terça-feira, 31 de outubro de 2017

Entrevista com a escritora Michelle Louise Paranhos



Há uns tempos tive oportunidade de ler um livro desta autora Brasileira e fiquei fã da sua escrita, bem como da pessoa que ela é. Estamos separadas pelo oceano, mas temos em comum a língua e a comunhão de alguns pensamentos que vamos trocando pelo messenger. 

"Ponto de Ressonância" foi o primeiro livro que li escrito pela Michelle e tenho em lista de espera "Tsara, ir até ao fim e depois voltar". Recentemente lançou outro titulo na amazon que já está a fazer sucesso "Blog 3k -Trolados pela vida adulta". 
Para divulgar o seu trabalho - que vale a pena conhecer - pedi-lhe esta entrevista que ela gentilmente cedeu. 

Vamos conhecê-la. 


Quem é a Michelle Louise Paranhos? Fale-nos um pouco sobre você.
R: É bem interessante imaginar que já respondi a essa pergunta algumas vezes em diferentes contextos e a cada vez eu percebi que dei respostas diferentes. Falar de mim é uma icógnita. A pouco tempo eu teria uma resposta pronta,hoje considero uma das perguntas mais dificeis a responder. Talvez isso fale mais sobre mim do que a resposta propriamente dita.
No geral posso dizer que sou professora aposentada de ensino fundamental especializada em trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais. Estou casada há 24 anos, tenho três filhos adolescentes sendo que a caçula foi a minha fonte de inspiração para meu livro Coisas de Lorena , que é um livro sobre histórias vividas por ela e ilustrado também por ela . Elaé especial.
Sou blogueira também e ajudo a leitores na divulgação da literatura em meu país. É pouco , eu sei, mas faço o que posso para contribuir.

Quando percebeu que um dia ia ser escritora?
R: Não percebi,na verdade. Sou da época que só CDFs tinham vontade de ler e escrever. E isso não era visto com bons olhos e era motivo daquilo que hoje é chamado bullying. O termo ainda não existia naquela época,e a literatura não tinha esse glamour nem tão pouco estava banalizada como é hoje.
 Ninguém virou para mim naquele tempo e disse: olha, você pode ser escritora!
A escrita sempre foi – e continua sendo, infelizmente- uma segunda opção de carreira, quando muito,apenas  sendo vista como hobby muitas vezes. Ninguém acha que ser escritor é uma carreira profissional . Mas isso é assunto para outro questionamento. A verdade é que comecei a escrever apenas na maturidade, após me aposentar da educação, e por influência de meu marido. Não que me faltasse desejo. Faltava era acreditar em mim mesma, meu desejo é me profissionalizar como escritora,mas o mercado está muito confuso e me decepciono um pouco pela banalização da escrita atual.

De onde surgem os personagens? De alguma forma se relacionam com alguém que você conhece?
R: Os personagens surgem da vida, de conversas entrecortadas, interrompidas. Acho que muitos personagens talvez existam na vida real, talvez com outros nomes...
A melhor critica que recebi foi de uma leitora que disse que se encontrrasse minha personagem na rua “seus santos não bateriam “(risos) e mais adiante ela confessa de que o que a incomoda na personagem é o fato de serem parecidas nos defeitos . Achei isso o máximo. Causei uma grande identificação nesse leitora e hoje ela é minha fã mas especialmente minha amiga.

Qual o seu livro e autor favorito? Guia-se por ele na escrita dos seus livros?
Não tenho um livro favorito. Nenhum. Todos , em  algum momento, foram importantes para mim. E como não tenho livro favorito posso dizer que absoultamente todos me influenciaram.  Mas, ao ter que definir apenas um autor eu opto por Érico Veríssimo para meus romances dramáticos e por Luis Fernando Veríssimo para meus romance com um toque de humor irônico. Este  último e o autor Millôr Fernandes, aliás, foram minha fonte de inspiração literária para meu livro mais recente- Blog 3k- Trollados pela vida adulta.

Qual é a sensação de ir a uma loja e encontrar um livro seu à venda?
R: Ainda não tive essa sensação e não sei se a terei. Por conta dos custos de ter que imprimir novas tiragens de livros físicos, acabei optando por Amazon e só tenho até agora versão ebook de meus últimos livros. É cruel dizer mas não tenho dinheiro para comprar meus próprios livros. A literatura para mim ainda não é retroalimentadora e com oque recebo de uma publicação ainda não custeio a seguinte. Assim não tenho lucros e fico presa a meu próprio orçamento doméstico e a crise em meu país está muito forte e por tempo demais.

Já alguma vez se cruzou com alguém a ver um livro seu?
R: Já! Mas em rede social. Gente que nunca pensei que estaria lendo meu livro e estava ! Foi muito bom. Mas como o livro ainda não chegou às livrarias físicas o grande público ainda não o lê nas ruas.
Por outro lado,encontrar alguém lendo na rua, mesmo livros digitais é algo raro. As pessoas leem como hobby, e isso tem que rivalizar com o tempo dedicado às series de TV e outros passatempos. Livro não é prioridade e perdeu seu aspecto de formador de opinião.

Atualmente, cada vez é mais difícil publicar um livro, principalmente devido a motivos
Financeiros. Qual foi a vossa maior dificuldade que encontrou para publicar?
R: Dinheiro. Custo de vida alto aqui no Brasil, fechamento de grandes redes de livraria que cobram muito para expor o livro e , principalmente, falta de recursos para tiragens físicas.

Enquanto está a escrever, partilha a sua história com alguém para pedir conselhos? Ou numa plataforma como a Wattpad?
R: Esse assunto é complexo, a resposta é não e vou explicar o motivo. Eu tenho por hábito pedir para meu marido ouvir os capítulos e ele dá algumas ideias,mas a palavra final é sempre minha. Raramente eu me deixo influenciar. Minha criação é domínio meu. Atuo como leitora beta, mas não gosto de leitura beta durante a construção e quando muito peço leitura critica especializada após a conclusão. Em meu primeiro livro, por eu não ser psicóloga e abordar assunto de personalidade, recorri à uma leitora critica especializada (psicóloga) para ler a trama.

Quanto tempo demora a escrever um livro?
R: Varia muito. Coisas de Lorena eu demorei quatro anos recolhendo material para o livro num trabalho quase jornalístico. Mas o escrevi em seis meses efetivamente. Tsara eu levei um ano e meio escrevendo e publiquei este ano, am Abril. Em Agosto escrevi Blog3k-Trollados pela Vida adulta numa incrível maratona de um mês de escrita e já publicação. Escrevia quatro capítulos e enviava para a diagramadora que revisava novamente e diagramava e me mandava para nova revisão e eu enviava novos capítulos. Foi um trabalho de muita parceria e que deu muito certo. O trabalho está sendo muito elogiado.

Dedicam quanto tempo à escrita por dia?
R: Eu estou escrevendo até quando não estou diante do computador.Estou sempre imaginando histórias e prestando atenção a tudo em minha volta para aproveitar para um texto. Escrevo crônicas também, então sempre atenta.

Como surgem as ideias para escrever um livro?
R: Meu próximo livro, o tema veio de presente. Uma amiga viu um filme e, após ler meu livro Tsara, ela virou para mim e disse que “aquele tema era a minha cara”. E não é que me apaixonei pelo tema? Já estou em fase de pesquisa. Vou lançar ano que vem.

Gosta de trabalhar em silêncio absoluto ou prefere ouvir música enquanto trabalha?
R: Gosto de algum silêncio, mas não raro escrevo com televisão ligada e algumas vezes até uso alguma noticia como fonte de inspiração. Fora que como tenho crianças e cachorros...silêncio é artigo de luxo por aqui em casa srsrs.

Das obras que escreveu, tem alguma que seja a sua favorita?
R; Não. Cada obra eu escrevi num momento único de minha vida mas atualemte tenho um grande carinho por Blog 3K pelo fato de que eu o usei para colocar para fora algumas questões que estavam me incomodando.Não sinto receptividade em Blogs e mesmo entre meus colegas de escrita porque a maior parte da faixa etária que frequenta redes sociais são de adolescentes e...adultescentes. São adultos que se comportam como se adolescentes fossem.Não dá ibope hoje ser adulto , então os adultos fazem força para adentrar o universo de seus filhos (quando os têm) e se comportam de igual para igual. Além disso, eu fui convidada a deixar um blog porque minhas resenhas tinham um olhar de “gente velha”e o blog queria jovens resenhistas com menos de 20 anos para o quadro deles. Tenho 45 anos.

Se estivesse agora a começar a sua carreira como escritora, mudariam alguma coisa?
R: Sim. Eu teria começado mais cedo e teria iniciado meus estudos em literatura mais cedo também. Uma coisa que tenho percebido é a fata de representatividade em autores/leitores com mais de 25 anos. Em miha faixa etária então, são poucos . Hoje, em tempos de quedas de livrarias físicas, as livrarias online e plataformas dominam o mercado mas o predomínio de textos são de adolescentes e jovens adultos.

Compare a situação da literatura no Brasil relativamente aos outros países. Acha que teria mais ou menos sucesso se publicasse as mesmas obras mas noutros países?
R:Sem dúvida. O público daqui não valoriza o escritor. Penso em publicar em outros países se tiver como traduzir meus livros. A Amazon permite isso,de certa forma.

Qual dos seus livros teve um maior sucesso?
R: Em termos de downloads parece que foi Tsara, porque quando o coloquei gratuito foram quase 490 livros braixados. Porém, baixar livro não significa ler e não tenho como efetivamente controlar isso. Mas o livro esteve diversas vezes em primeiro lugar entre os mais baixados e mais vendidos.
Em livro físico tive dois grandes sucessos: Coisas de Lorena e Ponto de Ressonância.
Meus livros são muito diversos e em várias categorias,é dificil compará-los.





sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Barão - Joanna Shupe (Opinião)

SINOPSE
William Sloane, barão dos caminhos de ferro, conseguiu singrar a pulso na sociedade, desafiando todos aqueles que não o julgavam capaz de tal feito - a começar pelo próprio pai.
Mas tem uma insaciável sede de poder, precisa sempre de mais. Agora, parece sentir o chamamento da vida política, e nada o distrairá do seu objetivo. Nada, talvez, a não ser a encantadora trapaceira Ava Jones…

Desde sempre que Ava se aproveita da vulnerabilidade dos mais incautos para ganhar a vida e sustentar os irmãos. Apelidando-se de Madam(e) Zolikoff, convence o seu público de que consegue comunicar com o mundo dos espíritos. Mas Will Sloane parece estar prestes a destruir a sua reputação. Se ao menos ela conseguisse seduzir o deslumbrante milionário, ele guardaria o seu segredo, e, quem sabe, pudesse até tirar partido das habilidades dela para a sua campanha…


Mas conseguirá ela enfeitiçar o arrogante homem de negócios, ou será que ela própria já foi enfeitiçada?

A AUTORA
Joanna Shupe foi sempre fã de História, devorando avidamente romances históricos até ganhar coragem de pegar ela própria na pena.
Desde então, já venceu o prestigiado Golden Heart® Award da Romance Writers of America.
Magnata, o primeiro volume da série Knickerbocker Club, foi considerado um dos melhores livros de 2016 pela PublishersWeekly, o Washington Post e a Kobo.
A autora vive atualmente nos Estados Unidos com as filhas e o marido.





OPINIÃO
Quem já me conhece sabe da minha paixão por livros desde sempre e, desde sempre também fui atraída por uma bonita capa. Não sou nada adepta de capas minimalistas. Em primeiro lugar adorei a capa, mas depois de ler a sinopse, resolvi comprar o livro e desta vez não o coloquei na pilha por ler, devorei-o de imediato.
 ENCANTADOR E MUITO BEM ESCRITO. 
Apesar de o livro pertencer a uma série, lê-se perfeitamente de forma isolada. Foi a minha primeira leitura desta autora e fiquei bastante agradada. Uma história bem documentada no tempo histórico, enquadrada numa época conturbada nos USA e com um ingrediente sempre do agrado do publico feminino: o amor e a diferença social. No entanto o livro tem outro ingrediente, mais picante  - o erotismo -, e que neste livro é bastante explicito. Para quem gosta de livros eróticos que misturem, romance, história e até uma parte policial, este é perfeito.

Avaliado por mim em 5***** na Goodreads e na Wook. 

PS. Enquanto não existem novidades nos meus livros, divulgo o que vou lendo, mas, fiquem atentos, estou a finalizar o primeiro rascunho de A DOÇURA DA NOITE e, lá para o final do ano vai sair o livro. 

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Ao Fechar a Porta - Opinião

Há muito tempo que não lia um thriller tão bem concebido, com um tema que não é assim tão distante da realidade como julgamos.
Confesso que o meu "olho clínico" desconfiou logo da personagem masculina numa primeira apresentação, mas...há sempre um mas...afinal o homem parecia ser mesmo boa pessoa.
É um livro de dar pulos na cadeira - ou onde quer que o esteja a ler - e, a autora fundamentou-se muito bem para criar um psicopata daqueles que dão arrepios de medo. O tema da violência doméstica vem à baila numa forma que se encontra muitas vezes na prática clínica, se bem que, nem sempre assume contornos tão macabros. Os psicopatas do quotidiano existem, estão escondidos por aí, na mente de pais, filhos, maridos, amantes, etc, mas raramente chegam a matar alguém. Não desvendo mais para que possam usufruir desta leitura arrepiante e compulsiva. Confesso que li o livro em dois dias e que perdi algumas horas de sono para o terminar. Quem me conhece um pouco sabe que sou apaixonada pela mente humana e por um bom thriller.
Recomendo e avaliei em 5*****


A AUTORA


B. A. Paris, de ascendência franco-irlandesa, nasceu e cresceu em Inglaterra em 1958. Foi viver para França, onde trabalhou durante alguns anos num banco internacional até se formar como professora e fundar uma escola de línguas com o marido. Este é o seu primeiro romance, que teve um excelente acolhimento por parte da crítica literária e um retumbante sucesso mundial, com mais de um milhão de exemplares vendidos. A sua publicação está assegurada em mais de 35 países e tem direitos vendidos para o cinema. B. A. Paris vive em França com o marido e as cinco filhas de ambos.


Sinopse

Quem não conhece um casal como Jack e Grace? Ele é atraente e rico. Ela é encantadora e elegante. Ele é um hábil advogado que nunca perdeu um caso. Ela orienta de forma esmerada a casa onde vivem, e é muito dedicada à irmã com deficiência. Jack e Grace têm tudo para serem um casal feliz. Por mais que alguém resista, é impossível não se sentir atraído por eles. A paz e o conforto que a sua casa proporciona e os jantares requintados que oferecem encantam os amigos. Mas não é fácil estabelecer uma relação próxima com Grace... Ela e Jack são inseparáveis. Para uns, o amor entre eles é verdadeiro. Outros estranham Grace. Por que razão não atende o telefone e não sai à rua sozinha? Como pode ser tão magra, sendo tão talentosa na cozinha? Por que motivo as janelas dos quartos têm grades? Será aquele um casamento perfeito, ou tudo não passará de uma perfeita mentira?

domingo, 1 de outubro de 2017

Novidade - A Última Viúva de África



SINOPSE
Alice Oliveira, nascida e criada no Minho, num meio pobre e sem outros horizontes a não ser o casamento com algum camponês borrachão e a criação de uma enorme e desgraçada prole, ou o trabalho duro nas fábricas locais, cedo tomou as rédeas do seu destino.

Nos anos cinquenta do século passado terá emigrado para o continente africano, pertencendo ao reduzido número de portugueses que permaneceu na antiga colónia belga do Congo após a independência.

Conhecida nesses tempos por Madame X pelas autoridades portuguesas, para quem trabalhava como informadora, e por Kisimbi, a «mãe», pelos mercenários que combatiam em prol da secessão do Catanga, ela permanece uma figura misteriosa, que ganha contornos bem definidos neste romance, A Última Viúva de África, onde se recria o percurso de vida, os motivos, os encontros e desencontros e a rede de contactos que fizeram dela a amante frustrada do continente africano, a viúva branca de um paraíso perdido com a descolonização.

O AUTOR


Carlos Vale Ferraz, pseudónimo literário de Carlos de Matos Gomes, nasceu a 24 de julho de 1946, em Vila Nova da Barquinha. Foi oficial do Exército, tendo cumprido comissões em Angola, Moçambique e Guiné. O seu romance Nó Cego (1983) tornou-se de referência obrigatória na ficção portuguesa sobre a guerra colonial.
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema e à televisão, e colaborou com Maria de Medeiros no argumento do filme Capitães de Abril.

É investigador de História Contemporânea de Portugal. Publicou, como Carlos de Matos Gomes e em coautoria com Aniceto Afonso, os livros Guerra Colonial, Os Anos da Guerra Colonial e Portugal e a Grande Guerra.