segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

"O MEU AMANTE DE DOMINGO" de Alexandra Lucas Coelho (Opinião)


Sinopse 
«Desde logo a depuração da escrita, quase só pessoas, coisas e verbos, um ou outro adjetivo, muito poucos advérbios. Depois, o ritmo. Alexandra Lucas Coelho trabalha obsessivamente as pausas, as acelerações, as travagens bruscas - cada vírgula, cada ponto final, cada parágrafo tem a sua função. Mas, verdadeiramente, o que torna o livro especial é a ousadia de mandar às urtigas o registo trágico, incomunicável e metafísico com que se tem fabricado a chamada alta literatura portuguesa. […] este é mesmo um livro sobre sexo - muito sexo, com as palavras todas - meia dúzia de coisas que estão à volta. E é excelente. E é único. E é um gozo.»


SINOPSE da primeira edição da editora Tinta da China. 
Uma mulher está decidida a matar um homem, entre a sua casa no Alentejo e as idas a Lisboa, ao domingo. Durante um mês, entre 16 de Junho e 16 de Julho de 2014, acompanhamos os planos de tortura, o livro que ela decide escrever e os vários cúmplices: amantes, amigos, vivos e mortos. O alvo da vingança é um caubói, mais frequentemente nomeado como cabrão ou filho da puta, porque ela é uma tripeira do Canidelo.

Opinião
Li este livro da autora quando saiu há uns anos, editado pela Tinta da China, penso que depois de ter ganho um prémio literário. 
Confesso que me ri imenso com o livro. A linguagem é simples, vulgar mesmo dito por alguns eruditos, mas de uma crueza real, dos dramas que acontecem na vida quotidiana de muita gente, e que passados para o papel, assumem outra dimensão, às vezes da tragicomédia. 
Ainda me diverti mais a lê-lo porque foi escrito na minha terra, dentro do carro, na encosta do castelo de Montemor-o-Novo, segundo confessou a autora.  E, depois, o caubói só pode ter sido inspirado numa personagem da minha terra ( conhecido como o cowboy porque usava botas e chapéu condizente) que na altura em que a autora escrevia este livro, vivia numa ruína de igreja, no castelo. Estou a falar de um homem com doença mental, mas que foi acarinhado pela população até aos dias de hoje. 
Encosta do castelo de Montemor-o-Novo

É um livro pequeno, mas que encerra uma história grande, que de vulgar não tem nada ( como li em algumas criticas) e não foi por acaso que recebeu um prémio.  Tenho a primeira edição ( que esgotou) e foi com agrado que vi que está de novo em pré- venda, desta vez com a chancela da Caminho. 

A AUTORA

A Nossa Alegria Chegou é o quarto romance de Alexandra Lucas Coelho e o seu décimo livro. O romance de estreia, E a Noite Roda (2012), ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. O livro de não-ficção Viva México (2010) foi finalista do Prémio Portugal Telecom (atual Prémio Oceanos). Vários dos seus livros estão publicados no Brasil, e o segundo romance, O Meu Amante de Domingo (2014), está traduzido em França (Éditions du Seuil). Em 2017, iniciou uma série infanto-juvenil com Orlando e o Rinoceronte. É cronista semanal da RDP-Antena 1 e do site de notícias SAPO24. Trabalhou trinta anos como jornalista, cobrindo diversas zonas do mundo. Foi correspondente em Jerusalém e no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

"A Coragem de Cilka" ( Heather Morris) - Novidade!


SINOPSE
A beleza salvou-lhe a vida - e condenou-a.

Em 1942, com apenas 16 anos, Cilka Klein é levada para o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. O comandante do campo, Johann Schwarzhuber, sente-se de imediato atraído pela beleza dos seus longos cabelos e decide separá-la das outras prisioneiras. Cilka depressa aprende que o poder pode ditar a sobrevivência.

Após a libertação, Cilka acaba por ser condenada pelos russos por ter colaborado com os nazis e é enviada para Vorkuta, um desolado e horrendo campo de trabalhos forçados na Sibéria, no Círculo Polar Ártico. Inocente, mas de novo prisioneira, Cilka enfrenta novos desafios, igualmente aterradores, numa batalha diária pela sobrevivência. Trava amizade com uma médica de Vorkuta e aprende a cuidar dos prisioneiros doentes esforçando-se para tratar deles, sob condições inimagináveis. Mas é ao cuidar de um homem chamado Aleksandr que Cilka descobre que, apesar de tudo, ainda há espaço no seu coração para o amor.

Baseado em factos conhecidos sobre o período em que Cilka Klein esteve detida em Auschwitz e nos testemunhos de prisioneiras nos campos de trabalhos forçados na Sibéria, A Coragem de Cilka é a continuação da narrativa do bestseller internacional O Tatuador de Auschwitz. É uma obra de cortar o fôlego, uma poderosa homenagem ao triunfo da resiliência, um romance que nos leva às lágrimas. Mas é também uma história que nos deixa estarrecidos e encorajados pela feroz determinação de uma mulher que, contra todas as probabilidades, sobreviveu.

A AUTORA


Natural da Nova Zelândia, Heather Morris é uma autora bestseller internacional #1 apaixonada por histórias de sobrevivência, resiliência e esperança. Em 2003, quando trabalhava num dos maiores hospitais públicos de Melbourne, Austrália, conheceu um homem de idade avançada que lhe disse ter «uma história que talvez valesse a pena contar». O dia em que Heather conheceu Lale Sokolov mudou as vidas de ambos. A amizade entre eles cresceu e Lale lançou-se numa viagem de autoanálise, confiando à autora os detalhes mais pessoais da sua vida durante o Holocausto. Heather começou por adaptar a história da vida de Lale para cinema, e posteriormente veio a transformar esse argumento no seu romance de estreia. A Coragem de Cilka, o seu segundo romance, é a continuação de O Tatuador de Auschwitz, um retumbante sucesso internacional, com cerca de quatro milhões de exemplares vendidos em todo o mundo e direitos de tradução adquiridos em 52 países.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Oscares 2020 - Impressões


Hoje venho-vos falar dos três filmes candidatos aos oscares ( e premiados) que eu consegui tempo para ver. Não sou só apaixonada por livros, mas também pelo cinema e cada vez menos pelo cinema americano, salvo algumas excepções de realizadores e actores.
 Confesso que estou curiosa com o "Parasita", mas em breve o irei ver.
Vi " Era uma vez em Hollyood.." e confesso que houve alturas que me entediou, no entanto as interpretações são muito boas e a história, embora contada de uma forma que nos deixa surpreendidos, ou não estivessemos a falar de Tarentino, é baseada em factos reais. No entanto, não fiquei encantada. Brad Pitt mereceu o melhor actor secundário, mas sinceramente tenho dúvidas. 


Joker foi sem duvida o "filme" sobretudo pela forma como trata a doença mental, um retrato da sociedade actual - que dispensava bem ser englobado na saga do Batman - e que a interpretação de Joaquin Phoenix me deixou alguns momentos de quase querer fugir da sala. Imaginem ir ver o filme depois de uma tarde de consultório cheia, onde tudo o que me apetecia era mudar de registo e ser confrontada com a brutalidade da história do Joker. Confesso que nas primeiras cenas pensei em abandonar a sala, por não suportar a realidade nua e crua que tão bem conheço e com a qual tenho sido confrontada ao longo dos anos no meu consultório. Qualquer um de nós pode chegar àquele estado de loucura, por circusntâncias da vida que não podemos controlar. Pensem nisso.
Parabéns ao actor. Oscar mais que merecido.


Ontem vi "1917" e fiquei maravilhada. Nunca tinha visto semelhante técnica de um só plano, continuado, sem cortes. Os cenários estavam demais, bem como a fotografia. Não percam se forem amantes de cinema de qualidade e surprendam-se com a técnica, com a história e com os actores.