Mostrar mensagens com a etiqueta Lídia Craveiro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lídia Craveiro. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Excerto do romance "ADRIANA"


 

"Tinha começado.

Pulou da cama e descalça desceu as escadas com a rapidez que a agilidade dos seus dez anos lhe permitia.

Num segundo abria a porta da cozinha e saltava para o meio dos dois.

- Larga-a! – e pontapeava o pai com os pés nus ignorando a dor e também a ineficácia do seu ato.

O cheiro a álcool inundava o ambiente e o chão era uma amálgama de vidros e comida. Sentiu uma mão a puxar-lhe o cabelo e de súbito foi arremessada no ar embatendo na porta do armário.

Demorou alguns segundos a recuperar a respiração cortada pelo impacto, mas o seu instinto dizia-lhe que tinha de voltar à carga.

Ele ia matá-la! O pai ia matar a mãe!

Mal conseguira levantar-se e já a cena do costume ia adiantada. No chão a mãe estrebuchava debaixo do corpanzil do pai que lhe tentava tapar a boca com um pano de cozinha.

Adriana elevou uma cadeira e despenhou-a nas costas do pai. Um uivo de dor e raiva ouviu-se em toda a casa."

domingo, 1 de maio de 2022

ADRIANA - Novo título a sair em breve


Caros(as) leitoras estou de volta depois de uma ausência significativa. Entre este post e o último foram acontecendo coisas na minha vida que me deixaram fora da escrita durante um tempo, nomeadamente o nascimento de mais um neto e o encerramento da minha carreira profissional docente de quarenta anos, mas uma nova fase de vida chegou com muito ainda para dar ( e receber) à vida e aos outros. 

ADRIANA estava iniciado há algum tempo e tinha ficado adiado. Agora retomei a sua escrita e fica aqui revelada a capa e o desvendar ( pouquinho) da estória. É mais um livro no feminino que cruza duas vidas de sofrimento e superação, uma jovem mulher e um homem adulto, de estratos sociais diferentes mas com fantasmas do passado muito semelhantes. Para  aguçar a curiosidade das leitoras e leitores adianto que o livro é baseado em factos reais. 

Já agora para finalizar, não resisto a partilhar convosco que é para mim uma grande satisfação e uma honra dizer que estou a vender livros fisicos e ebooks em várias lojas online da amazon (Brasil, França, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Canadá, e Austrália) algo que me parece um milagre sobretudo por ser em Portugûes. A quem me lê mil agradecimentos e muita paz interior e exterior que os tempos que se avizinham são turbulentos e perigosos. 

Que a paz permaneça em oposição à guerra! 

Até breve.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

COMO ESCREVER UM ROMANCE


 Quando pensei em escrever um romance - nos finais de 2013 - tomei uma série de decisões entre as quais aprender as ferramentas básicas, ou seja, algumas técnicas de escrita porque sempre me pareceu que só as regras de gramática não chegavam e, escrever livremente sem qualquer plano, poderia ser arriscado para uma principiante. Confesso que apesar de ter adquirido algumas noções de como começar a tarefa, não tinha noção das dificuldades que se iam apresentar a partir do momento em que escrevesse a primeira linha. 

Fiz um curso de escrita criativa com um dos nomes do top português ( não vou dizer quem, como é óbvio,) que em pouco me ajudou senão no empurrão inicial. Depois da frustração de seis meses de curso, decidi começar a procurar livros com técnicas de escrita e foi neles que encontrei parte das respostas que procurava, ou seja, técnicas que me ajudassem a estruturar o livro.

Mantive-me no campo das indecisões durante muito tempo, mas há muito que tinha uma história verídica na cabeça que me atormentava diariamente e da qual me queria livrar através da escrita. O meu primeiro romance foi "Princesa do Pai" e foi o único até hoje que não precisei de esquema, pois ele estava todo na minha mente, mas, apesar disso não me podia limitar a escrever os acontecimentos reais sem serem trabalhados antes. Foi uma tarefa árdua em que passei muitos momentos de desespero e de obscuridade. Vou para onde a seguir? Estou a ir bem? Será que os leitores irão entender o que estou a escrever? Será que o assunto não irá chocar demasiado os leitores?

Foi com estas interrogações que nasceu o meu primeiro roteiro/esquema individual, uma espécie de fórmula que utilizo em quase todos os livros que escrevi, depois deste. Vou descrever cada uma das etapas que sigo para escrever livro  e esta é a minha modesta contribuição para partilhar com os autores independentes

Neste artigo estou apenas dando uma visão geral sobre o meu método ao qual pode sempre acrescentar o seu cunho pessoal, tal como eu fiz, depois de muito trabalhar no livro. É importante realçar que o meu esquema não vai ninguém aprender a escrever bem. Desta vez não vamos falar de técnicas "mostrar vs dizer", gramática, ponto de vista entre outros aspectos. Importa também dizer que todas as ideias que tenho - e acreditem que tenho muitas- vão dar boas estórias. Recentemente abandonei um livro por achar a estória pouco convincente. Já sabem que anoto as ideias que vão surgindo enquanto ando na rua, vou às compras, vejo um filme ou uma série, faço uma viagem...num caderno A5 que transporto sempre comigo. 

O que eu faço depois de surgir a primeira ideia e reflectir muito sobre ela é o seguinte:

1- Ideia principal

2- esqueleto da ideia

3- quem são os personagens ( faço arvore genealógica e genograma)

4- uma breve sinopse ( a primeira)

5- uma sinopse mais ampliada

6- decisão - avanço com a estória ou não

7- desenvolvimento dos personagens

8- onde se passa a enredo

9- esquema do romance em traços gerais

10- pontos de vista do personagem

11- estórias secundárias ( se existirem)

12- primeiro rascunho

13 - segundo rascunho ( reescrever o livro todo)

14- rascunho final 

15 - pedir a um revisor ou mais que faça uma revisão dos erros e das ideias

16 - ler e deixar passar um tempo até ler de novo

17 - fazer capas e publicar



Ideia principal

Se tem uma ideia e a quer transformar num romance tem que se assegurar que existe:

Um protagonista

Um objectivo - o que é que o protagonista quer/ deseja

Um local

Um antagonista

Um problema

Exemplo 

Um protagonista - Adriana

Um objectivo - sair de casa dos pais, ser independente

Um local/ tempo - Porto ( 2014)

Um antagonista - O pai

Um problema- Adriana viveu num lar onde a violência domestica era o pão nosso de cada dia. Desce criança que protegia a mãe dos ataques do pai.

Coloque todas as ideias numa única frase como esta:

Quando Adriana pensava que essa noite ia ser diferente, como se tivesse existido um milagre, eis que a chave a entrar na fechadura e o arrastar dos pés do pai, negaram-lhe o desejo. 

Esqueleto do romance

Há um conjunto de pontos de viragem que convém contemplar no livro. Cada um desses pontos pode ser interpretado de um numero infinito de formas, por isso não se preocupe se o seu livro seja como os outros, pois não será de certeza. Uma vez que tenha os pontos de viragem estabelecidos pode passar a um esquema mais detalhado em que pode definir o numero de páginas para cada ponto de viragem. Se o seu livro tiver entre quatro a cinco pontos de viragem não deverá ter mais que 250 páginas. 

Primeiro ponto - o protagonista entra em açção.

Segundo ponto - o protagonista enfrenta o desafio

Terceiro ponto - entram as outras personagens

Quarto ponto - as estórias desenvolvem-se ( do protagonista e as paralelas)

Quinto ponto - o protagonista chega onde quer e a estória acaba. 


Introdução das personagens

Os personagens são a vida da estória por isso é conveniente conhece-los bem e cedo. Para este passo faça anotações sobre todos os personagens principais do livro. Não se preocupe com a profundidade do personagem nesta fase, apenas precisa de um esboço como aparência, motivação...Recomendo fazer anotações de nome, idade, profissão, aparência física, características, resumo do papel na história. 

Breve sinopse

Muito simples. Expanda o esqueleto da história numa página grande ( pode ser uma cartolina), inclua todos elementos chave do seu enredo e qualquer coisa que ache importante. A sinopse é curta para que possa pensar sobre os detalhes posteriormente. Na próxima etapa adiciona mais detalhes. 

Sinopse ampliada

Agora pode acrescentar detalhes colando folhas nos lados da cartolina. Com este esquema fica com a escrita muito facilitada. 

Decisão 

Antes de avançar muito no enredo tenha a certeza que está bem estruturado, sem lapsos temporais ou históricos ou de lugar. O melhor método para ter a certeza que vai continuar é voltar a verificar se o seu personagem tem um objectivo, se alcança o conflito, se existe o aumentar do problema, se o personagem é confrontado com o dilema, se o personagem toma uma decisão, o que significa que o personagem tem um novo objectivo. 

Se o seu livro passar por estas etapas, objectivo, conflito, desastre, dilema, reacção e decisão, então o seu romance pode ter pernas para andar. 😏 Estes elementos não precisam de ter o mesmo peso e, dependendo da atenção que dá a cada um deles isso vai afectar o impacto/sensações da sua estória. 

Desenvolvimento do personagem

A estória está agora tomando forma e é tempo de se dedicar a cada um dos personagens. Existem alguns métodos que pode usar para obter a "pele" dos seus personagens. Inclua a infância, adolescência, idade adulta/jovem até ao presente em que se encontram no livro. Pense no que as personagens querem alcançar. Faça saltos no tempo, recuando à infância para elucidar algum acontecimento ou tomada de decisão. 

Localização

O titulo por si só já é bastante claro. Faça uma lista dos locais onde a acção decorre e faça anotações sobre esses lugares. O local afecta o humor dos personagens, tenha isso em conta quando muda de cenário. Se foi feliz naquela casa, pois o humor é de felicidade,  se sofreu algum trauma, é natural que tenha medo, e evite o lugar. 

Sinopse longa

Nesta altura pense se está tudo alinhado e os personagens estão todos no sitio. Pense no desenvolvimento dos personagens, nos enredos, pistas e pontas soltas que precisam ser ligadas. Perceba se está tudo certinho, porque é mais fácil do que quando tiver cinquenta mil palavras para rever. 

Pontos de vista do personagem

O ultimo passo antes de começar a esboçar o primeiro rascunho do livro é verificar se está a dar a importância devida a cada personagem, não vá um personagem secundário ser mais interessante que o protagonista e assim desvirtuar a estória. 

Primeiro rascunho

Conseguiu! Tem na sua frente um primeiro rascunho do seu livro. O primeiro rascunho demora sensivelmente um mês. Ao fazer o primeiro rascunho não se preocupe com a qualidade da escrita, gramática, pontuação...preocupe-se em mostrar a sua história. O objectivo do primeiro rascunho é obter as palavras escritas. Aprende-se imenso com a escrita do primeiro rascunho. 

Segundo rascunho

Finalmente pode começar a limar arestas no seu livro. Verificar a gramática e pontuação, livrar-se de clichés, cortar frases desnecessárias, eliminar advérbios desnecessários. Certificar-se que está a MOSTRAR, não a DIZER. 

Rascunho final

Durante a escrita do rascunho final, tem que ser muito paciente, impiedoso no corte de palavras e cenas desnecessárias, ter atenção aos detalhes. Agora basicamente é editar, editar , editar...ou seja, polir a sua escrita. Mas calma, ainda não acabou. Agora guarde o seu livro durante umas semanas. Não lhe toque. 

Revisão

A primeira revisão/leitura deverá ser feita por si, quando o livro já tiver saído da sua cabeça, ou seja, quando já amadurou uns tempos. Se ler o livro quando o acabar de escrever, não vai perceber metade dos erros que ainda lá estão. Então arrume numa pasta do seu computador ( não se esqueça de fazer cópia de segurança) e deixe ficar. Já leu? Óptimo. Corrigiu muito erro não foi? Bom, parece que já está bom para ser publicado. Não, não está. 

Revisão final

A ultima revisão deverá ser feito por um revisor oficial, ou seja, alguém que tem formação para essa tarefa. No entanto, é quase impossível a um escritor independente pagar um serviço que é pago à palavra, e num livro de 250 páginas rondará os 600 euros. Então como contornar esse problema? Peça a alguém conhecido ( que não seja seu amigo) que faça essa tarefa se a pessoa estiver de acordo, fazendo o pedido como se o livro fosse de um conhecido seu. Não assine o seu nome na cópia impressa e acrescente uma série de perguntas para o leitor responder no final. Peça a opinião final sobre o livro, enredo, personagens, factos históricos, credibilidade da estória, sentimentos que o livro despertou no leitor. 

E pronto! Este é método que uso para escrever os meus romances. Não é único nem original, é produto de muita pesquisa e estudo. Espero que lhe sirva de alguma coisa o meu modesto contributo para ajudar os autores independentes a aventurarem-se na escrita. 

Um último conselho

Prepare-se para criticas negativas porque nunca vai agradar a todos. Mas ignore e siga em frente. 


quinta-feira, 18 de julho de 2019

Jogos Secretos - Paperback


O meu último livro, lançado em Junho passado, já está disponível em papel em todas as lojas da amazon e o ebook já tem uma avaliação de 5*****.

Sinopse 


À beira dos trinta, Cármen tinha duas paixões. As motas e o trabalho. Perde o trabalho sem perceber porquê e resolve pegar a sua mota e partir para o deserto em busca de paz e de respostas aos dilemas da vida, da sua vida. O problema começa quando o marido não a deixa viajar sozinha. Ao chegarem a Ouarzazate conhecem Jamal Du Sud, um berbere guia de excursões ao deserto que vem revolucionar a vida do casal. Nesse mesmo dia, chegam ao Riad de Ema Ventura, a amiga de Cármen, dois motards portugueses que criam um verdadeiro caos na vida de todos...e a partir dessa data ninguém é mais o mesmo... Venha conhecer mais um episódio da vida no deserto desta vez protagonizado, por Ema e Hamed (personagens do livro anterior) e Cármen, uma nova personagem que vem apimentar a vida em Oaurzazate.  O Jogos Secretos - à semelhança de O Homem do Deserto, é um thriller que mostra o ser humano no pior que ele possui. Enrosque-se no sofá, tome a sua bebida preferida e viaje até ao deserto.



sábado, 22 de junho de 2019

"Jogos Secretos" - Novidade!


Lídia Craveiro

Saiu o novo ebook em português do Brasil tal como eu havia prometido. Acredito que a maioria das minhas leitoras, ou leitores - homens também consomem romances embora não confessem -, são do Brasil e, resolvi fazer a experiência, uma vez que algumas das criticas referiam esse aspeto. Embora eu considere que ler em português de Portugal ou português do Brasil, não tenha grandes diferenças, apenas alguns dos termos são diferentes, é certo que pode causar alguma dissonância cognitiva. 

Sinopse

À beira dos trinta anos, Cármen tinha duas paixões. As motas e o trabalho. Perde o trabalho sem ela perceber o porquê e pega na sua mota e parte para o deserto em busca de paz. O problema começa quando o marido não a deixa viajar sozinha. Ao chegarem ao Riad da sua amiga Ema Ventura, conhecem Jamal Du Sud, um  guia de excursões ao deserto que vem revolucionar a vida do casal. Nesse mesmo dia, chegam ao Riad dois motards que criam um verdadeiro caos na vida de todos...e a partir desse dia ninguém é mais o mesmo.  
Venha conhecer mais um episódio da vida no deserto protagonizado desta vez, por Ema e Hamed (personagens do livro anterior) e Cármen, uma nova personagem que vem apimentar a vida em Ourzazate. 
O Jogos Secretos - à semelhança de O Homem no deserto, é um thriller que mostra o ser humano no pior que ele possui.
Enrosque-se no sofá, tome a sua bebida preferida e viaje até ao deserto. 


quarta-feira, 22 de maio de 2019

#Confissões 1



Não se exaltem com o título pois não pretendo falar aqui de segredos. Segredos são segredos e esses pertencem aos confecionarios e aos consultórios dos psicoterapeutas e devem ficar lá.
Mas vamos ao que me trouxe aqui hoje. Há algum tempo que não publico nada e achei que devia passar por cá, não vão os leitores pensarem que desapareci. Brincadeira. Estou a terminar de ler o livro Perfeito de Judith MacNaugt e pretendo fazer a critica aos dois volumes da série (second chance) que por cá, em Portugal, foram traduzidos para Paraíso e Perfeito.
Mas hoje vou dar-vos duas novidades. A primeira é que estou a escrever os capítulos finais de JOGOS SECRETOS, da série (deserto), o primeiro livro foi O HOMEM DO DESERTO. Faltam apenas três capítulos e, a melhor novidade é que o ebook vai ser publicado em português do Brasil e português de Portugal.
A segunda novidade é que este ano Pérolas para a Alma vai andar por Israel, Palestina e Jordania durante três semanas e tenho intenção de escrever diário de viagem, assim tenha net disponivel. Se não tiver, prometo que deixo aqui a reportagem e as fotos, à semelhança do que fiz com a viagem ao egito.
Nem só de livros vive o ser humano, pois não? Pois não. Também vive de viagens. E, já sabem que depois da psicologia e dos livros, surgem as viagens.
Vou deixar a capa provisória de Jogos Secretos para que possam dar a vossa opinião. Será sempre bem vinda e até daqui a dias. Sejam felizes, que só existe uma vida, portanto, tudo o que vos causar dor, ponham de lado.  

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Jogos Secretos


Hoje venho falar-vos de um dos livros que estou a escrever. Para quem leu o HOMEM DO DESERTO e me perguntou se não faria um segundo livro com o outro casal, aqui está a resposta. O segundo livro cujo titulo é JOGOS SECRETOS, aborda, mais uma vez, as relações humanas, entre duas culturas tão diferentes, e vai ter como protagonistas Ema e Hamed ( irmão de Mansur) e uma história secundária - mas não menos importante -, com um triângulo amoroso. Não vou desvendar mais, mas deixo-vos um trecho do livro para aguçar o apetite.


"Um homem de porte alto, forte, com uma cabeleira aos caracóis e uns olhos castanhos-escuros, entrou na divisão da casa ao mesmo tempo que Cármen chegava.
- Cármen! – exclamou Ema.
Cármen sorriu a Ema, estendeu-lhe as mãos, mas os seus olhos pousaram no estranho, de pé, encostado ao balcão, ao lado de Hamed.
Hamed pigarreou e olhou para o outro homem com cumplicidade enquanto as mulheres se afastavam em direção à sala.
- Quem é a beleza europeia?
- Jamal du Sud sossega! – advertiu Hamed. – Não é para o teu bico. É uma amiga de Ema que vem cuidar do Riad enquanto estamos fora…e – acrescentou – é casada com um tipo que está lá em cima – e apontou para o primeiro andar.
- Estou a ver – disse o outro em dialecto tamazight[1].
Não era a primeira mulher que chegava ali e o olhava com curiosidade, mas era certamente a primeira que lhe interessava.
Hamed olhou para o jovem berbere e anteviu problemas."




[1] Dialecto berbere falado no Atlas Central

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Ser feliz com livros - Como criar um leitor


Cresci entre livros e, não há melhor forma de estar  do que rodeada deles.
 Quer isso dizer que fui estimulada a ler?
Sim, mas não só.
 A curiosidade natural e inata levou-me a descobrir o prazer da leitura desde que "meti" a mão num punhado de livros de banda desenhada de Walt Disney, lá muito atrás, nos anos sessenta, quando devia ter uns seis anos.  Eu digo "meti" a mão, não porque os tivesse roubado, mas porque os achei empilhados junto ao lixo, mesmo a pedirem para os levar para casa.
E levei.
Devorei as imagens durante uns bons dias, tentando adivinhar a história e, a minha mãe, que infelizmente não foi à escola muito tempo, mas ficou a conhecer as letras e os números, começou a ensinar-me o alfabeto. Porém, a senhora minha mãe,  também tinha a paciência de ver as imagens comigo e contava-me a história à maneira dela, sem saber o que lá estava escrito.
Grande mulher a minha mãe! Cresceu numa época em que as crianças trabalhavam para ajudar a família e em que poucas pessoas sabiam ler. A literacia era um luxo inacessível às classes pobres, à qual pertencia.
Guardei esses livros durante anos até que um dia, já no final da primeira classe, os fui buscar e descobri que conseguia lê-los. Começou aí a minha aventura como leitora - mais ou menos por volta de 1970 - até aos dias que correm.
Como mãe consegui que a minha filha e o meu filho gostassem de livros, embora com ele tivesse sido mais complicado, porque já nasceu na época do digital. E agora tenho a missão de "contagiar" a neta de dois anos. Esta vida não é fácil!

Vamos agora a outra perspectiva um pouco mais pedagógica.
Para os pais que gostam de livros e de ler - sim, porque podem gostar de livros para enfeitar as prateleiras e não os ler -, a melhor forma que tem de contagiar as crianças, como se de uma doença se tratasse, é ler-lhe histórias.
 Ler uma história a uma criança, aguça-lhe a curiosidade pelo que existe dentro do livro e, um dia, quando souber ler, vai descobrir por si mesma como viajar por uma história, ou por um tema qualquer que tenha interesse. Os livros contribuem para o desenvolvimento das crianças e são um aliado muito saudável na vida adulta.

Como não se nasce leitor é necessário acompanhar a criança nesse percurso, embora, nesta época seja difícil combater o apelo dos ecrãs. No entanto convém contrariar essa tendência. Troque o tablet por um livro, que um dia o seu filho agradece-lhe.
No genoma humano não existe uma inclinação natural para os livros, mas existe o gene da leitura, e como tal podemos sempre incentivar, dando o exemplo e lendo histórias às crianças desde que elas estejam capaz de nos dar atenção uns poucos minutos, mesmo que de seguida, puxem as páginas do livro, ou puxem por outro para ver o que lá está dentro, parecendo não se interessarem. Os pais tem obrigação de cuidar da curiosidade dos filhos e, a leitura faz parte disso.
 Ler acende a imaginação e quanto mais se lê, mais criativa a pessoa se torna, é por isso que se diz que não existe um bom escritor que não tinha sido um bom leitor.
A leitura pode ficar associada à voz dos pais, a um momento positivo de proximidade, ao afeto, ao colo e ao AMOR. Pode tornar-se um amor para a vida.
Ler não tem que ser uma obrigação ou um castigo, mas pode servir como contrapartida quando uma criança está muito ligada ao digital e não lê por iniciativa própria. Negociar a leitura de um livro que a criança goste para poder jogar computador uma a duas horas por dia, não é de todo uma aberração.
 Quem não lê tem sérios problemas em interpretar o mundo, uma vez que não entende o significado das palavras.
A aventura de ler não tem que começar com os Maias, ou com Os Miseráveis, pode começar com qualquer livro que a criança se interesse. Não adianta impingir os nossos gostos às crianças se elas tem preferência por outros géneros. Se ele quer ler o Maze Runner, deixe-o ler. O gosto pela leitura e o seu aprofundamento vai sendo construído aos poucos. O que precisamos é de gente que adore ler, são essas pessoas que aos poucos vão contagiando os outros com o seu entusiasmo, quer através da palavra, quer através das redes sociais.
Não se ofenda se o seu filho não quer ler o Princepezinho, só porque você o leu aos doze anos e ele mudou a sua vida. Não é nada pessoal. Mostre-lhe uma variedade de livros e de-lhe a escolher. Leve-o a uma livraria de preferência.
O importante é que as crianças comecem a virar páginas, o resto vai acontecendo naturalmente como em todas as histórias.
Boas leituras e até ao próximo post.

domingo, 13 de maio de 2018

Lista dos principais gestos da linguagem corporal


Olá caros (as) leitores. Muitos de vocês, escritores na sua maioria, gostaram da minha lista de expressões faciais, então pensei em fazer um post sobre gestos e linguagem corporal, também para atender aos pedidos deixados na caixa de comentários. A forma como descreve os seus personagens, que, quanto menos directa for, mais apelativa se torna, pode ajudar os leitores a visualizar uma cena e ter uma ideia dos personagens e, mais uma vez, eles podem estabelecer linhas de diálogo para que não tenha uma sequência de” ele disse, ela disse, ele perguntou, exclamou, etc.” correndo a página de fio a pavio.

Você pode querer considerar quais os gestos ou qual linguagem corporal é típica para cada um de seus personagens. Por exemplo, um dos personagens no romance que estou a escrever, tem o hábito de torcer a cabeça sempre que fica nervosa. Outro passa as mãos pelos cabelos despenteando-os literalmente. Eles só fazem isso algumas vezes ao longo do livro, mas eu acho que detalhes como esses fazem os personagens mais sólidos e, por consequência, a leitura mais agradável e fluida, deixando grande parte daquilo que seria uma descrição mais pormenorizada, à descoberta e imaginação do leitor. Grande parte do prazer de ler literatura seja ela de que género for, tem a ver com a imaginação que o escritor nos proporciona.

Algumas das coisas na minha lista não são exactamente linguagem corporal ou gestos, mas são úteis para enriquecer o diálogo entre os personagens, ou até substitui-lo. Tal como na última lista, incluí algumas maneiras diferentes de dizer a mesma coisa. Existem algumas frases pequenas e frases mais longas, que pode obviamente reescrever e ajustar como quiser. As listas que publico aqui são para ser usadas e como é óbvio pode copiá-las.

Linguagem corporal para escritores

ele abaixou a cabeça
ela baixou a cabeça
ele se abaixou
ela inclinou a cabeça
ele cobriu os olhos com uma mão
ela pressionou as mãos nas bochechas

ela levantou o queixo
ele ergueu o queixo

as suas mãos com os punhos em riste
as mãos dele apertaram os punhos
ela cerrou os punhos
ela fechou os punhos
ele abriu os punhos
seus braços permaneceram pendurados ao longo do corpo

ele encolheu os ombros
ela deu de ombros
ele levantou um ombro em descaso
ela deu um aceno ao acaso

ela levantou a mão em saudação
ele acenou

ela ergueu as mãos
ele levantou as mãos
ela ergueu as palmas das mãos
ele jogou as mãos no ar
ela esfregou as palmas das mãos
ele esfregou as mãos
ela fez uma torre de seus dedos
ele abriu as suas mãos
ela gesticulou
ele acenou com as mãos
ela bateu palmas
ele estalou os dedos
ela levantou um dedo
ele apontou
ela gesticulou com o indicador
ele apontou o indicador para…
ela estendeu o dedo do meio para ele
ele deu-lhe o dedo
ela estendeu o polegar para cima

ela colocou as mãos nos quadris
ela enfiou as mãos nos bolsos
ele enfiou as mãos nos bolsos da frente
ela descansou a mão no quadril
ela projectou seu quadril

ela cruzou os braços
ele cruzou os braços sobre o peito
ela se abraçou
ele passou os braços em volta de si
ela balançou para frente e para trás

ela abriu bem os braços
ele estendeu os braços
Ela estendeu sua mão
ele estendeu a mão

ele balançou sua cabeça
ela assentiu
ele balançou a cabeça
ela inclinou a cabeça
ele inclinou a cabeça
ela inclinou a cabeça
ele sacudiu a cabeça na direcção de ...
ela virou o rosto
ele olhou para longe

suas respirações aceleraram
ela ofegou
ela estava respirando com dificuldade
seu peito subiu e desceu com respirações rápidas
ela respirou fundo
ele respirou fundo
ela respirou fundo
ele engasgou
ela segurou a respiração
ele soltou uma respiração profunda
ela exalou
ele estourou as bochechas
ela bufou
ele suspirou
ela bufou

ela riu
ele riu
ela gargalhou
ela deu uma risada amarga
ele deu risada sem alegria
ela riu
ele gargalhou

ela esfregou o ombro
ele amassou o ombro
ele rolou os ombros
ela ficou tensa
ele massageava a nuca
ela esfregou as têmporas
ela esfregou as mãos nas coxas

ela passou a mão pelos cabelos
ele enfiou a mão pelo cabelo
ele passou os dedos pelos cabelos
ele empurrou o cabelo para longe do rosto
ela brincou com uma mecha de cabelo
ela brincou com o cabelo dela
ela girou o cabelo
ela enrolou um cacho em volta do dedo
ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha
ela soltou o rabo de cavalo e sacudiu o cabelo
ela jogou o cabelo
ele enterrou as mãos no cabelo
ele acariciou a barba
ele coçou a barba

ela puxou o lóbulo da orelha
ele mordeu um dedo
ela mastigou uma cutícula
ela pegou as unhas
ela inspeccionou as unhas
ele arrancou o punho de sua camisa
ela pegou um pedaço de fiapo da manga
ele ajustou as lapelas de sua jaqueta
ela brincou com seu brinco / pulseira
ele torceu a aliança no dedo
ela brincou com o celular
ele puxou o colarinho da camisa
ele ajustou a gravata
ela alisou a saia

ela coçou o nariz
ele coçou a cabeça
ele esfregou a testa
ela esfregou os olhos
ela beliscou a ponte do nariz
ele segurou o nariz

ela deu um tapa na testa
ele bateu na testa
ele deu uma palmada na boca dela
ela cobriu a boca com a mão
ela pressionou os dedos nos lábios
ele segurou o dedo até os lábios
ele esfregou o queixo

ela apertou a mão na garganta
ele apertou o peito
ele se encostou na parede
ela saltou na ponta dos pés
ela pulou para cima e para baixo
ele bateu o pé
ela pisou ele
ela cruzou as mãos no colo
ela tamborilou com os dedos na mesa
ele bateu os dedos na mesa
ele bateu a mão na mesa
ela bateu com o punho na mesa
ela colocou as palmas das mãos na mesa
ele descansou as mãos na mesa
ela colocou as mãos na mesa, com as palmas para cima
ele se recostou na cadeira
ela prendeu os pés ao redor das pernas da cadeira
ele agarrou o braço da cadeira
ela colocou as mãos atrás da cabeça
ele colocou os pés na mesa
ele mexeu
ela balançou o pé
ele balançou a perna
ela cruzou as pernas
ele descruzou as pernas
ela cruzou os tornozelos na frente dela
ela esticou as pernas na frente dela
ele se esparramou
ele colocou os pés na mesa

ela se encolheu
ele estremeceu
ela se encolheu
ele estremeceu
ela tremeu
seu corpo tremeu
ela se encolheu
ele encolheu de…
ela se amontoou no canto

ele se afastou
ela se afastou
ele se virou
ela pulou na vertical
ele endureceu
ela endireitou
ele ficou tenso
Ele pulou
ela pulou para os pés
ele levantou-se
ela se levantou do assento

ela relaxou
ele encurvou
seus ombros caíram
ela murchou
ele ficou mole
ele deu de ombros
ela endireitou os ombros

ela apertou as mãos atrás das costas
ele estufou o peito
ela empurrou o peito

ele apoiou o queixo na mão
ela descansou o queixo na palma da mão
ele bocejou
ela esticou

ele virou
ela se virou
ele girou
ela cambaleou

ela se afastou
ela se aproximou
ele se aproximou
ela avançou para frente
ele andou
ela mudou de um pé para o outro
ele balançou em seus pés
ela arrastou os pés

ela bombeou um punho
ele enfiou os punhos no ar
ela socou o ar

Espero que vos seja útil. Força nesses dedos e até ao próximo post!

domingo, 21 de janeiro de 2018

A Doçura da Noite - Romance


Amanhã estará à venda na AMAZON, em ebook o meu novo romance. É um romance que aborda as perversões narcisicas e a psicopatia, de forma leve e romanceada. A versão em papel sairá também ainda esta semana em todas as lojas da amazon. 


Sinopse de A DOÇURA DA NOITE

Na noite de uma festa de homens, regada a álcool, drogas e acompanhantes de luxo, uma mulher morre misteriosamente. Sara Ataíde, uma das presentes nesse fatídico evento, estava longe de imaginar que o anfitrião – Carlos Borges – já a conhecia e, dias depois do fatídico evento começou a suspeitar que a atenção dele naquela noite se devia a propósitos pouco transparentes. Depois desse trágico acontecimento, onde ela parece ser a única testemunha, já que todas as outras mulheres desaparecem misteriosamente, a sua vida fica virada do avesso.
A noite, que ela adorava, torna-se de repente, algo a evitar. A noite e o misterioso médico-cirurgião, que parece estar em todo o lado que ela esteja. Carlos, não é o que parece, e Sara, por mais que se sinta atraída por ele, tem que fugir obrigatoriamente, como se isso fosse possível… 

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Como começar o seu livro?



Você tem um romance escrito, mas está na fase de reescrever e está indeciso como começar a sua narrativa. Pois bem, saiba que não é único escritor, ou escritora que tem dúvidas desse género. O início, como todos escritores dizem, é certamente a parte mais difícil. Sabemos como os leitores decidem num curto instante se o livro merece a sua atenção ou não. Na verdade, muitas pessoas nem abrem o livro. Eles decidem apenas com base na capa.
Surpreso! Acredito que uma capa apelativa vende um livro. Ainda hoje comprei um de um autor que não conheço ( Flávio Capuleto, INFERNO EM LISBOA), com base na capa. Faço isso muitas vezes. Leio muito e tento ler autores diferentes para aprender novas formas de escrita, embora ache que já tenho a minha forma mais ou menos definida. Quando eu passei a usar o meu nome nas capas, ao invés do pseudónimo, uma leitora identificou o estilo antes de perceber que eramos a mesma pessoa. Mas não é de mim que quero falar. É do seu livro. No caso de seu livro ser comprado por um leitor, uma batalha totalmente diferente começa para si. As suas palavras, as primeiras, são as que devem agarrar o leitor ao livro. Quando um livro começa a descrever cenas ou pensamentos enfadonhos, isso é um mau prognóstico. Fica com uma boa percentagem de hipóteses de ele ser abandonado na prateleira. Acredita que nas livrarias os leitores lêem umas duas a três páginas depois de apreciarem visualmente a capa? Pois na amazon é igual. A amazon disponibiliza uma amostra do livro para o leitor decidir se compra ou não. Então pense bem como deve começar o seu livro.

Como deve fazer?

O momento característico é uma cena chave na história que prenda o leitor ao livro, que o faça querer saber mais. Não é uma posição aleatória. Esta cena cumpre diversas funções que correspondem exatamente ao que um leitor espera ver quando começa a ler o seu romance.


Quais são os ERROS mais COMUNS de um começo de livro?

Um personagem que acorda e reflecte sobre a vida, ou pensa no seu amor?
Um prólogo. A maioria dos livros passa bem sem prólogo. Isso só atrasa e baralha a leitura.
A personagem a nascer. Isso então é o cúmulo!
Mas não devo começar com esse tipo de cenas? Não totalmente se a sua história o justificar, caso contrário esqueça isso.

 Se sua história começa com o seu personagem a acordar, e depois descobre que não há ninguém em sua casa, ninguém nas ruas? Parece que não havia ninguém no mundo inteiro! Claro, essa cena seria muito importante. Ele porque faz parte da história. Sem essa cena, a história não pode continuar.

Mas se o personagem se levantar, tomar o pequeno-almoço, cumprimentar a família, vá para a escola e é aí que a magia acontece, então não inclua esse trecho no livro. Especialmente se você está planeando incluir o inevitável " o personagem vai ver-se ao espelho para descrever a sua aparência". Não faça isso!

Quanto ao prólogo, por definição, é algo que existe antes da própria história. Muitas vezes pensamos - e eu também já fiz isso – que os nossos leitores não poderão entender o que está para vir na história, se não lhes oferecermos uma pequena introdução primeiro.

Mas eu desafio-o a tentar. Tente não usar nenhum prólogo, comece directamente com a história e seja criativo com a forma como você agarra o leitor ao seu livro.

Mãos à obra, ou como dizia o Pedro Chagas Feitas, FORÇA NESSES DEDOS.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Promoção de Ebook - Florbela Espanca

Sinopse

Florbela Espanca é a história de uma mulher poeta que não gostava de ser chamada poetisa. É a história de uma dor sem nome, avassaladora e incompreendida. Florbela, ou Bela como lhe chamavam é uma menina nascida de uma relação extraconjugal, sendo criada pela mulher de seu pai que nunca a terá aceite. Filha bastarda, nunca foi legitimada legalmente pelo pai a não ser depois da sua morte. Do sentimento de rejeição nasce a quimera: o sonho de ser amada incondicionalmente e uma escrita transbordante dos afectos do seu interior, uma dor sem fim. Bela persegue o sonho de ser amada até à sua morte. Casa três vezes e por três vezes encontra a desilusão e, para agudizar o seu sofrimento, o irmão - único amor sincero que conhece - sofre um acidente de avião e morre. Não é reconhecida como poeta e afunda-se na agonia da neurose e da depressão. Exalta a morte na sua escrita a morre aos 36 anos sem encontrar o amor perdido na infância.
O livro está dividido em três partes. A primeira com uma biografia romanceada sobre os factos que se conhecem da vida da poetisa alentejana, uma segunda parte com um trabalho de psicanálise da origem da neurose de Florbela e uma terceira com uma galeria de imagens.


A autora do livro, apresenta uma biografia romanceada com base na investigação feita sobre a sua vida e obra em 2007.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Segredos de Família - Romance

Sinopse

Núria é uma viúva, jovem e bonita, que assume a gestão da adega desde que o marido faleceu. Na tradição familiar essa função era atribuída ao filho varão mais velho, mas o irmão de Núria recusa-se a abandonar o seu trabalho para se dedicar as vinhas.

Depois de constatar que não conseguia gerir a adega da Quinta da Tapada sem ajuda especializada, contrata um director geral, César Medeiros - famoso por erguer grandes empresas -, que a põe à prova de cada vez que se cruzam. Entre palavras de ironia, gargalhadas, lutas pelo poder, e a resolução de mistérios que vão surgindo na adega, um dia, sob o efeito metonímico do vinho, na cidade mais romântica do mundo, acontece algo que altera a relação dos dois para sempre…



                                                                      CONTRA CAPA


Nota da autora: 

SEGREDOS DE FAMÍLIA aborda as tradições familiares baseadas em fortes componentes culturais, nomeadamente a herança de pais para filhos nos negócios familiares, cujo legado quase sempre era deixado aos filhos homens. O mundo das vinhas e da enologia, é um mundo de homens, mas, amiúde surge uma mulher que também dá cartas nessa matéria e, é em homenagem a algumas dessas mulheres que conheço que escrevi este romance.
 Por conveniência do enredo a autora acrescentou um pouco da história da guerra civil espanhola e dos refugiados que se recolheram em terras alentejanas sob a protecção de um guarda fronteiriço em terras de Barrancos. E, como em todos os livros da autora, as motivações humanas, a cobiça, a ganancia, o vicio, o desgosto e o luto e a luxuria, estão presentes neste livro mais lithg do que alguns da autora.  É uma leitura de Verão que retrata a paisagem alentejana e o mundo das vinhas nesta região de Portugal. Podem adquirir o livro em todas as lojas da amazon

* Disponivel em ebook e papel. 

Até ao próximo post. 

terça-feira, 9 de maio de 2017

A Doçura da Noite - excerto


(...)Sara olhou para a cicatriz quase invisível, graças ao óleo de rosa mosqueta, e tapou-a com o body de renda preta. Era a sua primeira saída depois daquela noite em que tinha recorrido às urgências e escapara por milagre a uma denuncia de violência doméstica. A noite em que o industrial alemão lhe tinha infligido um corte com uma adaga minúscula na nádega, para que ela jamais o esquecesse, dissera-lhe num inglês com forte sotaque, estava ainda muito presente no seu espírito. Sara admitia que se enganara na escolha daquela noite. O homem era um estupor sádico e de sedutor não tinha absolutamente nada.  
Olhou-se ao espelho e estava tudo certo e no sítio. Cabelo em ondas largas a cair-lhe pelas costas, boca e olhos pintados magistralmente, e umas pernas longas, torneadas a terminarem nos sapatos pretos de salto alto. Ninguém diria que era a tímida Sara Ataíde, designer, especialista em capas de livros, para uma das maiores editoras do país.
Sorriu para a sua imagem refletida no espelho.
 Agarrou a bolsa pequena e as chaves do carro e desceu pelo elevador até à garagem onde estava o seu Audi A6, aquele que só usava nas saídas nocturnas quando se transformava numa mulher sofisticada capaz de arrasar na noite com qualquer homem menos precavido e carente de amor e tornar-se numa depravada, sem pudor, que, para além do prazer que obtinha com os homens, ainda se fazia pagar muito bem.(...) 

Deixo-vos em excerto do próximo livro. Gostava que deixassem opiniões, sugestões e todos os comentários construtivos que quiserem. 

O que vos faz pensar este pequeno texto?


terça-feira, 21 de março de 2017

5 Passos para editar o seu livro

Editar faz parte do processo de escrita e é um dos mais importantes passos para o escritor. No entanto, este passo constitui uma verdadeira dor de cabeça para quem é autor independente, ou mesmo que escreva apenas num blogue. Por norma, um autor independente que escreva em português, não ganha o suficiente para pagar a um revisor/editor que faça a revisão do texto, quer na gramática, quer no corpo do texto para encontrar buracos temporais, incongruências, ou mesmo texto supérfluo que nada acrescenta ao enredo.
Então, ao autor independente com fracos recursos não resta alternativa senão fazer todo o trabalho que está por detrás do lançamento de um livro, seja de que género for e, a edição é uma das tarefas mais importantes.
Quando comecei a escrever deparei-me com esta dificuldade e, durante algum tempo, senti-me um pouco perdida e desmotivada. A falta de experiência levou-me a publicar alguns livros, inicialmente, ainda com bastante revisão por fazer, simplesmente por pressa e a seguir tive o dobro do trabalho ao fazer a revisão de novo.
 Com o tempo, aprendi o meu próprio método, o qual partilho aqui com vocês. Normalmente faço a revisão em cinco fases.
  1. NÃO TENHA PRESSA Quando comecei a escrever, tinha pressa de publicar e, por mais que lesse esta frase em outros blogues, não entendia muito bem o seu sentido e, muito menos achava que onde eu não via erros, eles na verdade estavam lá. Sem a devida distanciação não conseguimos analisar o texto de forma objectiva.  Depois de terminar o seu livro, deixe-o “amadurecer” durante um tempo. O que é isso de amadurecer? É deixá-lo de lado alguns dias, semanas ou meses. E porque é que isso é tão importante? Porque a nossa mente está formatada para o texto que temos na mente, pois escrevemos com o nosso cérebro emocional (hemisfério direito) e é preciso algum tempo e distância para nos apercebermos das falhas, as quais só podem ser vistas com o lado racional do nosso cérebro (hemisfério esquerdo). Experimente reler um texto seu, alguns dias depois de o escrever. Vai modificar algo de certeza absoluta, porque o analisa com o lado esquerdo do seu cérebro. 
2       2 - IMPRIMA Fica um pouco dispendioso mas esta regra é essencial. Editar no computador é diferente de editar no papel. Porquê? Porque no papel vai ver os erros mais claramente. Passado algum tempo de dar o texto como pronto, imprimo o livro e peço à minha leitora Beta que faça uma primeira revisão/ apreciação. Depois de ela me devolver o texto todo rasurado, começo nova edição e emendo os erros que ela sublinhou, bem como considero as suas opiniões acerca das personagens e outros aspectos. Depois de concluída esta etapa, volto a imprimir de novo e dou o texto a outra leitora Beta que faz a segunda passagem ao texto. Volto a fazer nova revisão. E se eu vos disser que ainda é possível encontrar algumas gralhas depois destas etapas todas! É possível sim. A semana passada terminei de ler um livro publicado por uma editora, traduzido e, cheio de gralhas.

3   3 -  LEIA O SEU TRABALHO PELO MENOS TRÊS VEZES. Depois destes passos todos leia o seu livro pelo menos três vezes e, aí pode ler de forma aleatória, para encontrar falhas. Se não as encontrar, comece a considerar o seu livro quase pronto. Pessoalmente leio passagens ao acaso – desta vez no computador e na última versão editada – para perceber se o texto faz sentido.

4         4 - SEJA PERFECIONISTA. Pode parecer exagero, mas este é um conselho de alguém que não é perfeccionista e teve que aprender ao longo do tempo que na escrita, tem que ser. Não tem nada que ver com a sua história, a sua marca de autor, ou com o género que escreve. Mais uma vez tem a ver com os erros, as falhas (temporais, históricas), porque não há nada mais desagradável para um leitor do que encontrar erros, uns atrás dos outros. Encontrei essa falha numa tradução de um romance de Anita Shreve, lamentável quando se trata de uma editora que devia oferecer um trabalho cuidado.

5         5 -   RELEIA ANTES DE CONTINUAR A ESCREVER. Estou a escrever outro romance, A CÁPSULA DO TEMPO, e comecei a experimentar outro método que aprendi com um escritor português consagrado ao ouvi-lo numa entrevista a uma televisão. Diz ele que revê sempre o que escreveu no dia anterior. Faz todo o sentido e estou a gostar desta nova forma de editar. É mais demorada, mas permite-me ver falhas mais cedo e dá-me a oportunidade de corrigir o texto antes de continuar. Este método, não invalida nenhuma das outras fases. 


Por último, para o baralhar mais ainda, o perfeccionismo é algo muito difícil de alcançar e pode ter a certeza que mesmo com este crivo todo o seu livro irá apresentar erros quase de certeza, que lhe escaparam. Como leitora voraz, num li um livro, que não tivesse um ou mais erros.

Como se sente em editar o seu próprio trabalho? Que perguntas tem sobre a edição? Tem alguma dica para partilhar com outros autores, para editar seu próprio trabalho? Se tem, não hesite em deixar na caixa de comentários.


sexta-feira, 3 de março de 2017

Como criar um vilão em 10 passos


Hoje vamos falar de vilões. Sou fascinada por vilões, dão vida e sabor aos livros. Quando li FLORES DA TEMPESTADE, de Laura Kinsale encontrei uma fileira de vilões que não estava à espera. 
 Os antagonistas, também são vários, uma família inteira, o que torna o livro muito interessante, para além de que o próprio protagonista aparece no início como um individuo perverso e sem escrúpulos. Este é um bom exemplo de um livro recheado de personagens más, que dão vida ao livro.

Ora se um livro for apenas água e açúcar, perde o interesse rapidamente – pelo menos para mim - , gosto de ler grandes narrativas em que os protagonistas enfrentem muitos obstáculos. É óbvio que não é fácil inserir tanto vilão na estória e, ainda assim manter o balanço da estória.  
Existe coisa mais assustadora do que um vilão numa história? E quando imagina que ele pode saltar das páginas do livro e andar livremente entre nós. Já ouviu falar em psicopatas domésticos? São um outro género de psicopatas que não tem necessidade de matar, mas que ao nível social e psicológico causam muitos estragos nas vítimas, não lhe restando alternativa senão fugirem deles.
 Há uns anos escrevi “O Homem do Deserto” com um psicopata como vilão e depressa o livro recebeu boas críticas dos leitores.
Existem vilões em todas as formas e tamanhos. O seu vilão pode ser um adolescente que inflige dor aos colegas de escola, chegando a torturá-los. Exemplo horrível, eu sei! Ou um simpático velhinho que se esconde atrás da sua figura frágil, mas no momento oportuno, mata sem piedade e sem motivo.
Não confunda por favor, um vilão com um antagonista. O vilão é retratado como alguém que tentará tudo para deter o protagonista ou tornar a sua vida bastante complicada. Geralmente, não possui a mesma profundidade psicológica do antagonista, porque, para o escritor, é mais interessante escondê-lo nas sombras, mostrar apenas as suas características negativas e justificá-las como o seu passado, não com as suas acções actuais. Desumanizá-lo pode servir para exaltar as características do herói.
O vilão é um antagonista, porque se opõe ao protagonista, porém, um antagonista não é um vilão. Confuso? Bem, existem alguns estereótipos que ajudam a entender melhor essa relação. Por exemplo, o antagonista condiz com o estereótipo do anti-vilão e do vilão trágico, além de outros.
O seu vilão pode ser humano ou abstracto. Vilões humanos são personagens que o herói deve derrotar para ganhar um final feliz. Por outro lado, vilões abstractos são algo, ao invés de alguém, que seu herói deve superar para alcançar seu sucesso.
 O vilão e o antagonista opõem-se ao protagonista, que costuma ser o herói da história e, o objectivo da sua existência na história é gerarem conflito, para que o leitor se mantenha interessado na história. Porém, o antagonista possui características redentoras, redime-se no final da história, enquanto o vilão terá um fim triste.

Sobre características redentoras
Um bom antagonista possui a sua própria história, um passado conturbado que explique as suas acções no presente. Além disso, ele não precisa ser completamente malvado e destituído de moral; ele pode ser um personagem interessante, pelo qual o leitor sentirá simpatia. Ele pode sentir culpa por suas acções, pode ser gentil a um determinado personagem, pode ser inteligente e engraçado, ter falhas, mas também ter qualidades. E, no final da sua história, ele pode ou não redimir-se pelo que causou, mas sem causar mais dano ao protagonista.
O vilão pode ser racional ou emocional. Alguns vilões são frios, não sentem culpa pelos seus crimes. Simplesmente querem ganhar. Os vilões racionais matam ou prejudicam calculadamente, sem razão aparente e sem remorso, são os chamados psicopatas. Os vilões emocionais são motivados a prejudicar os outros por causa do sofrimento do passado e ainda tem uma réstia de consciência.

Então crie o seu vilão desta forma

1 . Mantenha-se fiel ao seu personagem e ao tipo de vilão que pensou.

2. Tenha um plano para o personagem! Não tem sempre que o cumprir, isso depende do personagem, mas mantenha o foco no personagem senão o enredo vai sofrer.

3. Não tenha medo de ser mau. É divertido!

4. A tortura é sempre um bom "talento" para se ter. Imagine um vilão a torturar uma vítima. Isso não faz de si uma pessoa má. Já imaginou como Stephen King constrói as personagens? Dessa forma.  

5. Não tenha medo dos estereótipos, os vilões são clichê, mas a execução do clichê é o que importa. Pegue no cliché e torne-o seu, formate-o e altere-o para as suas necessidades e desejos.

6. Misture e combine personagens – mantenha as pessoas no suspense e a tentar adivinhar quem é quem e, ao mesmo tempo mantenha o enredo interessante para si. Não fique sempre preso à forma, experimente todos os tipos de vilões!

7. Não tenha medo deles, abrace sua vilania e separe-se de si mesmo para criar a personagem. É como encarnar um personagem no cinema.

8. Aprecie-os como personagens e não tente colori-los com características boas. Seja mau, e seja bom em ser mau.

9. A prática faz a perfeição! Pratique.


10. Não desista! Representar um bom vilão é difícil, mas quanto melhor o vilão, melhor o herói, e mais interessante o livro. 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

NOVO LANÇAMENTO - HELENA (ROMANCE)


Caros leitores, aqui está, como prometido, o meu novo livro. HELENA, é a história de uma jovem incauta, que vive numa época dolorosa da história de Portugal, e que de um momento para o outro vê o seu mundo ruir. Como gosto de escrever ficção usando a história, ou a psicologia, este livro tem as duas vertentes e, as personagens principais, são baseadas em depoimentos recolhidos durante a pesquisa feita por mim.
________________________________________________________________________________
Sinopse
Duas famílias de condição económica distinta cruzam as suas vidas por obra do acaso. Helena, jovem humilde, e Ricardo, herdeiro de um latifúndio, quando se apaixonam, estavam longe de imaginar que existiam segredos ocultos que diziam respeito aos dois e que os impedia de ficarem juntos.  
Helena é obrigada a abandonar a casa onde cresceu e perde Ricardo de vista, um Ricardo que ela não conhecia tão bem como imaginava. Também ele escondia segredos que o punham em perigo constantemente.
 Ao chegar a Lisboa, entregue a si própria, cai numa armadilha de uma proxeneta. Helena era uma pérola que qualquer bordel da cidade cobiçava. Ao entrar nessa casa de luxo, disfarçada de pensão, nunca mais consegue ser dona de si e, para seu desespero, Ricardo desaparece também...em 1941, Lisboa era uma cidade perigosa.


HELENA é a história de uma jovem que, na década de quarenta enfrenta uma alta sociedade portuguesa moralista e perversa, resultado do obscurantismo em que o país vive mergulhado, e que depois de muito lutar, por via do acaso, se vê a braços com uma vida que ela não desejou. 

_________________________________________________________________________________


O livro já está à venda em ebook e em papel (capa comum), aqui.  , em todas as lojas da AMAZON. 


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

6 coisas que não deve fazer quando inicia um blog de escritor


Ter uma plataforma de autor bem montada e que torne visível o seu trabalho é fundamental para crescer enquanto escritor independente. No entanto, há pequenos – grandes – erros que todos cometemos quando queremos à força toda tornar visível o nosso trabalho e, um deles passa por pensar que só a troco de publicidade paga se consegue lá chegar. Comecei o meu primeiro blog sobre psicologia em 2007 e felizmente tem-me trazido muitos benefícios profissionais.
O Pérolas para a Alma passou por uma fase experimental com outros nomes e finalmente encontrou o seu lugar no nicho crescendo as visitas dia após dia e, atualmente é o blogue em que invisto mais. 
 Deixo-lhe aqui cinco sugestões de erros a evitar.

1 – Não escreva só para manter o blog com texto atualizado, escreva sobre temas que interessem aos leitores e, para isso faça pesquisa no google e nas redes sociais sobre os temas quentes no nicho em que publica.

2- Não crie um blog apenas com os seus livros, ofereça ao leitor outro tipo de informações úteis, mesmo sobre si e sobre o que pensa. Se não se sentir confortável com isso, faça criticas sobre livros de outros autores. Mas faça criticas construtivas, não existe nada pior para um leitor que um escritor que destrói outro. Os leitores confiam nos seus escritores e gostam que eles sejam boas pessoas.  

3 – Não queira fazer o blog todo de uma assentada. Vá construindo até chegar ao que pretende. Até os sites são construídos dessa forma. Não existem estruturas estáticas nesta área. Se não gosta de algo no seu blog talvez os seus leitores também não gostem.

4 – Não pense que vive bem sozinho. Na blogosfera precisamos uns dos outros. Visite e comente outros blogues que lhe interessem, é uma forma de divulgar o seu, mas não o faça apenas por interesse. Se puder faça parcerias e coloque links para os blogues que segue. Um dia vão retribuir e linkar o seu também.

5 – Não pague publicidade pensando que vai captar mais público para o seu blog. Tal prática é apenas um engano, pois só ficará com a carteira mais vazia. As únicas formas de captar público são através de ferramentas de SEO e, com o tempo. Convença-se que o seu blog vai estar algum tempo num patamar baixo com poucas visitas.  


6- Nunca abandone o blogue por muito tempo. Vai dar uma imagem de desleixo.