domingo, 12 de julho de 2015

Reescrever um livro. Porquê?

  

Todos os escritores, independente do género em que escrevem, o fazem com paixão, mas o objectivo é contar a história que antes tinha delineado cuidadosamente no seu esquema. Então, depois de terminado o livro, ou seja, um primeiro rascunho que deve ser produzido com total despreocupação: as palavras aparecem na página tão rápido quanto você toca o teclado. Elas surgem de um lugar que está localizado profundamente no hemisfério direito do cérebro. Você escreve o que vê. Você não pensa sobre o que escreve. Reescrever, entretanto, não funciona bem assim…
O hemisfério esquerdo do seu cérebro começa a trabalhar durante a reescrita – a fase de rever e editar o texto - aplicando lógica àquele fluxo livre de pensamentos misturados que criou. A prioridade durante a reescrita é manter apenas o que tem um propósito na história: tudo o resto, não importa o quão bem escrito esteja, deve ser descartado. Palavras a mais, confusas, erros, buracos no espaço temporal, nomes de personagens trocados, têm que ser revistos. Mantenha um pequeno caderno junto a si quando está a reescrever o texto e aponte as falhas que encontra, assim é mais fácil não se perder.
Apesar de todos os elementos de uma história estarem interligados, à medida que a vai reescrevendo, verifique o propósito dos capítulos. Se estiverem desenquadrados ou a mais, corte. Corte tudo o que não fizer sentido.
Para decidir o que deve ser cortado ou modificado deve levar em conta:
O enredo: o capítulo move o enredo adiante ou esclarece elementos da história que solidificam a base do enredo?
Do personagem: o capítulo proporciona uma visão relevante sobre aspectos de um personagem? Proporciona uma intensidade ao personagem que se distancia dos clichés? Fornece um argumento convincente sobre o desenvolvimento do personagem que seja inesperado e novo, sem ser uma distracção?
O ambiente: o trecho de texto ou capítulo tem os elementos adequados? Encaixa -se no tema e no género da história?
O diálogo: o diálogo é necessário? Alguns diálogos são usados como um dispositivo "exploratório" - o que significa que, quando o texto foi escrito pela primeira vez, ele servia como ligação para um enredo secundário ou para uma revelação sobre algum personagem. Muitas vezes, esses elementos futuros nunca se materializam ou são eliminados. Fique atento a essas ocorrências e corte o que for desnecessário. Não há nada mais enfadonho num livro do que descrições demasiado pormenorizadas ou uma história que não avança.
O enredo secundário: a história secundária (quando existe) é um desvio pequeno ou completo da história? Se estiver muito longe do enredo principal, se não se encaixar com o enredo principal é mais prejudicial do útil.
 Vai descobrir que reescrever é um processo muito mais difícil do que escrever. É nessa altura que o escritor torna um processo artístico de criação, em algo lógico e objectivo. Por vezes fica muito difícil o escritor apagar ou modificar uma frase ou excerto que surgiu de um momento de inspiração, mas não pode hesitar, tem que ser implacável e cortar. Reescrever, é tornar um texto mais apetecível é a arte de parafrasear em poucas linhas o que é de facto importante ao leitor.

NUNCA se esqueça de deixar um bom espaço de tempo ( 3 a 4 semanas) até começar a reescrever o seu livro. A mente de um escritor precisa de se distanciar do texto para conseguir ver os erros, caso contrário o seu cerebro prega-lhe partidas e você não vê o erro mais óbvio. Socorra-se de leitores Beta, ou de uma comunidade de escritores e leitores que o podem ajudar. Veja aqui. 


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