sábado, 25 de junho de 2016

George R.R. Martin e Stephen King à conversa sobre livros e a vida



O escritor norte-americano Stephen King, foi entrevistado pelo também escritor George R.R. Martin, autor de ‘Game of Thrones‘. A entrevista entre os dois gigantes aconteceu em Albuquerque, cidade do Estado do Novo México, nos EUA. No vídeo, que está disponível no Youtube, Stephen King crítica a lógica do controlo de armas nos Estados Unidos.
A entrevista teve vários momentos muito engraçados e descontraídos. Um deles quando George pergunta a Stephen “Como raio é que escreves tantos livros e tão depressa?”
King explica que escreve três a quatro horas por dia, produzindo cerca seis de páginas e, que se os livros tiverem uma media de 360 páginas, demora cerca de dois meses a escrever um livro. O segredo é apenas trabalho e trabalho.

Martin continua a pressionar e pergunta “Não tens um dia em que te sentas para escrever e é como se estivesses constipado, sentes-te entupido, e vais ver o email, escreves uma palavra e voltas ao email e sentes que tens o talento de um canalizador?”
E King responde. “ Não!” 


Os dois gigantes discutem ainda a origem do mal e a forma como King o aborda nos seus livros. Nos livros de King o mal vem de dentro, das pessoas, diz Martin para King. King responde que acredita que o mal é humano, não vem do exterior e que o ser humano tem coisas boas e más e são essas facetas que gosta de explorar nos seus livros.

Deixo-vos aqui a entrevista na integra, para que possam apreciar estes dois escritores que são um exemplo de trabalho e talento.




domingo, 19 de junho de 2016

GUIA DAS EXPRESSÕES FACIAIS PARA USAR NO SEU LIVRO



A coisa mais CHATA para um leitor, é não conseguir visualizar o personagem e, essa falha, é o suficiente para o livro ser abandonado. O seu livro pode ser curtinho, sobre um tema muito batido, cliché até, mas se as personagens forem visíveis, o leitor fica. Há mercado para todos os géneros.
 Os escritores precisam de boas descrições de expressões faciais nas suas histórias para ajudar os leitores a retractar os personagens, para transmitir emoções, e estabelecer linhas de diálogo sem ter que escrever ", disse" milhares de vezes, ou qualquer de seus sinónimos. No entanto, não quer dizer que não use esse auxiliar descritivo ocasionalmente, chato para quem lê é, diálogo, após diálogo, deparar-se com o “disse ele, disse ela”. Não é fácil para quem escreve recorrer a um sem número de ideias para contar as mesmas descrições uma e outra vez.

Com base nas minhas pesquisas e listas que fiz para uso próprio, compilei este auxiliar que pode ter afixado na sua frente enquanto escreve, ou, mais tarde, reescreve o seu livro. Lembre-se que, quando coloca o ultimo ponto final, o livro é apenas um esboço. A história que prende o leitor nasce depois que o deixar “repousar” algum tempo e voltar a trabalhar a história e as personagens com mais afinco. Todos os autores independentes passam pelo mesmo – a pressa de publicar – mas, acredite, essa não é uma boa prática e falo por experiência própria.  

As expressões apresentadas são faciais. Note-se que algumas delas trabalham mais de uma emoção, uma pessoa pode estreitar os seus olhos de vingança ou cepticismo, por exemplo, e a sua cara pode ficar vermelha de raiva ou de vergonha.

Algumas delas exigem um pouco mais de explicação da parte do autor. Você vai ter que dizer para onde a personagem está a olhar, o que está a fazer, ou se seu rosto está se contorcendo de raiva, tristeza, ou outra emoção qualquer. E nem todas as emoções servem para trabalhar cada personagem, depende da personalidade deles e como reagem às coisas.

Algumas não são exactamente expressões faciais, mas podem ser úteis na mesma. A lista contém várias maneiras de descrever a mesma coisa.

Estas descrições de expressões faciais não são propriedade de ninguém, portanto use à vontade.

OLHOS / SOBRANCELHAS
Os seus olhos arregalaram-se
Os seus olhos rodaram nas orbitas
Os seus olhos estreitaram-se
Os seus olhos iluminaram-se
Os seus olhos dispararam
Ele olhou
Ela piscou
Seus olhos brilharam
Seus olhos brilhavam
Os seus olhos ardiam com ...
Os seus olhos brilhavam com ...
Os seus olhos brilhavam de ...
 Brilhava nos seus olhos
Os cantos dos olhos estavam franzidos
Ela revirou os olhos
Ele olhou para o céu
Ela olhou para o tecto
Lágrimas encheram os seus olhos
Seus olhos se encheram de lágrimas
Seus olhos nadaram em lágrimas
Os olhos inundados de lágrimas
Seus olhos estavam molhados
Seus olhos brilhavam
As lágrimas brilhavam nos seus olhos
Lágrimas brilhavam nos seus olhos
Os seus olhos estavam brilhantes
Ele estava lutando contra as lágrimas
As lágrimas corriam pelo seu rosto
Os olhos fechados
Ela fechou os olhos
Ele fechou os olhos
As suas pestanas
Ela bateu os cílios
As sobrancelhas ralas
A testa franzida
A testa enrugada
Uma linha apareceu entre suas sobrancelhas
Suas sobrancelhas se juntaram
As sobrancelhas juntas
Suas sobrancelhas se ergueram
Ela levantou uma sobrancelha
Ele levantou uma sobrancelha
Ela deu-lhe uma olhadela
Ele mediu-a com o olhar
Seus olhos perfuraram os dele
Ele olhou
Ela olhou
Ela examinou
Ele estudou
Ela ficou boquiaberta
Ele observou
Ela pesquisou
Ele olhou de soslaio
As suas pupilas estavam dilatadas
Suas pupilas eram enormes
Os seus olhos queimavam

NARIZ 
Ela enrugou o nariz
O nariz enrugado
Ela zombou
Suas narinas
Ela espetou o nariz no ar
Cheirou
Ela fungou

BOCA
Ela sorriu
Ele sorriu
Sua boca se curvou num sorriso
Os cantos da sua boca transformaram-se
Os cantos da sua boca curvaram-se
Um canto da sua boca elevou-se
 A sua boca se contorceu
Ele deu um meio sorriso
Ela deu um sorriso torto
A boca torcida
Ele mostrou um sorriso no rosto
Ela forçou um sorriso
Ele fingiu um sorriso
Seu sorriso desapareceu
Seu sorriso escorregou
Ele franziu os lábios
Ela fez beicinho
Sua boca se fechou
A boca transformou-se numa linha dura
Ele apertou os lábios
Ela mordeu o lábio
Ele desenhou seu lábio inferior com os dedos
Ela mordeu o lábio inferior
Ele mordeu o lábio inferior
A sua mandíbula apertada
Um músculo na sua mandíbula contraiu-se
Ele contraiu a sua mandíbula
Ele rosnou
Ele recuou num grunhido
Sua boca se abriu
Seu queixo caiu
Sua mandíbula afrouxou
Ele cerrou os dentes
Ela rangeu os dentes
O lábio inferior tremeu

PELE
Ela empalideceu
Ele empalideceu
Ela ficou branca
A cor fugiu-lhe do rosto
Seu rosto ficou vermelho
Suas bochechas ficaram rosadas
O rosto corado
Ela corou
Ele ficou vermelho
Ela virou escarlate
Um rubor subiu pelo rosto

FACE INTEIRA
Ele fez uma careta
Ela franziu o rosto
Ele fez uma careta
Ela estremeceu
Ele lançou-lhe um olhar porco
Ele franziu a testa
Ela fez uma careta
Ele encarou
Todo o seu rosto se iluminou
Ela se iluminou
Seu rosto ficou branco
O rosto contorcido
Sua expressão fechada
Sua expressão embotada
Sua expressão endureceu
A sua face fechou-se dura
Uma veia saltou para fora do seu pescoço
O espanto transformou o seu rosto
 O medo atravessou seu rosto
A tristeza nublou as suas feições
O terror ultrapassou o seu rosto
O reconhecimento despontou no seu rosto


Espero que a lista seja útil e até ao próximo post. 

sábado, 11 de junho de 2016

Como ter ideias para um romance


Há sempre quem julgue o escritor como alguém que nasceu inspirado, quiçá alguma competência que os deuses lhe deram por magia, ou  tão inteligente que tira histórias da mente, como um mágico tira coelhos da cartola.  Pois bem, fora de brincadeiras, o escritor é alguém que se esforça muito para chegar a um bom nível de escrita, seja qual for o género em que escreve. Mesmo no romance, considerado o género menor da literatura, requer muito empenho e pesquisa da parte de quem escreve para que a matéria desperte interesse ao leitor. Então, os escritores, são pessoas normalíssimas - que tentam fugir à normalidade - e que se distinguem das outras pessoas, por passarem a vida agarrados ao computador a escreverem histórias.

Os escritores são pessoas que transportam sempre um caderninho para apontar ideias - os do século XX, como eu, os mais novos tomam notas nos seus aparelhos sofisticados - que apanham no ar, uma ideia ou conversa que pode ser tema de um livro, mas que acima de tudo estudam muito , lêem muito, viajam, mas, acima de tudo observam a realidade à sua volta, a um nível global, graças à internet.
Não há escritor que não coloque pedaços de si e da sua própria vida em cada livro que escreve. quem já leu Gabriel Garcia Marquez, sabe que os livros dele retratam muitas das suas vivências. Ele próprio, afirma que o fez.
 Lesley Pearse, inspirou-se na sua vida da infância, vivida com dificuldades, para compor algumas personagens. Obviamente que ter-se inspirado em vivências suas, não significa que o livro seja a história de vida da pessoa, tratam-se de adaptações de proximidade com a vida das pessoas que serviram de inspiração.
Uma imagem, paisagem, acontecimento ou fenómeno da natureza podem servir de gatilho e daí resultar uma ideia que depois de pensada e desenvolvida durante dias, meses ou anos, poderá vir a tornar-se num livro.  Victor Hugo, escritor do século XIX que escreveu alguns romances, entre os quais "Os Miseráveis", inspirou-se nas vivências politicas tumultuosas da época - ao ponto de ter que se exilar de França - para escrever peças de teatro, romances e outros.

 É escritor iniciante, ou está a pensar meter mãos à obra, na tarefa de escrever um livro, e não sabe por onde começar?

Em primeiro lugar defina qual o género em que se sente confortável a escrever. Que género de livros lê mais? Pense nisso.
 Pessoalmente comecei pela poesia - porque me interessei e li muito - mas ainda hoje tenho tudo escondido na "gaveta". Há dias um colega do tempo de liceu recordou-me que eu escrevia nesse género quando tinha dezasseis anos.
Quando tive curiosidade em aprender mais sobre escrita, sempre pensei no romance. Iniciei a minha produção literária com uma saga familiar inspirada em factos reais ( Anna e Gabrielle) e, mais tarde comecei a escrever romances, que me dão muito prazer escrever. O meu primeiro livro continua a ser o meu preferido porque fiz o que quis. No entanto, não é dos mais vendidos,  porque é um drama e, as tendências de mercado no género romance, são para temas mais leves e com muito sexo. Não é o caso desta saga familiar que atravessa quatro gerações e que fala de incesto, um tema tabu na sociedade.
Há dias uma leitora do Brasil, deixou uma avaliação de 5***** no meu livro "O Homem do Deserto", confessando que tinha sido atraída pela sinopse, pois é fascinada por outras culturas; no entanto, viu-se surpreendida por uma trama que descreve um psicopata, personagem transversal a todas as culturas. E agora que falei no assunto acabei de recordar onde fui buscar a ideia para construir a personagem: a uma descrição que um colega fez de um psicopata que tinha acompanhado nos anos oitenta, em sessões de psicoterapia. Claro que a personagem nada tem a ver com a pessoa real a não ser na patologia. Qualquer escritor se pode socorrer da internet para pesquisar sobre psicologia e construir personagens, uma vantagem que os escritores anteriores ao fenómeno da internet, não possuíam tendo sempre que socorrer-se de outros livros. Há que saber filtrar a informação encontrada na net, nem tudo é verdade.
 A escrita, para mim, é a minha evasão pessoal, do final de um dia repleto de emoções, cansativo, gratificante e pleno de dramas de vida. É nesse mundo, o da escrita e da psicologia, que me sinto bem e realizada. Não tenha aspirações a ser uma romancista conhecida, nem a fazer a diferença no meio literário, só quero escrever.
  Gosto de histórias de vida  e é aí que vou buscar a minha fonte de inspiração. Esse é o meu "segredo". Escrevo sobre dramas da vida humana. Onde vou buscar a minha inspiração? Às minhas vivências, viagens, centenas de histórias de vida que já ouvi por via da minha profissão, de cenas que observo no dia a dia, nos livros que já li e leio, na natureza...tudo me serve para contar uma história. Neste momento tenho quatro livros pensados - são apenas ideias, ainda - trabalho para muito, mas, muito tempo mesmo, mas que um dia vai estar à venda.
Qual dúvida que tenham, podem contactar-me atráves de email (lidiacraveiro@gmail.com, ou ambrablanchett@gmail.com), e terei todo o gosto em responder a dúvidas, se souber.