

Caderneta de baile

Ficha técnica

ISBN: 9789892339948Edição ou reimpressão: 09-2017Editor: Edições AsaIdioma: PortuguêsDimensões: 155 x 233 x 43 mmEncadernação: Capa molePáginas: 640Tipo de Produto: LivroClassificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance



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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há leitores


Hoje, trago-vos um tema diferente, embora relacionado com a literatura. Apesar de publicar sobretudo livros de entretenimento, para quem não me conhece, sou apaixonada pela filosofia, comunicação e tudo o que se refira ao "pensar" o ser humano. Li esta entrevista do professor Habermas, grande pensador, e não resisti a deixá-la aqui, porque vai de encontro ao que tenho pensado nos últimos tempos, sobre a leitura e o poder que ela pode ter.
Já se perguntaram porque é que a maioria dos alunos portugueses escolhe Ciências e não Letras? Sou mãe de um jovem de 15 anos que este ano optou por seguir Estudos Humanísticos, e tem ouvido "perólas" do género: que letras não serve para nada, que letras é para o desemprego entre outras coisas...
Uma sociedade que não lê, é uma sociedade que não pensa, porque não existe nada mais perigoso do que a LITERACIA.



Prestes a completar 89 anos, o filósofo vivo mais influente do mundo está em plena forma. O velho professor alemão, discípulo de Adorno e sobrevivente da Escola de Frankfurt, mantém mão de ferro em seus julgamentos sobre as questões essenciais de hoje e de sempre, que continua destilando em livros e artigos. Os nacionalismos, a imigração, a Internet, a construção europeia e a crise da filosofia são alguns dos temas tratados durante este encontro na sua casa em Starnberg


Ao redor o lago de Starnberg, a 50 quilômetros de Munique, se amontoam sucessivas fileiras de chalés de estilo alpino. A única exceção às esmagadoras doses de melancolia, madeira escura e flores nas sacadas surge na forma de um bloco branco e compacto de cantos suaves, com janelas grandes e quadradas como única concessão à sobriedade. É o racionalismo feito arquitetura no país da Heidi. A Bauhaus e sua modernidade raivosa no meio da Baviera eterna e conservadora. Uma minúscula placa branca sobre uma porta azul confirma que ali vive Jürgen Habermas (Düsseldorf, 1929), sem dúvida o filósofo vivo mais influente do mundo por sua trajetória, sua obra publicada e sua atividade frenética até hoje, quando falta um mês e meio para que complete 89 anos. Sua esposa há mais de 60 anos, a historiadora Ute Wesselhoeft, nos recebe no pequeno vestíbulo e demora apenas alguns segundos para girar a cabeça e exclamar: “Jürgen, os senhores da Espanha chegaram!”. Ambos habitam esta casa desde 1971, quando Habermas passou a dirigir o Instituto Max Planck de Ciências Sociais.

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O discípulo e assistente de Theodor Adorno, além de membro insigne da segunda geração da Escola de Frankfurt e ex-catedrático de Filosofia na Universidade Goethe de Frankfurt, avança vindo do seu escritório, uma adorável bagunça de papéis e livros em estado de caos, cujos janelões dão para uma floresta. Aperta a mão com força. É muito alto, caminha muito ereto e tem uma espetacular mata de cabelos brancos como a neve. Cumprimenta afável e convida a sentar num dos grandes sofás. O cômodo está decorado em tons brancos e areia e acolhe uma pequena coleção de arte moderna que inclui pinturas de Hans Hartung, Eduardo Chillida, Sean Scully e Günter Fruhtrunk e esculturas de Oteiza e Miró (esta última simboliza o Prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais recebido em 2003). Abre-se imponente ao visitante a biblioteca de Habermas, que aloja velhos volumes de Goethe e de Hölderlin, de Schiller e de Von Kleist, e fileiras inteiras de obras de Engels, Marx, Joyce, Broch, Walser, Hermann Hesse e Günter Grass, entre uma infinidade de escritores e pensadores.

“Não pode haver intelectuais comprometidos se já não há mais leitores a quem continuar alcançando com argumentos”

O autor de obras imprescindíveis do pensamento, da sociologia e da ciência política do século XX, como Mudança Estrutural da Esfera Pública, Conhecimento e Interesse, O Discurso Filosófico da Modernidade e Teoria da Ação Comunicativa, troca impressões com o EL PAÍS a respeito de alguns dos temas que lhe preocuparam durante seis décadas e continuam a preocupá-lo. Com uma exceção: o entrevistado preferiu evitar qualquer questão relacionada ao passado nazista de seu país e à sua própria experiência a respeito (foi membro das Juventudes Hitlerianas — por obrigação, como tantos compatriotas seus). Habermas está furioso. “Sim…, continuo furioso com algumas das coisas que ocorrem no mundo. Isso não é ruim, não é?”, brinca.

Pergunta. Professor Habermas, fala-se muito na decadência da figura do intelectual comprometido. Considera justo esse julgamento? Não é frequentemente um mero tema de conversa entre os próprios intelectuais?

 Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há leitores”
GORKA LEJARCEGI
Resposta. Para a figura do intelectual, tal como a conhecemos no paradigma francês, de Zola até Sartre e Bourdieu, foi determinante uma esfera pública cujas frágeis estruturas estão experimentando agora um processo acelerado de deterioração. A pergunta nostálgica de por que já não há mais intelectuais está mal formulada. Eles não podem existir se já não há mais leitores aos quais continuar alcançando com seus argumentos.

“A única forma de fazer frente às ondas mundiais de emigração seria combater suas causas econômicas nos países de origem”

P. É possível pensar que a Internet acabou por diluir essa esfera pública que antes talvez fosse garantida pela grande mídia tradicional e que isso afetou a repercussão dos filósofos e dos pensadores?

R. Sim. Desde Heinrich Heine, a figura histórica do intelectual ganhou importância junto com a esfera pública liberal em sua configuração clássica. No entanto, esta vive de certos pressupostos culturais e sociais inverossímeis, principalmente da existência de um jornalismo desperto, com meios de referência e uma imprensa de massa capaz de despertar o interesse da grande maioria da população para temas relevantes na formação da opinião pública. E também da existência de uma população leitora que se interessa por política e tem um bom nível educacional, acostumada ao processo conflitivo de formação de opinião, que reserva um tempo para ler a imprensa independente de qualidade. Hoje em dia, essa infraestrutura não está mais intacta. Talvez, que eu saiba, se mantenha em países como Espanha, França e Alemanha. Mas também neles o efeito fragmentador da Internet deslocou o papel dos meios de comunicação tradicionais, pelo menos entre as novas gerações. Antes que entrassem em jogo essas tendências centrífugas e atomizadoras das novas mídias, a desintegração da esfera populacional já tinha começado com a mercantilização da atenção pública. Os Estados Unidos com o domínio exclusivo da televisão privada é um exemplo chocante disso. Hoje os novos meios de comunicação praticam uma modalidade muito mais insidiosa de mercantilização. Nela, o objetivo não é diretamente a atenção dos consumidores, mas a exploração económica do perfil privado dos usuários. Roubam-se os dados dos clientes sem seu conhecimento para poder manipulá-los melhor, às vezes até com fins políticos perversos, como acabamos de saber pelo escândalo do Facebook.

P. O senhor acredita que a Internet, para além de suas indiscutíveis vantagens, criou uma espécie de novo analfabetismo?

R. O senhor se refere às controvérsias agressivas, às bolhas e às histórias falsas de Donald Trump em seus tuítes. Deste indivíduo não se pode dizer sequer que esteja abaixo do nível da cultura política de seu país. Trump baixa esse nível constantemente. Desde a invenção do livro impresso, que transformou todas as pessoas em leitores potenciais, foi preciso passar séculos até que toda a população aprendesse a ler. A Internet, que nos transforma todos em autores potenciais, não tem mais do que duas décadas. É possível que com o tempo aprendamos a lidar com as redes sociais de forma civilizada. A Internet abriu milhões de nichos subculturais úteis nos quais se troca informação confiável e opiniões fundamentadas. Pensemos não só nos blogs de cientistas que intensificam seu trabalho acadêmico por este meio, mas também, por exemplo, nos pacientes que sofrem de uma doença rara e entram em contato com outra pessoa na mesma condição em outro continente para se ajudar mutuamente com conselhos e experiências. Sem dúvida, são grandes benefícios da comunicação, que não servem só para aumentar a velocidade das transações na Bolsa e dos especuladores. Sou velho demais para julgar o impulso cultural que as novas mídias vão gerar. O que me irrita é o fato de que se trata da primeira revolução da mídia na história da humanidade que serve antes de tudo a fins econômicos, e não culturais.

P. No cenário hipertecnologizado de hoje, onde triunfam os saberes úteis, por assim dizer, qual o papel e sobretudo qual o futuro da filosofia?

R. Veja, sou da antiquada opinião de que a filosofia deveria continuar tentando responder às perguntas de Kant: o que é possível saber? O que devo fazer? o que me cabe esperar? E o que é o ser humano? No entanto, não tenho certeza de que a filosofia, como a conhecemos, tenha futuro. Atualmente segue, como todas as disciplinas, a corrente no sentido de uma especialização cada vez maior. E isso é um beco sem saída, porque a filosofia deveria tentar explicar o todo, contribuir para a explicação racional de nossa forma de entender a nós mesmos e ao mundo.

P. O que resta de sua orientação marxista? Jürgen Habermas continua sendo um homem de esquerda?


R. Estou há 65 anos trabalhando e lutando na universidade e na esfera pública em favor de postulados de esquerda. Se há 25 anos advogo pelo aprofundamento político da União Europeia, faço isso com a ideia de que apenas esse regime continental poderia domar um capitalismo que se tornou selvagem. Jamais deixei de criticar o capitalismo, nem tampouco de ter consciência de que não bastam diagnósticos vagos. Não sou desses intelectuais que atiram a esmo.

P. Kant + Hegel + Iluminismo + marxismo desencantado = Habermas. Essa equação é suficiente para resolver o “x” de sua ideologia e pensamento?

R. Se é preciso expressá-los de forma telegráfica, estou de acordo, apesar de ainda faltar uma pitada da dialética negativa de Adorno...

P. O senhor cunhou em 1986 o conceito político do patriotismo constitucional, que hoje soa quase medicinal diante de outros supostos patriotismos de hino e bandeira. É muito mais difícil exercer o primeiro do que o segundo, não?

R. Em 1984, pronunciei uma conferência no Congresso espanhol a convite de seu presidente, e no fim fomos comer em um restaurante histórico. Ficava, se não me engano, entre o Parlamento e a Porta do Sol, na calçada da esquerda. Seja como for, durante a conversa animada com nossos impressionantes anfitriões — muitos deles eram colegas socialdemocratas que tinham participado da redação da nova Constituição do país —, minha esposa e eu nos inteiramos de que nesse lugar tinha acontecido a conspiração para preparar a proclamação da Primeira República espanhola de 1873. Ao saber disso, experimentamos uma sensação totalmente diferente. O patriotismo constitucional exige um relato apropriado para que tenhamos sempre presente que a Constituição é a conquista de uma história nacional.

P. E nesse sentido o senhor se considera um patriota?

R. Me sinto patriota de um país que, finalmente, depois da Segunda Guerra Mundial, deu à luz uma democracia estável, e ao longo das décadas subsequentes de polarização política, uma cultura política liberal. Hesito em declarar isso e, de fato, é a primeira vez que faço isso, mas nesse sentido sim, sou um patriota alemão, além de um produto da cultura alemã.

P. De que cultura alemã? Só há uma ou há culturas alemãs?

R. Sinto-me orgulhoso dessa cultura também em relação à segunda ou terceira geração de imigrantes turcos, iranianos, gregos, ou de onde quer que tenham chegado, que aparecem de repente na esfera pública como cineastas, jornalistas e os apresentadores de televisão mais fabulosos; como executivos e os médicos mais competentes, ou como os melhores literatos, políticos, músicos e professores. Tudo isso constitui uma demonstração palpável da força e da capacidade de regeneração de nossa cultura. A rejeição agressiva dos populistas de direita contra as pessoas sem as quais essa demonstração teria sido impossível é uma bobagem.

P. Acredito que o senhor prepara um novo livro sobre a religião e sua força simbólica e semântica como remédio para certas lacunas da modernidade. Pode nos contar um pouco desse projeto?

R. Bem, na verdade este livro não fala tanto de religião, mas de filosofia. Espero que a genealogia de um pensamento pós-metafísico desenvolvido a partir de um discurso milenar sobre a fé e o conhecimento possa contribuir para que uma filosofia progressivamente degradada como ciência não esqueça sua função esclarecedora.

P. Falando de religiões e de guerra de religiões e culturas, levando-se em conta o atual nível de intransigência e os fundamentalismos de todo tipo, o senhor acredita que rumamos para um choque de civilizações? Será que já estejamos imersos nele?

R. Em minha opinião, essa tese é totalmente equivocada. As civilizações mais antigas e influentes se caracterizaram pelas metafísicas e as grandes religiões estudadas por Max Weber. Todas elas têm um potencial universalista, e por isso se construíram sobre a base da abertura e da inclusão. A verdade é que o fundamentalismo religioso é um fenómeno totalmente moderno. Remonta à alienação social que surgiu e continua surgindo em consequência do colonialismo, da descolonização e da globalização capitalista.

P. O senhor escreveu certa ocasião que a Europa deveria fomentar um islã ilustrado e europeu. Acredita que isso esteja ocorrendo?

R. Na República Federal Alemã nos esforçamos por incluir em nossas universidades a teologia islâmica, de forma que possamos formar professores de religião em nosso próprio país e não tenhamos de continuar importando-os da Turquia ou de outros lugares. Mas, na essência, esse processo depende de conseguirmos integrar verdadeiramente as famílias imigrantes. No entanto, isso nem de longe é suficiente para conter as ondas mundiais de imigração. A única maneira de enfrentar isso seria combater as causas económicas nos países de origem.

P. E como se faz isso?

R. Não me pergunte como se faz isso sem mudanças no sistema económico mundial do capitalismo. É um problema de séculos. Não sou especialista, mas leia o livro de Stephan Lessenich Die Externalisierungsgesellschaft [A sociedade da externalização] e verá que a origem das ondas que agora refluem para a Europa e o mundo ocidental está exatamente nisso.

P. “A Europa é um gigante económico e um anão político.” Assinado: Jürgen Habermas. Nada parece ter ficado melhor depois do Brexit, dos populismos e extremismos, dos movimentos nazistas, das tentativas nacionalistas de separação da Escócia e Catalunha...

R. A introdução do euro dividiu a comunidade monetária em norte e sul, em vencedores e perdedores. A causa é que as diferenças estruturais entre as regiões económicas nacionais não podem ser compensadas se não se avança no sentido da união política. Faltam válvulas, como por exemplo a mobilidade em um mercado de trabalho único ou um sistema de segurança social comum, e faltam competências europeias para uma política fiscal comum. A isso se acrescenta o modelo político neoliberal incorporado aos tratados europeus, que reforça mais ainda a dependência dos Estados nacionais em relação aos mercados globalizados. O elevado desemprego juvenil nos países do sul é um escândalo absurdo. A desigualdade aumentou em todos os nossos países e erodiu a coesão populacional. Os que conseguem se adaptar aderem ao modelo económico liberal que orienta a ação em benefício próprio; entre os que se encontram em situação precária, espalha-se os medos regressivos e as reações de ira irracionais e autodestrutivas.

P. O senhor acompanha de perto o problema catalão? Qual a sua opinião e diagnóstico?

R. Realmente qual é o motivo de um povo culto e avançado como a Catalunha desejar estar sozinha na Europa? Não entendo. Me dá a sensação de que tudo se reduz a questões económicas... Não sei o que vai acontecer. O que lhe parece?

P. Acredito que pensar em isolar politicamente uma população de cerca de dois milhões de pessoas com aspirações independentistas não é realista. E sem dúvida não é simples...

R. Sem dúvida é um problema, sim. É muita gente.

Jürgen Habermas fala com muita dificuldade, pois nasceu com fissura labiopalatina. Uma pequena tragédia pessoal para alguém cuja missão filosófica primordial sempre foi valorizar a linguagem e a dimensão social e comunicativa do homem como remédio de tantos males (tudo isso compilado em sua célebre Teoria da ação comunicativa). O velho professor se mostra realista e resignado quando, olhando pela janela, sussurra: “Já não gosto dos grandes auditórios nem dos grandes salões. Não entendo bem as coisas. Há uma cacofonia que me desespera”.

P. Professor, o senhor considera os Estados-nação mais necessários do que nunca ou, pelo contrário, acredita que de alguma forma estão superados?

R. Hum, talvez não devesse dizer isso, mas considero que os Estados-nação foram algo em que quase ninguém acreditava mas que precisaram ser inventados em seu tempo por razões eminentemente pragmáticas.

P. Sempre culpamos os políticos pelo fracasso da construção europeia, mas nós, cidadãos comuns da UE, não temos nossa parcela da culpa? Nós, europeus, realmente acreditamos na europeidade?

R. Vejamos... Até agora as lideranças políticas e os governos levaram adiante o projeto de maneira elitista, sem incluir as populações dos países nessas questões complexas. Tenho a impressão de que sequer os partidos políticos e os deputados dos Parlamentos nacionais se familiarizaram com a complicada matéria da política europeia. Sob o lema “mamãe cuida do seu dinheiro”, Merkel e Schäuble protegeram durante a crise, de forma verdadeiramente exemplar, suas medidas contra a esfera pública.

P. A Alemanha conserva uma vocação de liderança europeia? A Alemanha confundiu às vezes liderança com hegemonia? E a França? Que papel deve desempenhar o país liderado por seu querido presidente Macron?

R. Seguramente, o problema foi, na verdade, que o Governo federal alemão sequer teve o talento ou a experiência de uma potência hegemónica. Do contrário teria sabido que não é possível manter a Europa unida sem levar em conta os interesses dos demais Estados. Nas duas últimas décadas, a República Federal agiu cada vez mais como uma potência nacionalista no terreno económico. No que se refere a Macron, continua tentando persuadir Merkel de que é preciso pensar em sua imagem com vistas aos livros de história.

P. Que papel o senhor acredita que a Espanha pode desempenhar na melhoria da construção europeia?

R. A Espanha simplesmente tem de respaldar Macron.

P. Em artigos recentes o senhor defendeu com paixão a figura do presidente Macron que, veja só, é filósofo como o senhor. O que mais o atrai nele? Acredita que é um bom político por ser filósofo?

R. Por Deus, nada de governantes filósofos! No entanto, Macron me inspira respeito porque, no cenário político atual, é o único que se atreve a ter uma perspectiva política; que, como pessoa intelectual e orador convincente, persegue as metas políticas acertadas para a Europa; que, nas circunstâncias quase desesperadas da contenda eleitoral, demonstrou valor pessoal e que, até agora, em seu cargo de presidente, faz o que disse que ia fazer. E em uma época de perda de identidade política paralisante, aprendi a apreciar essas qualidades pessoais contrárias às minhas convicções marxistas.

P. No entanto, é impossível no momento saber qual é a ideologia dele... caso exista.

R. Sim, tem razão. Até o momento continuo sem ver claramente que convicções estão por trás da política europeia do presidente francês. Gostaria de saber se pelo menos é um liberal de esquerda convicto, e isso é o que espero.

Esta entrevista, que se pode realizar graças à colaboração do professor e escritor Daniel Innerarity, é um cruzamento de caminhos entre respostas oferecidas por escrito e trocas de impressões durante aquela manhã em Starnberg. Quando a conversa terminou, o único sobrevivente da segunda Escola de Frankfurt desapareceu de repente atrás da porta da cozinha de sua casa. Voltou com um sorriso cúmplice no rosto, trazendo uma garrafa de Rioja em uma mão e uma de Riesling na outra. Espanha e Alemanha, juntas na casa de Habermas.


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