sábado, 28 de março de 2015

Dicas para escrever um romance



Escrever um romance é mais simples do que imagina. Em primeiro lugar convém estudar técnicas de escrita criativa, embora muitos escritores nunca o tenham feito e sejam autores de sucesso. Há imensos livros e cursos que ensinam a escrever, mas o que faz um bom escritor de romances é ser um leitor “obsessivo”.
Em média escrevo uma hora por dia, mas desde que me lembro que devoro livros de todos os géneros literários. Quando um dia (devia ter uns quinze anos) disse numa aula de português que já lera “ O vermelho e o Negro” de Stendal, o professor sorriu duvidando de mim e os colegas acharam que eu devia ser um crânio. Mas este post não é para falar sobre minhas experiências pessoais. Então, se você é um leitor ávido, já leu diversos estilos de autores, e tem imaginação, comece por colocar as ideias que lhe vão surgindo no papel. Como? Compre um daqueles caderninhos que servem para anotações (alguns têm um elástico que envolve o livro e tem capas muito bonitas) e faça um título: ideias para livros. Mais tarde pode socorrer-se delas para escrever um livro. Uma discussão que assista na rua, um artigo de jornal, uma cena na praia, uma conversa que apanhou no ar no restaurante, podem servir para construir um enredo.
Construa o seu enredo em torno das decisões que você deseja que o seu protagonista tome e estruture o livro como se fosse uma montanha-russa. Deve ser uma viagem física que obriga o leitor a experimentar uma série de emoções. Depois mantenha uns capítulos mais tranquilos para depois voltar a crescer até atingir o climax do enredo, o ponto onde já aconteceu tudo. Mantenha-o simples. Conte a história. Certifique-se de que você tem um início claro meio e fim.
Há quem construa a ideia original no pensamento e escreva sem qualquer plano. Pessoalmente como já disse noutros artigos esquematizo todo o livro, até para ser mais fácil alterar aspectos da história e dos personagens.
Use a sua empatia para escrever, o que lhe vai no coração.
Comece o seu romance no final da história de fundo que você criou. Comece com um momento incitação de tirar o fôlego. Algo deve acontecer que leva a uma revelação de um fato chocante, uma visão surpreendente, ou uma perspectiva única. A posição do protagonista deve mudar e ele ou ela precisa de agir ou reagir. Mova a sua história para a frente. Não olhe para trás.
Incluir apenas as partes mais importantes da história. Seu romance é muito parecido com um pacote destaques de um episódio na vida de uma pessoa. Recorte as partes chatas. Mova-se de uma cena emocionante para outra. Lembre-se sempre o fim. Onde você está levando seus personagens? Você deve mantê-los no caminho certo para chegar ao objectivo que delineou. Se você não fizer isso, você corre o risco de perder seus leitores ao longo do caminho.
Use a linguagem corporal. Use descrições simples, com muitos detalhes sensoriais. Descreva através dos sentidos. Mostre, não diga. Claro que esta técnica leva tempo a treinar. Aproveite as revisões do livro para corrigir aspectos que estão menos bem. Corte frases, palavras e até cenas e pensamentos se forem excessivos para a história.
Retire o excesso de gírias e palavras de ordem a partir do seu manuscrito. Palavras que parecem tão 'com ela' agora, vai envelhecer o seu livro no prazo de um ano.
Limite o uso de técnicas de ponto de vista enigmático. Demasiado enigma aborrece o leitor, mas mantenha o suspense. Crie ganchos para o capítulo seguinte.  
Nunca deixe o seu protagonista continuar a ser uma vítima por muito tempo. Um protagonista impotente não é uma boa ideia. A maioria dos leitores identificam-se com protagonistas fortes e combativos, querem ler sobre personagens que fazem a diferença.
Coloque sempre um antagonista forte (ou vários) para que o romance não seja apenas água com açúcar. Explore as motivações humanas, os segredos mais escondidos, tabus sociais e dê ao seu romance um lugar na literatura. Não se preocupe se o acusarem de escrever romance de cordel ou literatura menor, o que interessa é que se diverte a escrever.
Defina a sua imagem de marca, pode ser um pseudónimo, que separa as várias actividades profissionais que pode ter. O nome do autor é uma marca, seja o seu nome verdadeiro seja um pseudónimo. Não escreva biografias longas sobre si, diga apenas o essencial. Crie o seu estilo de escrita, e não tente imitar outros, embora lhe possam servir de modelo.
Não prolongue o final do livro. Uma vez que o conflito que começou a história está desvendada, deixe os seus personagens e os seus leitores continuar com suas vidas.

Reveja o livro pelo menos três vezes e tenha em atenção que a primeira versão é isso mesmo, um texto pronto para ser limado. Procure emendar erros de ortografia, construa melhor as personagens, corte palavras desnecessárias. Veja que tipo de palavras você usa com frequência e não fazem falta no texto e, por último, antes de publicar peça a alguém que leia e corrija. Se puder pagar a um revisor melhor, ou socorra-se de amigos e familiares.

Agradeço a quem me visita aqui e a quem compra e lê os meus livros. 



domingo, 22 de março de 2015

A REVISÃO DO LIVRO

Imagem retirada do google

Depois de alguns meses de trabalho ali está o resultado do seu empenho: o seu livro está acabado. E agora?
 Ah, revisão! Aquele processo que quase todos os escritores detestam, mas que é fundamental, mesmo para quem vai tentar a sorte nas editoras convencionais. Confesso que também não era a minha parte favorita do processo de escrita, mas aprendi a gostar e hoje divirto-me imenso quando faço a revisão, é como se estivesse dentro da história, não como escritora, como leitora. A parte mais difícil já está concluída, é uma primeira versão do livro. Podemos dizer que é uma versão tosca e a precisar de ser retocada em vários sentidos.

Se acabou o seu romance deixe-o repousar várias semanas antes de o trabalhar outra vez. Distanciar-se do que escreveu permiti-lhe ver os erros, as incongruências de datas e até de nomes, e outros aspectos que numa segunda leitura vai perceber melhor.
Se publica na amazon (como eu) descarregue o template formatado da plataforma da createspace.com com o formato (6x9) o mais usual e que deixa um livro bem atractivo e transfira o ficheiro Word onde trabalhou para o template. Faça  as revisões a partir desse documento. Não se esqueça que tem que formatar outro ficheiro para a versão Kindle, as versões da createspace não costumam dar bons ebooks, desformata o texto e dá um livro de má qualidade.

Pronto para começar a revisão? Vamos a isso! Atenção que esta é apenas a primeira revisão que pode ser feita no ficheiro definitivo para a amazon.
Comece a ler e veja se as frases estão bem construídas; emende os erros; veja se não há outra forma mais simples de descrever alguma cena; marque os lugares que fazem você rir ou chorar. Confesso quando fiz as revisões de Anna e Gabrielle, chorei. Marque onde você está entediado ou confuso ou onde as palavras são repetidas e muito juntos e modifique o texto.
Observe se muitas frases começam sempre com a mesma palavra e substitua por sinónimos; se não há descrição insuficiente ou excessiva dos lugares e paisagens, ou se você tem poucos diálogos.
Veja se você usou palavras excessivas. Utilize parágrafos curtos, ninguém tem paciência para ler um parágrafo com dez linhas.
Chegou ao fim da primeira revisão? Guarde o texto mais uma semana e volte a fazer o mesmo processo, vai verificar que encontra sempre erros e frases que pode modificar, isto quando não tem que incrementar as personagens ou acrescentar/tirar algum aspecto. Corte o que não é necessário. Se pode explicar em cinco palavras não use vinte, isso torna-se massador para quem lê. 
Volte a fazer o processo pelo menos três vezes. É aborrecido? Pois é, a menos que você possa pagar a um revisor (é muito caro), tem mesmo que o fazer.
Se você tem amigos em cuja opinião confia, este é um bom momento para lhes pedir que leiam e façam uma revisão ao texto. Imprima o texto e peça a um amigo que assinale os erros, e as áreas que não estão perceptíveis.

Volte a rever o texto e veja se há buracos no enredo, se os capítulos tem mais ou menos o mesmo número de cenas, se está a desvendar o mistério cedo demais, se as cenas são demasiado paradas e não acrescentam nada ao enredo, se os personagens estão bem construídos de acordo com a biografia que fez previamente; e corte todas as palavras que não fazem falta.
Se passadas algumas semanas de todo este trabalho, você ler o seu romance e se divertir com a leitura, provavelmente as outras pessoas também se vão divertir e o livro está pronto para ser lançado nas plataformas que você quiser. Ou quem sabe concorrer a algum prémio literário se achar que tem qualidade para isso.




sexta-feira, 13 de março de 2015

O ponto de vista na escrita criativa


Seleccionar o ponto de vista do narrador é uma das decisões mais importantes a tomar, antes de começar a escrever um romance. Existem três possibilidades: o narrador na primeira pessoa (um “eu” conta a história do ponto de vista da personagem), o de segunda pessoa (é muito raro) e o de terceira pessoa (o mais comum). Destas três hipóteses o narrador na primeira pessoa é talvez o que mais envolve o leitor, sobretudo quando é também o protagonista da acção. Nestes casos, sofre-se, ri-se ou sonha-se com a personagem. O leitor consegue vestir a sua pele. O narrador na terceira pessoa, o mais comum, pode adoptar o ponto de vista de várias personagens ao longo do romance e, podemos afirmar que é quase omnipotente.
Mas como encontrar um estilo próprio? Será possível resistir à influência dos seus escritores preferidos, aqueles que você admira e leu todos os seus livros? Quando se começa a escrever é natural tentar uma imitação, mas ao fim de algum tempo se o escritor não se libertar dessa amarra, não consegue criar o seu próprio estilo. Portanto não despreze os seus escritores favoritos, aqueles com que aprendeu a arte, mas vire-lhes as costas no bom sentido e seja você próprio. Isso não significa deitar fora os autores que ama. Respeite-os escrevendo da melhor forma possível: sendo você próprio, no seu estilo.
É certo que todos os escritores tem um modelo que seguem, a originalidade é algo que é discutível, cria-se através do vemos e lemos, e não há mal nenhum em ter um estilo mais parecido com este ou outro escritor, é diferente de copiar o estilo do outro. Outro preconceito que existe é precisamente o da originalidade. Há quem olhe os escritores de romances como se fossem um estilo menor da literatura, sobretudo se forem histórias de amor. E quem mal tem uma boa história de amor? Nenhum é claro. Portanto se escreve romances não ligue a pretensos seguidores de Saramago ou outros do género ( a quem prezo muito) que dizem que andam todos a escrever o mesmo ( os escritores de romances), porque se escreve o que gosta, decerto haverá quem o leia. Boa escrita.


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domingo, 8 de março de 2015

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


História do 8 de março

No Dia 8 de Março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de Março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objectivo da Data

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objectivo é discutir o papel da mulher na sociedade actual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Deixo-vos aqui um livro ao qual já fiz referência e que fala da luta das mulheres operárias. Um livro da escritora Kate Alcott. 



sábado, 7 de março de 2015

Dez coisas a saber sobre a personagem principal.

"As palavras que nunca te direi" de Nicolas Sparks

Quando o leitor pega num livro para decidir se o compra, em primeiro lugar vai tentar saber qual é o tema da história e quem é a personagem principal. Só depois de vislumbrar – porque se trata apenas de um pequeno vislumbre – é que toma uma decisão. Muitas das críticas que tenho lido nas lojas da amazon, prendem-se quase sempre com enredos mal construídos e personagens fracas. Os leitores não perdoam, se gostam compram e fazem boas avaliações (entre 3 estrelas e 5), se não gostam dão 1. Acontece que já vi críticas que apenas destilavam fel, sem qualquer tipo de argumento válido. Há quem goste de destruir, no entanto convença-se que não vai só obter críticas boas e, se tiver algumas menos boas, também é sinal para o comprador futuro que elas são autênticas. Mas este post não é sobre críticas, é sobre a personagem principal do livro. Em primeiro lugar deve construir pelo menos um minibiografia da personagem principal, deixando em aberto futuras inclusões de características de personalidade. Seja fiel ao que pensou para a personagem, e para ter a certeza que ela corresponde aquilo que pensou e que os leitores vão entender quem é ela, socorra-se sempre dos leitores beta. O site Wattpad é óptimo para ter feed back sobre os seus livros. Deixo-vos aqui alguns pontos importantes sobre a personagem e que devem ficar claros no livro.

1. Quantos anos têm a personagem? E quantos anos ela possui mentalmente? Ela é uma mulher de 40 anos no corpo de uma garota de dezasseis anos de idade, ou vice-versa?)

2. Ela teve uma infância feliz? Por quê? Não. Por que não?

3. Passado / presente. Relacionamentos? Como a afectaram?

4. O que ela gosta? Quais são os seus hobbies?

5. A personagem está obcecada com alguém ou alguma coisa?

6. Qual o seu maior medo?

7. Qual foi a melhor coisa que já lhe aconteceu? E a pior?

8. Qual a coisa mais embaraçosa que já lhe aconteceu?

9. Qual o seu maior segredo?

10. Qual a palavra ou palavras, que melhor definiriam a personagem.

Não se esqueça que o leitor adora personagens fortes que possa amar, mas também odiar. Boa escrita.