sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Apresentando o cigano " Juan de Morel" do romance " Jardins de Luar"

Imagem retirada da internet

Apresentando o cigano " Juan de Morel" do romance " Jardins de Luar" 
(...)Juan de Morel reúne tanta beleza máscula como malvadez. O dia em que soube ser filho de um conde jurou vingar-se de todos os homens de posses. Não suportava a rejeição a partir desse dia e, tudo faria para se vingar de quem o desprezasse. 
- Então morgado! Passe para cá a bolsa com o dinheiro. Já esperei demais. 
- Primeiro a minha filha. – disse com a voz a tremer-lhe. 
A mentira era por demais evidente. Não trazia o dinheiro e também não estava muito preocupado com a filha. 
- Ora homem! Todos sabem que não quer saber da sua linda filha! Passe para cá. – e estendeu a mão à espera de receber o dinheiro.
O gesto do cigano pôs o morgado de sobreaviso. Aproximou a mão da pistola presa no cós das calças – tapada pela casaca de fazenda castanha- e, deu um passo atrás; as gotas de suor escorreram pela fronte com mais intensidade. Sentia os dedos a escorregarem uns nos outros e o medo fê-lo soltar alguma flatulência fruto do repasto da noite anterior. Esta bota dificilmente a descalçava com tanta facilidade como tinha feito com outros assuntos relacionados com a sua avareza.(...) 

A imagem é meramente ilustrativa e foi retirada da internet.

Apresentando o cigano " Juan de Morel" do romance " Jardins de Luar"

Imagem retirada da internet

Apresentando o cigano " Juan de Morel" do romance " Jardins de Luar" 
(...)Juan de Morel reúne tanta beleza máscula como malvadez. O dia em que soube ser filho de um conde jurou vingar-se de todos os homens de posses. Não suportava a rejeição a partir desse dia e, tudo faria para se vingar de quem o desprezasse. 
- Então morgado! Passe para cá a bolsa com o dinheiro. Já esperei demais. 
- Primeiro a minha filha. – disse com a voz a tremer-lhe. 
A mentira era por demais evidente. Não trazia o dinheiro e também não estava muito preocupado com a filha. 
- Ora homem! Todos sabem que não quer saber da sua linda filha! Passe para cá. – e estendeu a mão à espera de receber o dinheiro.
O gesto do cigano pôs o morgado de sobreaviso. Aproximou a mão da pistola presa no cós das calças – tapada pela casaca de fazenda castanha- e, deu um passo atrás; as gotas de suor escorreram pela fronte com mais intensidade. Sentia os dedos a escorregarem uns nos outros e o medo fê-lo soltar alguma flatulência fruto do repasto da noite anterior. Esta bota dificilmente a descalçava com tanta facilidade como tinha feito com outros assuntos relacionados com a sua avareza.(...) 

A imagem é meramente ilustrativa e foi retirada da internet.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

"MEUS PAIS, MEUS ESPELHOS" GRÁTIS EM EBOOK NA AMAZON.BR NO DIA 30


Este é um livro vocacionado para pais de primeira viagem. Uma forma simples de abordar alguns aspectos do desenvolvimento emocional infantil, fundamental para um crescimento saudável. A autora está promovendo de forma gratuita, hoje, na amazon,br, em ebook. Aproveite!


"MEUS PAIS, MEUS ESPELHOS" GRÁTIS EM EBOOK NA AMAZON.BR NO DIA 30


Este é um livro vocacionado para pais de primeira viagem. Uma forma simples de abordar alguns aspectos do desenvolvimento emocional infantil, fundamental para um crescimento saudável. A autora está promovendo de forma gratuita, hoje, na amazon,br, em ebook. Aproveite!


sábado, 25 de outubro de 2014

Escrita criativa - ideias e temas.

Os romances têm inícios breves e os enredos não saltam para a mente completamente delineados. Para despoletar a imaginação é necessário ter uma ideia que garanta uma história possível de desenvolver. Vou dar como exemplo, uma ideia que me surgiu ontem. Por associação de pensamentos sobre um determinado caso, achei que determinado personagem, teria consistência para desenvolver mais uma história de vida, que descrevesse as emoções e a forma como cada um se organiza perante a vida e os desafios que ela lhe coloca. Peguei no meu caderninho - que me acompanha sempre - e, delineei o tema, as duas personagens principais e a ideia do que queria transmitir. Nada me surgiu por acaso, foi baseado em algo que ouvi e, achei que podia dar um romance. Ficou registado para projectos futuros. 

Este processo de escolha de temas ou ideias é completamente subjectivo: o que prende a atenção de uma pessoa, pode deixar a outra completamente indiferente. Dou o exemplo dos dois romances que publiquei neste ano. O primeiro, "Gabrielle", é baseado numa história de vida e no meu entender, algo de desperta a atenção das pessoas. Apesar de ter mais avaliações positivas, não têm tido a mesma procura que o outro. Porquê? Porque leva a pensamentos mais profundos e dolorosos, porque é um drama e porque fala de uma criança. O outro " Brincos de Princesa", mais leve, contemporâneo, cujo acção começa no Dubai, é muito mais procurado e as vendas são o triplo do primeiro. Portanto, as escolhas de temas e o processo de seleção é pessoal, depende dos interessas de cada um. 

PRIMEIRAS IDEIAS
A maioria das ideais vêm de muitas fontes e revelam-se ao autor na sua vida quotidiana, na rua, no centro comercial, na praia, em viagem - o meu caso- , nas diversas profissões que os autores possam ter para além da escrita...eis algumas das fontes mais vulgares das primeiras ideias:

Relações humanas - as pessoas têm que viver umas com as outras e este facto pode trazer uma panóplia de situações causadoras de stress entre os membros de uma familia, vizinhos, amigos, casais, filhos...Os diferentes modos de vida, personalidades e educações diferentes, gostos, ambições, aversões, doenças, desamores, convições religiosas, diferenças culturais, tudo serve para criar uma ideias. O conflito e a agressividade fazem parte da natureza humana e, no romance dá uma possibilidade a tender par o infinito na criação de personagens.  

Conversas ouvidas por acaso - fragmentos de conversas, escutar às portas abertas por descuido, fragmentos de conversas apanhadas na rua, no autocarro, artigos de opinião...tudo serve, dependendo do autor. 

Acontecimentos da vida real - as noticias dos jornais são uma boa fonte de informação para quem gosta de escrever sobre casos reais, crimes, incesto, roubos, tudo, transformado devidamente pode dar uma boa história. 

Experiências pessoais - todos os escritores, escrevem sobre o que conhecem, ou seja, sobre as suas experiências. Quando lemos um livro estamos a encontrar-os, de alguma forma, com o escritor. É impossível escrever sobre o que não é conhecido. Pode-se ( e deve-se) fazer pesquisa, mas se não existir conhecimento sobre a vida é impossível escrever sobre a matéria. 

Acontecimentos do passado - há sempre qualquer coisa que vem do passado, do próprio ou do outro e que pode ser projectado na actualidade. Ninguém pode escapar às influencias do passado, foi ele que possibilitou a chegada ao presente e, à sua sombra, chegará ao futuro. Outro passado que têm sido matéria de muitos romances é o passado histórico. Vidas de nobres e reis romanceadas tem dados excelentes livros. O meu ultimo livro " Jardins de Luar" é baseado num passado histórico de passagem de tradição oral - histórias, lendas e costumes, que ouvi  falar aos meus avós - ao qual acrescentei um par romântico, mas na realidade fala duma época da vida do Alentejo em que ainda existem traços na biologia humana, nas populações actuais. Estou a falar no cruzamento de brancos do alentejo com escravos negros. 

Lugares - as paisagens, os bosques, os rios, os jardins e, principalmente as casas transportam-nos muito para além do que os olhos vêem. Pessoalmente recolho muita informação em passeios e viagens que faço pelo mundo. 

Fonte ( Guia técnico de Escrita Criativa de Isabel Lambot) 

Escrita criativa - ideias e temas.

Os romances têm inícios breves e os enredos não saltam para a mente completamente delineados. Para despoletar a imaginação é necessário ter uma ideia que garanta uma história possível de desenvolver. Vou dar como exemplo, uma ideia que me surgiu ontem. Por associação de pensamentos sobre um determinado caso, achei que determinado personagem, teria consistência para desenvolver mais uma história de vida, que descrevesse as emoções e a forma como cada um se organiza perante a vida e os desafios que ela lhe coloca. Peguei no meu caderninho - que me acompanha sempre - e, delineei o tema, as duas personagens principais e a ideia do que queria transmitir. Nada me surgiu por acaso, foi baseado em algo que ouvi e, achei que podia dar um romance. Ficou registado para projectos futuros. 

Este processo de escolha de temas ou ideias é completamente subjectivo: o que prende a atenção de uma pessoa, pode deixar a outra completamente indiferente. Dou o exemplo dos dois romances que publiquei neste ano. O primeiro, "Gabrielle", é baseado numa história de vida e no meu entender, algo de desperta a atenção das pessoas. Apesar de ter mais avaliações positivas, não têm tido a mesma procura que o outro. Porquê? Porque leva a pensamentos mais profundos e dolorosos, porque é um drama e porque fala de uma criança. O outro " Brincos de Princesa", mais leve, contemporâneo, cujo acção começa no Dubai, é muito mais procurado e as vendas são o triplo do primeiro. Portanto, as escolhas de temas e o processo de seleção é pessoal, depende dos interessas de cada um. 

PRIMEIRAS IDEIAS
A maioria das ideais vêm de muitas fontes e revelam-se ao autor na sua vida quotidiana, na rua, no centro comercial, na praia, em viagem - o meu caso- , nas diversas profissões que os autores possam ter para além da escrita...eis algumas das fontes mais vulgares das primeiras ideias:

Relações humanas - as pessoas têm que viver umas com as outras e este facto pode trazer uma panóplia de situações causadoras de stress entre os membros de uma familia, vizinhos, amigos, casais, filhos...Os diferentes modos de vida, personalidades e educações diferentes, gostos, ambições, aversões, doenças, desamores, convições religiosas, diferenças culturais, tudo serve para criar uma ideias. O conflito e a agressividade fazem parte da natureza humana e, no romance dá uma possibilidade a tender par o infinito na criação de personagens.  

Conversas ouvidas por acaso - fragmentos de conversas, escutar às portas abertas por descuido, fragmentos de conversas apanhadas na rua, no autocarro, artigos de opinião...tudo serve, dependendo do autor. 

Acontecimentos da vida real - as noticias dos jornais são uma boa fonte de informação para quem gosta de escrever sobre casos reais, crimes, incesto, roubos, tudo, transformado devidamente pode dar uma boa história. 

Experiências pessoais - todos os escritores, escrevem sobre o que conhecem, ou seja, sobre as suas experiências. Quando lemos um livro estamos a encontrar-os, de alguma forma, com o escritor. É impossível escrever sobre o que não é conhecido. Pode-se ( e deve-se) fazer pesquisa, mas se não existir conhecimento sobre a vida é impossível escrever sobre a matéria. 

Acontecimentos do passado - há sempre qualquer coisa que vem do passado, do próprio ou do outro e que pode ser projectado na actualidade. Ninguém pode escapar às influencias do passado, foi ele que possibilitou a chegada ao presente e, à sua sombra, chegará ao futuro. Outro passado que têm sido matéria de muitos romances é o passado histórico. Vidas de nobres e reis romanceadas tem dados excelentes livros. O meu ultimo livro " Jardins de Luar" é baseado num passado histórico de passagem de tradição oral - histórias, lendas e costumes, que ouvi  falar aos meus avós - ao qual acrescentei um par romântico, mas na realidade fala duma época da vida do Alentejo em que ainda existem traços na biologia humana, nas populações actuais. Estou a falar no cruzamento de brancos do alentejo com escravos negros. 

Lugares - as paisagens, os bosques, os rios, os jardins e, principalmente as casas transportam-nos muito para além do que os olhos vêem. Pessoalmente recolho muita informação em passeios e viagens que faço pelo mundo. 

Fonte ( Guia técnico de Escrita Criativa de Isabel Lambot) 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

JARDINS DE LUAR

Sinopse


Isabel, segunda filha de um morgado avarento, entra num convento nos finais do século XVIII. O direito sucessório comtempla apenas o primogénito e o pai não lhe quer dar um dote para ela poder casar. Sem a mínima vocação para a vida religiosa recusa-se a fazer os votos definitivos que a confinariam para sempre ao convento e, ajudada pela madre superiora, vai servir no solar de um conde, dono de uma vastíssima região.
Depara-se com um homem jovem, solteiro, sensual e com uma aura de masculinidade que a deixa louca, sobretudo nas noites de luar. Um jogo de sedução inicia-se nos serões longos do mês de Agosto. Pobre, indefesa e longe de casa descobre a paixão pela primeira vez.
Mas, os dois têm segredos escondidos que conduzem a um desenrolar de acontecimentos que trazem sofrimento, desencontros e decisões difíceis de tomar.

Uma história de amor, situada num período histórico conturbado para a nobreza portuguesa, que opta, algum tempo mais tarde por mudar a corte para o Brasil para fugir às invasões francesas.

JARDINS DE LUAR

Sinopse


Isabel, segunda filha de um morgado avarento, entra num convento nos finais do século XVIII. O direito sucessório comtempla apenas o primogénito e o pai não lhe quer dar um dote para ela poder casar. Sem a mínima vocação para a vida religiosa recusa-se a fazer os votos definitivos que a confinariam para sempre ao convento e, ajudada pela madre superiora, vai servir no solar de um conde, dono de uma vastíssima região.
Depara-se com um homem jovem, solteiro, sensual e com uma aura de masculinidade que a deixa louca, sobretudo nas noites de luar. Um jogo de sedução inicia-se nos serões longos do mês de Agosto. Pobre, indefesa e longe de casa descobre a paixão pela primeira vez.
Mas, os dois têm segredos escondidos que conduzem a um desenrolar de acontecimentos que trazem sofrimento, desencontros e decisões difíceis de tomar.

Uma história de amor, situada num período histórico conturbado para a nobreza portuguesa, que opta, algum tempo mais tarde por mudar a corte para o Brasil para fugir às invasões francesas.

sábado, 11 de outubro de 2014

O gosto, o cheiro e o prazer dos livros

No mundo dos livros há dois assuntos que suscitam de imediato a atenção do leitor. A comida e o sexo. Acrescento um terceiro que não faz propriamente parte desta fórmula, mas, desde que li Cinco quartos de Laranja”de Joanne Harris,passei a considerar: os cheiros. Joanne Harris escreveu um livro maravilhoso conjugando na perfeição, o cheiro da laranja, a história, a infância e as emoções. Outro livro que fala de cheiros e que todos conhecemos é “Perfume” de  Patrick Süskind.
Antes de mais evite armadilhas da escrita fácil, como lugares comuns. Um texto que lembre o rótulo do vinho de mesa nem sempre é necessário, a não ser que ajude a localizar a história no tempo e demonstre os gostos das personagens. Evite expressões como «precioso néctar»,«vinho voluptuoso»…
Centre a descrição da comida no sabor, no cheiro e no aspecto; a cor laranja da sopa de abobora, o gelado numa tarde escaldante de praia, o gosto agridoce do iogurte.
Outra fórmula que prende o leitor são os livros eróticos. Descreva as cenas quanto baste e de forma requintada para não cair na vulgaridade e tornar-se um livro pornográfico. Mas, se a sua intenção é escrever um livro pornográfico use e abuse das descrições. Fica mais apelativo e sugestivo falar de “membro viril” em vez de “pénis”, ou usar o palavrão correspondente. As cenas de sexo são sempre as mais difíceis de escrever. Pelo menos para mim. São cenas que reescrevo várias vezes. Um exemplo contemporâneo de sucesso na escrita erótica é a escritora brasileira Mila Wonder que escreve actualmente “O safado do 105” que descarrega no Wattpad e que conta uma história de abandono e medo, mas que tem a fórmula do sexo, muito sexo. Podia correr o risco de se tornar vulgar, mas a autora combinou na perfeição sexo, comida ( o personagem masculino é cozinheiro) e emoções. A autora já arrecadou mais de 2 milhões de leituras no livro.  
O primeiro requisito para se escrever sobre comida, sexo e cheiros é gostar de todos eles. Mas em vez de os usar de forma crua, é conveniente substitui-los pelo simbolismo e a dimensão cultural. Faça as pessoas mastigarem papel e tinta e dormirem com os livros e terem sensações olfactivas.


O gosto, o cheiro e o prazer dos livros

No mundo dos livros há dois assuntos que suscitam de imediato a atenção do leitor. A comida e o sexo. Acrescento um terceiro que não faz propriamente parte desta fórmula, mas, desde que li Cinco quartos de Laranja”de Joanne Harris, passei a considerar: os cheiros. Joanne Harris escreveu um livro maravilhoso conjugando na perfeição, o cheiro da laranja, a história, a infância e as emoções. Outro livro que fala de cheiros e que todos conhecemos é “Perfume” de  Patrick Süskind.
Antes de mais evite armadilhas da escrita fácil, como lugares comuns. Um texto que lembre o rótulo do vinho de mesa nem sempre é necessário, a não ser que ajude a localizar a história no tempo e demonstre os gostos das personagens. Evite expressões como «precioso néctar»,«vinho voluptuoso»…
Centre a descrição da comida no sabor, no cheiro e no aspecto; a cor laranja da sopa de abobora, o gelado numa tarde escaldante de praia, o gosto agridoce do iogurte.
Outra fórmula que prende o leitor são os livros eróticos. Descreva as cenas quanto baste e de forma requintada para não cair na vulgaridade e tornar-se um livro pornográfico. Mas, se a sua intenção é escrever um livro pornográfico use e abuse das descrições. Fica mais apelativo e sugestivo falar de “membro viril” em vez de “pénis”, ou usar o palavrão correspondente. As cenas de sexo são sempre as mais difíceis de escrever. Pelo menos para mim. São cenas que reescrevo várias vezes. Um exemplo contemporâneo de sucesso na escrita erótica é a escritora brasileira Mila Wonder que escreve actualmente “O safado do 105” que descarrega no Wattpad e que conta uma história de abandono e medo, mas que tem a fórmula do sexo, muito sexo. Podia correr o risco de se tornar vulgar, mas a autora combinou na perfeição sexo, comida ( o personagem masculino é cozinheiro) e emoções. A autora já arrecadou mais de 2 milhões de leituras no livro.  
O primeiro requisito para se escrever sobre comida, sexo e cheiros é gostar de todos eles. Mas em vez de os usar de forma crua, é conveniente substitui-los pelo simbolismo e a dimensão cultural. Faça as pessoas mastigarem papel e tinta e dormirem com os livros e terem sensações olfactivas.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Excerto de Jardins de Luar


Excerto do Livro
(...)A rapariga era muito competente, educada, nem parecia uma plebeia, mas estava a dar-lhe cabo do juízo. Não podia envolver-se com uma serviçal, ainda que fosse culta e mestre na arte de ensinar a ler e a escrever. Não era do seu feitio. Lá em cima, no primeiro andar, uma luz acendeu-se e as portadas do quarto abriram-se. Escondeu-se na sombra debaixo da árvore e preparou-se para assistir ao que ele considerava o seu momento de deleite nocturno. Primeiro o vestido; depois o espartilho; depois o corpete e os calções e finalmente as meias. Era este ritual que ele descobrira há vários dias, quando passeava pelo jardim pensando no que fazer da vida. Já devia estar no Brasil, mas queria deixar Teresa bem entregue e por outro lado já não lhe apetecia partir com tanta urgência. O Brasil podia esperar, o pai tomava conta de tudo sozinho e Leonor tornou-se uma fazendeira bem-sucedida e respeitada depois da morte do marido negreiro[1].
Lá estava ela.
Apagou a luz do candeeiro e o luar – claro como se fosse dia- incidiu na pele alva e nos cabelos negros qual mar de prata.   
Nua à janela e com os braços no ar parecia uma adoradora da lua. Que visão dos céus. Mais uma noite em que teria que recorrer das suas próprias ferramentas para se aliviar. Aquela rapariga transformava-se numa feiticeira quando havia luar e deixava-o rendido ao seu feitiço.(...)






[1] Traficante de negros. Navio que faz tráfico de escravos. Dentre todos os bens negociados com os povos africanos, o comércio de escravos foi o que mais rendeu lucros para Portugal, pois além do óptimo negócio que representava, também foi fundamental para a ocupação e exploração do Brasil.


Excerto de Jardins de Luar


Excerto do Livro
(...)A rapariga era muito competente, educada, nem parecia uma plebeia, mas estava a dar-lhe cabo do juízo. Não podia envolver-se com uma serviçal, ainda que fosse culta e mestre na arte de ensinar a ler e a escrever. Não era do seu feitio. Lá em cima, no primeiro andar, uma luz acendeu-se e as portadas do quarto abriram-se. Escondeu-se na sombra debaixo da árvore e preparou-se para assistir ao que ele considerava o seu momento de deleite nocturno. Primeiro o vestido; depois o espartilho; depois o corpete e os calções e finalmente as meias. Era este ritual que ele descobrira há vários dias, quando passeava pelo jardim pensando no que fazer da vida. Já devia estar no Brasil, mas queria deixar Teresa bem entregue e por outro lado já não lhe apetecia partir com tanta urgência. O Brasil podia esperar, o pai tomava conta de tudo sozinho e Leonor tornou-se uma fazendeira bem-sucedida e respeitada depois da morte do marido negreiro[1].
Lá estava ela.
Apagou a luz do candeeiro e o luar – claro como se fosse dia- incidiu na pele alva e nos cabelos negros qual mar de prata.   
Nua à janela e com os braços no ar parecia uma adoradora da lua. Que visão dos céus. Mais uma noite em que teria que recorrer das suas próprias ferramentas para se aliviar. Aquela rapariga transformava-se numa feiticeira quando havia luar e deixava-o rendido ao seu feitiço.(...)






[1] Traficante de negros. Navio que faz tráfico de escravos. Dentre todos os bens negociados com os povos africanos, o comércio de escravos foi o que mais rendeu lucros para Portugal, pois além do óptimo negócio que representava, também foi fundamental para a ocupação e exploração do Brasil.


domingo, 5 de outubro de 2014

JARDINS DE LUAR - UM ROMANCE DO SÉC.XVIII



“ 1789-ÉVORA no interior Alentejano. Isabel Rebelo está decidida a sair do convento onde o pai a colocara há cinco anos por não querer dar-lhe um dote para casar. Mas o que ela não suspeita é que é obrigada a escolher entre os votos definitivos e ficar na clausura o resto da sua vida, ou trabalhar na casa de Manuel Afonso de Barbosa, conde de Évora- Monte, como mestra da sobrinha deste e escapar ao domínio paterno desta forma. Ao chegar ao solar depara-se com um conde ainda jovem transbordando uma aura de virilidade. Isabel enceta um jogo de sedução e erotismo com Sua Senhoria, capaz de fazer corar a mais depravada das meretrizes. Mas, Isabel tem segredos que Manuel Afonso desconhece e os problemas começam quando o ganancioso morgado – pai de Isabel- contrata um cigano para a encontrar. Quando a paixão e a luxuria dão lugar ao amor, as suas vidas começam a unir-se e o conde tem que tomar uma decisão difícil para a sua vida. Parte para o Brasil com a sobrinha para cuidar das fazendas e arrisca-se a perder Isabel para sempre ou fica e assume a paixão que o consome, enfrentando os medos que o perseguem há anos? “ 

JARDINS DE LUAR - UM ROMANCE DO SÉC.XVIII



“ 1789-ÉVORA no interior Alentejano. Isabel Rebelo está decidida a sair do convento onde o pai a colocara há cinco anos por não querer dar-lhe um dote para casar. Mas o que ela não suspeita é que é obrigada a escolher entre os votos definitivos e ficar na clausura o resto da sua vida, ou trabalhar na casa de Manuel Afonso de Barbosa, conde de Évora- Monte, como mestra da sobrinha deste e escapar ao domínio paterno desta forma. Ao chegar ao solar depara-se com um conde ainda jovem transbordando uma aura de virilidade. Isabel enceta um jogo de sedução e erotismo com Sua Senhoria, capaz de fazer corar a mais depravada das meretrizes. Mas, Isabel tem segredos que Manuel Afonso desconhece e os problemas começam quando o ganancioso morgado – pai de Isabel- contrata um cigano para a encontrar. Quando a paixão e a luxuria dão lugar ao amor, as suas vidas começam a unir-se e o conde tem que tomar uma decisão difícil para a sua vida. Parte para o Brasil com a sobrinha para cuidar das fazendas e arrisca-se a perder Isabel para sempre ou fica e assume a paixão que o consome, enfrentando os medos que o perseguem há anos? “ 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ESCRITA CRIATIVA - PLANEAR O LIVRO


Um dos mitos que se constrói à volta dos escritores é que precisam de uma musa inspiradora ( ou algo equivalente) e que não planeiam o livro. Sentam-se ao computador e num rasgo de genialidade sai-lhes a prosa na ponta dos dedos. Nada mais falso. Haverá quem o faça, mas até Umberto Eco planeava durante anos as suas obras (amadurecendo ideias, pesquisando) para que tivessem o resultado que todos conhecemos. Uma das autoras estrangeiras dentro do género do romance, que mais aprecio – Lesley Pearse- faz investigação nos locais onde se passam as suas histórias. No caso do romance “ Segue o coração, não olhes para trás” uma saga histórica passada no séc. XVIII no trilho do Oregon, fez a mesma viagem que os pioneiros, mas de carro. No meu caso pessoal, aproveito ideias de estórias de vida que conheço e sítios ou países que já visitei. Foi o caso de “ Brincos de Princesa”. Todos os cenários do Dubai foram visitados por mim. No caso do romance que estou a trabalhar agora e que trata de um assunto delicado nas relações (vírus do papiloma) entre casais, o cenário é a França ( sul), zona que conheço muito bem.
Deixando de lado os exemplos de autores, vamos falar um pouco da Sinopse. A sinopse é o esquema de trabalho para escrever o livro, baseado na narrativa da intriga. Poucas histórias seguirão o enredo em sequência cronológica. Com o propósito de criar suspense e prender o leitor e até gerar uma certa confusão, algumas partes terão que ser escamoteadas, sugeridas e deslindadas apenas no momento da conclusão, embora o leitor já adivinhe o final. A sinopse pode fazer-se de uma forma mais vaga ou mais detalhada. A escolha do método é pessoal e depende do escritor.
Pessoalmente uso a forma mais detalhada (fruto da minha aprendizagem) em que depois de pensado o tema, escolho personagens, local do cenário e pontos conflituais a desenvolver.
Ter um esquema que possa seguir em que pondere as seguintes questões relativamente ao livro que pretende escrever. No meu caso, o romance, começo por aqui:
·         O que quero (mote)
·         Para quê? (motivação)
·         Mas? (o conflito) – todos os romances têm um conflito interno ou externo por base.
·         Ganha ou perde? (conclusão) – o personagem ganha e vence o conflito, ou não.
Depois é pegar em papel ou computador, pessoalmente faço em papel, e construir todo o enredo, por capítulo e tópicos dentro dos capítulos.
Um hábito que adoptei desde há algum tempo é transportar sempre comigo um pequeno bloco A5 em que vou tirando apontamentos sobre as ideias que me vão surgindo ao longo do dia. A memória a curto prazo dura pouco e, se não apontar uma ideia fantástica sobre o que está a escrever (ou para futuro romance) depressa ela se esvai. O escritor está sempre a pensar, faz parte da sua organização mental, laboriosa. Escrevemos mentalmente durante grande parte do dia. Depois, quando nos sentamos ao computador é para compor o que pensamos e planeamos durante algum tempo.
Para os escritores iniciantes planear é fundamental. Outro aspecto (senão o mais importante) são os erros. Nada mais desagradável que ler um livro cheio de erros. Os autores independentes ( autores indie) que como eu, publicam por conta e risco, deverão ter muita atenção a esse aspecto. Socorram-se de amigos, grupos de leitores e escritores como o Widbook ou o Wattpad (embora corram o risco de ver as vossas obras surripiadas e plagiadas) e contem com a opinião sincera dos leitores dessas plataformas. É uma boa forma de saber se o livro vai ter aceitação ou não.

Mãos à obra e força nesse pensamento! 

Como dizia Agatha Cristie " A MELHOR MANEIRA DE PLANEAR UM LIVRO É ENQUANTO SE LAVA A LOIÇA", ou seja, aproveitar todos os momentos para pensar. 

ESCRITA CRIATIVA - PLANEAR O LIVRO


Um dos mitos que se constrói à volta dos escritores é que precisam de uma musa inspiradora ( ou algo equivalente) e que não planeiam o livro. Sentam-se ao computador e num rasgo de genialidade sai-lhes a prosa na ponta dos dedos. Nada mais falso. Haverá quem o faça, mas até Umberto Eco planeava durante anos as suas obras (amadurecendo ideias, pesquisando) para que tivessem o resultado que todos conhecemos. Uma das autoras estrangeiras dentro do género do romance, que mais aprecio – Lesley Pearse- faz investigação nos locais onde se passam as suas histórias. No caso do romance “ Segue o coração, não olhes para trás” uma saga histórica passada no séc. XVIII no trilho do Oregon, fez a mesma viagem que os pioneiros, mas de carro. No meu caso pessoal, aproveito ideias de estórias de vida que conheço e sítios ou países que já visitei. Foi o caso de “ Brincos de Princesa”. Todos os cenários do Dubai foram visitados por mim. No caso do romance que estou a trabalhar agora e que trata de um assunto delicado nas relações (vírus do papiloma) entre casais, o cenário é a França ( sul), zona que conheço muito bem.
Deixando de lado os exemplos de autores, vamos falar um pouco da Sinopse. A sinopse é o esquema de trabalho para escrever o livro, baseado na narrativa da intriga. Poucas histórias seguirão o enredo em sequência cronológica. Com o propósito de criar suspense e prender o leitor e até gerar uma certa confusão, algumas partes terão que ser escamoteadas, sugeridas e deslindadas apenas no momento da conclusão, embora o leitor já adivinhe o final. A sinopse pode fazer-se de uma forma mais vaga ou mais detalhada. A escolha do método é pessoal e depende do escritor.
Pessoalmente uso a forma mais detalhada (fruto da minha aprendizagem) em que depois de pensado o tema, escolho personagens, local do cenário e pontos conflituais a desenvolver.
Ter um esquema que possa seguir em que pondere as seguintes questões relativamente ao livro que pretende escrever. No meu caso, o romance, começo por aqui:
·         O que quero (mote)
·         Para quê? (motivação)
·         Mas? (o conflito) – todos os romances têm um conflito interno ou externo por base.
·         Ganha ou perde? (conclusão) – o personagem ganha e vence o conflito, ou não.
Depois é pegar em papel ou computador, pessoalmente faço em papel, e construir todo o enredo, por capítulo e tópicos dentro dos capítulos.
Um hábito que adoptei desde há algum tempo é transportar sempre comigo um pequeno bloco A5 em que vou tirando apontamentos sobre as ideias que me vão surgindo ao longo do dia. A memória a curto prazo dura pouco e, se não apontar uma ideia fantástica sobre o que está a escrever (ou para futuro romance) depressa ela se esvai. O escritor está sempre a pensar, faz parte da sua organização mental, laboriosa. Escrevemos mentalmente durante grande parte do dia. Depois, quando nos sentamos ao computador é para compor o que pensamos e planeamos durante algum tempo.
Para os escritores iniciantes planear é fundamental. Outro aspecto (senão o mais importante) são os erros. Nada mais desagradável que ler um livro cheio de erros. Os autores independentes ( autores indie) que como eu, publicam por conta e risco, deverão ter muita atenção a esse aspecto. Socorram-se de amigos, grupos de leitores e escritores como o Widbook ou o Wattpad (embora corram o risco de ver as vossas obras surripiadas e plagiadas) e contem com a opinião sincera dos leitores dessas plataformas. É uma boa forma de saber se o livro vai ter aceitação ou não.

Mãos à obra e força nesse pensamento! 

Como dizia Agatha Cristie " A MELHOR MANEIRA DE PLANEAR UM LIVRO É ENQUANTO SE LAVA A LOIÇA", ou seja, aproveitar todos os momentos para pensar.