sexta-feira, 23 de novembro de 2018
domingo, 18 de novembro de 2018
Origem, Dan Brown - Opinião
Dan Brown
Sinopse
Bilbau, Espanha.
Robert Langdon, professor de simbologia e iconologia
religiosa da universidade de Harvard, chega ao ultramoderno Museu Guggenheim de
Bilbau para assistir a um grandioso anúncio: a revelação da descoberta que
«mudará para sempre o rosto da ciência.» O anfitrião dessa noite é Edmond
Kirsch, bilionário e futurista de quarenta e dois anos cujas espantosas
invenções de alta tecnologia e audazes previsões fizeram dele uma figura de
renome a nível global.
Kirsch, um dos primeiros alunos de Langdon em Harvard, duas
décadas atrás, está prestes a revelar um incrível avanço científico… que irá
responder a duas das perguntas mais fundamentais da existência humana. No
início da noite, Langdon e várias centenas de outros convidados ficam
fascinados com a apresentação tão original de Kirsch, e Langdon percebe que o
anúncio do amigo será muito mais controverso do que ele imaginava. Mas aquela
noite tão meticulosamente orquestrada não tardará a transformar-se num caos e a
preciosa descoberta do futurista pode muito bem estar em vias de se perder para
sempre.
Em pleno turbilhão de emoções e em perigo iminente, Langdon
tenta desesperadamente fugir de Bilbau. Tem ao seu lado Ambra Vidal, a elegante
diretora do Guggenheim que trabalhou com Kirsch na organização daquele
provocador evento. Juntos, fogem para Barcelona, com a perigosa missão de
localizarem a palavra-passe que os ajudará a desvendar o segredo de Kirsch.
Percorrendo os escuros corredores de história oculta e
religião extremista, Langdon e Vidal têm de fugir de um inimigo atormentado que
parece tudo saber e que parece até de alguma forma relacionado com o Palácio
Real de Espanha… e que fará qualquer coisa para silenciar para sempre Edmond
Kirsch.
Numa viagem marcada pela arte moderna e por símbolos
enigmáticos, Langdon e Vidal vão descobrindo as pistas que acabarão por
conduzi-los à chocante descoberta de Kirsch… e a uma verdade que até então nos
tem escapado e que nos deixará sem fôlego.
OPINIÃO
Mais uma leitura que me deixou presa ao argumento desde o inicio do livro. Ao seu estilo habitual, o autor alterna os capítulos com os pontos de vista dos personagens de uma forma que a narrativa não perde interesse. Desta vez, temos a velha questão da origem da vida. De onde vimos? Pergunta a quem o autor responde usando Kirsch, assassinado no dia em que iria fazer a revelação da sua descoberta ao mundo. Usando a ciência por oposição às religiões explica como uma irá substituir a outra e tornar-se - no ponto de vista da personagem -, a nova religião.
O grande tema deste livro é a inteligência artificial no seu desenvolvimento mais provável, quando os computadores conseguirem "pensar" de forma autónoma suplantando os seus programadores.
De onde vimos e para onde caminhamos?, as perguntas que vão sendo respondidas ao longo do livro, não custam muito a acreditar.
Desde que a Websummit nos apresentou a robot Sofia e a sua inquietante entrevista que a fição ficou mais perto da realidade.
O enredo que o autor desenvolveu e do qual Langdon é mais uma vez protagonista, fez-me acompanhar o argumento com sofreguidão. A imaginação prodigiosa do autor, leva-nos por uma viagem desde Bilbau, Dubai, Hungria, e Barcelona até à casa Milá de Gaudi e à Sagrada Família, onde vamos descobrindo as voltas e reviravoltas deste prodigioso romance policial.
Dan Brown, é uma autor controverso e os comentários a este livro nem sempre são positivos, já li opiniões muito negativas acerca do livro. Este é o segundo livro que leio do autor e, como milhares de portugueses li o Código Da Vinci sem conseguir despegar os olhos do papel. A Origem é tão instigante quanto o Código.
O Autor
O escritor norte-americano Dan Brown nasceu em 1965 em New
Hampshire, nos Estados Unidos da América, sendo filho de um professor de
Matemática e de uma intérprete de música sacra. Brown estudou no liceu local e
mais tarde licenciou-se na Universidade de Amherst.
Mudou-se para Los Angeles onde tentou fazer carreira como
compositor, pianista e cantor. No entanto, este plano de vida fracassou e Dan
Brown acabou por ir estudar história da arte em Sevilha, em Espanha.
Entretanto, a meias com a mulher, escreveu o livro 187 Men to Avoid: A Guide
for the Romantically Frustrated Woman.
Em 1993 regressou a New Hampshire para se tornar professor
de inglês na escola onde tinha estudado. Passados dois anos, os serviços
secretos norte-americanos foram à sua escola buscar um aluno que consideravam
uma ameaça nacional por ter escrito, na Internet, que era capaz de matar o
presidente Bil Clinton. Dan Brown ficou tão interessado no assunto que começou
a fazer pesquisas sobre a Agência Nacional de Segurança. Acabou por resultar
desse interesse a escrita do seu primeiro romance Digital Fortress, que foi
lançado em 1996 com algum sucesso.
Era um romance baseado na violação de privacidade e em
conspirações, tendo por sustentação as novas tecnologias.
Quatro anos depois do seu romance de estreia, lançou Angels
and Demons, seguindo-se em 2001 Deception Point. Finalmente, em Março de 2003,
Dan Brown lançou no mercado norte-americano The Da Vinci Code (O Código Da
Vinci), que logo no primeiro dia vendeu mais de seis mil exemplares, tendo-se
tornado num dos livros mais vendidos de sempre em todo o mundo, com publicações
em 42 línguas.
O Código Da Vinci é um romance policial que tem como
protagonista um simbologista norte-americano. Através da obra de Leonardo Da
Vinci, onde encontra várias mensagens codificadas, tenta arranjar provas para
desvendar um segredo com centenas de anos. No livro surgem instituições como a
Opus Dei e o Priorado do Sião.
A obra chegou a Portugal em 2004 e ao fim de poucos meses
atingiu as onze edições. O sucesso deste livro levou a que fosse anunciada uma
adaptação cinematográfica e uma sequela literária.
terça-feira, 13 de novembro de 2018
Eça de Queiroz segundo Fradique Mendes -Novidade
Sónia Louro
Sinopse
«Eu não tenho história, sou como a República do vale de
Andorra», disse certo dia Eça de Queiroz. Mas nada poderia ser mais falso. Eça
é uma das figuras mais fascinantes das letras portuguesas. Os seus pais ainda
não haviam casado quando, em 1845, nasce na Póvoa de Varzim. Essa indiscrição
levou a que tenha sido criado longe dos progenitores, abrindo-lhe um vazio no
coração que o acompanhou toda a vida. Em Coimbra faz os estudos e em Lisboa
inicia-se numa vida boémia, cruzando-se com figuras incontornáveis do seu tempo
como Antero de Quental, Ramalho Ortigão ou Guerra Junqueiro.
Descontente com o Direito, faz uma longa e fascinante viagem
pelo Oriente, e quando regressa decide enveredar pela carreira consular. Tendo
sido cônsul em Havana, Inglaterra e Paris, foi acumulando dívidas embaraçosas,
amigos fiéis, inimigos implacáveis e obras-primas que revolucionaram as letras
portuguesas.
É esse Eça de Queiroz, homem de contrastes, mistérios e
talento único, que Sónia Louro descobre e nos revela neste romance fascinante e
rigoroso.
A Autora
Nasceu em 1976 em França. Desde cedo apaixonada pelas
Ciências e pela Literatura, acabou por optar academicamente pela primeira, mas
nunca abandonou a sua outra paixão. Licenciou-se em Biologia Marinha, mas não
perdeu de vista a Literatura, à qual veio depois aliar um outro interesse: a
História. Fruto desse casamento, já publicou entre nós A Vida Secreta de Dom
Sebastião, O Cônsul Desobediente, A Verdadeira Peregrinação, Amália – O Romance
da Sua Vida, Fernando Pessoa – O Romance, Eusébio – O Romance e ainda
participou em Pulp Fiction Portuguesa, com outros autores. Sofisticada e
minuciosa, é uma apaixonada pelas obras que escreve.
domingo, 11 de novembro de 2018
Kafka à Beira-Mar - Novidade
Haruki Murakami
O AUTOR
Nasceu em Quioto, em 1949. Estudou teatro grego antes
de gerir um bar de jazz em Tóquio, entre 1974 e 1981. Além de Sputnik, Meu
Amor, Kafka à Beira-Mar, Dance, Dance, Dance e A Wild Sheep Chase, que recebeu
o Prémio Noma destinado a novos escritores, Murakami é ainda autor, entre
outros, de Hard-boiled Wonderland and the End of the World (distinguido com o
prestigiado Prémio Tanizaki) e, mais recentemente, de Blind Willow, Sleeping
Woman, a
SINOPSE
Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas
estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance,
acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério.
São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, e
Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um acidente de que foi vítima
quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa - procurar
gatos desaparecidos.
Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai
peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma
floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da
Segunda Guerra Mundial.
Trata-se de uma clássica e extravagante história de demanda
e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao
enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo.
Haruki Murakami, de quem a Casa das Letras editou Kafka à
Beira-Mar (com mais de 15 mil exemplares vendidos) e Sputnik, Meu Amor, é um
dos escritores japoneses contemporâneos mais divulgados em todo o mundo sendo,
simultaneamente, aplaudido pela crítica, que o considera um dos «grandes
romancistas vivos» (The Guardian) e a «mais peculiar e sedutora voz da moderna
ficção» (Los Angeles Times).
sábado, 10 de novembro de 2018
Paraíso - Novidade
Judith McNaught
SINOPSE
Eles eram jovens e sonhadores. Com apenas dezoito anos,
Meredith era a herdeira da fortuna Bancroft. Matthew, de origens muito
humildes, tinha uma inteligência brilhante e uma energia sem fim. Conheceram-se
e apaixonaram-se. Juntos, sentiam-se capazes de conquistar o mundo. Por amor,
Meredith desafiou o pai pela primeira vez.
Onze anos passaram…
Matthew mudou muito desde os seus tempos de rapazinho pobre
e tímido. Longe vão os dias em que ousou apaixonar-se por Meredith. Foi um amor
sem igual, que terminou abruptamente com uma indesculpável traição. Agora,
Matthew é um homem poderoso e implacável. Sob o olhar atento dos média, está
prestes a lançar-se sobre o império Bancroft.
Executiva de topo na empresa do pai, a solitária Meredith
prepara-se para defender a todo o custo o império familiar. Mas, à medida que a
tensão aumenta, tanto um como o outro se veem perturbados por memórias
agridoces e perigosas tentações…
Serão eles capazes de arriscar tudo numa paixão que os
destroçou no passado?
Aqui.
domingo, 4 de novembro de 2018
Foi sem querer que te quis - Novidade
Raul Minh'Alma
Sinopse
Quando menos esperamos a vida traz-nos aquilo que tentamos
rejeitar. Como era possível Beatriz ter-se apaixonado, sem querer, por
Leonardo? A primeira impressão que teve dele foi a pior possível. Era um jovem
rico, mal-educado e mimado. Tudo o que mais desprezava em alguém. No entanto, o
avô de Leonardo, um homem sábio e profundo conhecedor da vida, viria a
aproximá-los. Ao perceber a necessidade de Beatriz em reencontrar o caminho da
felicidade depois de várias desilusões amorosas, ele promete dar-lhe a receita
para ser feliz no amor. Um segredo escrito e guardado num envelope que ela só
poderia abrir depois de cumprida uma tarefa: ajudar Leonardo a fazer as pazes
com o seu passado e a tornar-se uma pessoa melhor. O que Beatriz não sabia é
que esta missão iria transformar a sua própria vida para sempre.
"Foi sem querer que te quis" é o romance de
estreia de Raul Minh’alma, autor bestseller de "Larga quem não te
agarra" e "Todos os dias são para sempre".
Uma história arrebatadora, que nos prende da primeira à
última página e que redefine o significado de amor que tínhamos até hoje.
Nasceu em 1992, é natural do Marco de Canaveses, formado em
Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Começou a escrever poesia com dezassete anos e em 2011 lança
o seu primeiro livro de poemas com o título Desculpe Mãe. Na altura de dar um
novo passo, começou a escrever prosa e editou em 2014 o seu primeiro romance,
Os Mistérios de Santiago.
Aos vinte e dois anos conclui o seu terceiro livro, uma
coletânea de 500 frases que intitula de Fome, a sua primeira obra traduzida e
publicada em Espanha. Ainda em 2015 edita, juntamente com mais oito autores, o
livro Letras de Barriga Cheia, inserido num projeto social e cultural com o
mesmo nome.
Aos vinte e quatro anos, em 2016, escreve Larga Quem Não Te
Agarra, um dos livros de ficção mais vendidos em Portugal e que chegou ao
Brasil em 2017. No mesmo ano, lança Todos os Dias São para Sempre confirmando-o
como um autor bestseller que conquistou o coração dos portugueses.
terça-feira, 30 de outubro de 2018
Jogos Secretos
"Um homem de
porte alto, forte, com uma cabeleira aos caracóis e uns olhos
castanhos-escuros, entrou na divisão da casa ao mesmo tempo que Cármen chegava.
- Cármen! –
exclamou Ema.
Cármen sorriu
a Ema, estendeu-lhe as mãos, mas os seus olhos pousaram no estranho, de pé,
encostado ao balcão, ao lado de Hamed.
Hamed
pigarreou e olhou para o outro homem com cumplicidade enquanto as mulheres se
afastavam em direção à sala.
- Quem é a
beleza europeia?
- Jamal du Sud
sossega! – advertiu Hamed. – Não é para o teu bico. É uma amiga de Ema que vem
cuidar do Riad enquanto estamos fora…e – acrescentou – é casada com um tipo que
está lá em cima – e apontou para o primeiro andar.
- Estou a ver – disse o outro em dialecto tamazight[1].
Não era a primeira
mulher que chegava ali e o olhava com curiosidade, mas era certamente a
primeira que lhe interessava.
Hamed olhou
para o jovem berbere e anteviu problemas."
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
Whitney, Meu Amor ( OPINIÃO)
Judith McNaught
Sinopse
Sinopse
Órfã de mãe e criada por um pai severo e frio, a adolescente
Whitney Stone choca a sociedade inglesa do começo do século XIX com seus modos,
sua espontaneidade e rebeldia.
Desde menina, ela ama o belo e aristocrático Paul,
perseguindo-o em todos os lugares e inventando as mais inusitadas formas de
chamar-lhe a atenção.
Enviada a Paris, ela recebe um longo treinamento para
transformar-se uma mulher fina, glamourosa, irresistível. Quando retorna a
Londres, está mudada, mas ainda disposta a conquistar seu amor de infância.
Porém o irascível e poderoso duque Clayton Westmoreland é
quem se interessa mais vivamente pela jovem mulher. E é ele quem, por meio de
artimanhas maquiavélicas, consegue levá-la ao altar.
Mas Whitney recusa-se a aceitar imposições, e está disposta
a fazer tudo para livrar-se do odioso casamento. A convivência, porém, traz
surpresas, e dentro de pouco tempo o duque se revela muito mais charmoso e
gentil do que ela desejaria admitir.
Talvez Paul não passe de uma fantasia infantil; talvez
Clayton tenha bons motivos para agir tão brutalmente; talvez o casamento não seja um
erro tão grande assim…
Este é o livro mais conhecido de Judith Mcnaught. É o
segundo livro da série Westmoreland e uma relíquia preciosa entre os seus fans. Quase, porque alguns não conseguiram gostar do Clayton, um duque bem-parecido
com os outros: rico, arrogante e poderoso. Este Duque, acha-se o homem mais bem-parecido
à face da terra – e tem razões para tal – mas, como todos os seres humanos, tem
as suas fraquezas. Claro que não vou dizer quais, não é!
Este livro teve tanto sucesso na época em que foi lançado (1985) que a autora, a pedido dos leitores, escreveu UM REINO DE SONHO, o Westmoreland 1, e depois de Whitney escreveu outro dando continuidade a este.
Este livro teve tanto sucesso na época em que foi lançado (1985) que a autora, a pedido dos leitores, escreveu UM REINO DE SONHO, o Westmoreland 1, e depois de Whitney escreveu outro dando continuidade a este.
Adoro romances históricos - em doses repartidas -, e
confesso que não foi uma boa altura para o ler. Tinha terminado um do género e
a certa altura, estava com um certo enjoo. No entanto isso não tira o mérito ao
livro. Caro leitor(a), devemos repartir as nossas leituras de forma a não
enjoarmos do género. Como sou uma leitora de vários géneros (histórico,
policial, noir, contemporâneo entre outros), tento alternar as leituras, mas, a
curiosidade face a uma escritora que eu admiro, falou mais alto.
Whitney é uma jovem completamente apaixonada pelo seu
vizinho Paul, e faz as maiores trifólias para chamar a sua atenção. O seu pai
decide que ela deve ir morar com os tios em Paris para que possa receber uma
educação adequada. Passam anos e Whitney é a grande sensação de Paris. Sua
beleza, encanto e personalidade encantam todos, até mesmo o duque Westmoreland
que não recebe a atenção devida ao seu título e resolve que aquela jovem deverá
ser sua esposa. Para isso ele descobre que o pai de Whitney está falido e compra a noiva.
Pede sigilo, exige que ela volte para a Inglaterra, muda-se para perto da casa
dela usando um nome falso a fim de conquistá-la. Só que isso não será nada
fácil, ela continua apaixonada por Paul e decidida a casar com o seu amor de
adolescente.
Algumas partes do livro são cómicas, como esta que
transcrevo a seguir.
"— Pode ser salteador ou até pirata, mas duque? Do
mesmo modo que sou rainha — replicou.
O sorriso dele desapareceu, dando lugar a uma expressão
confusa.
— Posso saber por que acha tão impossível que eu seja?
Pensando no único duque que conhecera em toda sua vida,
Whitney olhou-o da cabeça aos pés.
— Em primeiro lugar, se fosse duque, usaria um monóculo —
argumentou.
— Como eu poderia usar um monóculo, se estou de máscara?
— Duques não usam monóculos para ver melhor, mas por pura
afetação — declarou. — É através deles
que examinam as mulheres reunidas num baile. Mas essa não é a única razão pela
qual o senhor não pode ser duque. Não usa bengala, não ofega, não torce a boca
com descaso e, desculpe a honestidade, não me parece que sofra de gota."
Whitney e Clayton protagonizam cenas inesquecível de amor,
ciúmes, desentendimentos, encontros e desencontros.
É um livro que faz suspirar, ter raiva e amar.
Relatar mais sobre o livro é contar partes que o leitor tem
que descobrir ao longo da leitura, não quero estragar as várias surpresas do
livro.
É um livro que ama ou odeia.
Avaliei em 5 estrelas na GoodReads
Caderneta de baile
Ficha técnica
ISBN: 9789892339948Edição ou reimpressão: 09-2017Editor: Edições AsaIdioma: PortuguêsDimensões: 155 x 233 x 43 mmEncadernação: Capa molePáginas: 640Tipo de Produto: LivroClassificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance
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segunda-feira, 15 de outubro de 2018
Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há leitores
Hoje, trago-vos um tema diferente, embora relacionado com a literatura. Apesar de publicar sobretudo livros de entretenimento, para quem não me conhece, sou apaixonada pela filosofia, comunicação e tudo o que se refira ao "pensar" o ser humano. Li esta entrevista do professor Habermas, grande pensador, e não resisti a deixá-la aqui, porque vai de encontro ao que tenho pensado nos últimos tempos, sobre a leitura e o poder que ela pode ter.
Já se perguntaram porque é que a maioria dos alunos portugueses escolhe Ciências e não Letras? Sou mãe de um jovem de 15 anos que este ano optou por seguir Estudos Humanísticos, e tem ouvido "perólas" do género: que letras não serve para nada, que letras é para o desemprego entre outras coisas...
Uma sociedade que não lê, é uma sociedade que não pensa, porque não existe nada mais perigoso do que a LITERACIA.
Prestes a completar 89 anos, o filósofo vivo mais influente
do mundo está em plena forma. O velho professor alemão, discípulo de Adorno e
sobrevivente da Escola de Frankfurt, mantém mão de ferro em seus julgamentos
sobre as questões essenciais de hoje e de sempre, que continua destilando em
livros e artigos. Os nacionalismos, a imigração, a Internet, a construção
europeia e a crise da filosofia são alguns dos temas tratados durante este
encontro na sua casa em Starnberg
Ao redor o lago de Starnberg, a 50 quilômetros de Munique,
se amontoam sucessivas fileiras de chalés de estilo alpino. A única exceção às
esmagadoras doses de melancolia, madeira escura e flores nas sacadas surge na
forma de um bloco branco e compacto de cantos suaves, com janelas grandes e
quadradas como única concessão à sobriedade. É o racionalismo feito arquitetura
no país da Heidi. A Bauhaus e sua modernidade raivosa no meio da Baviera eterna
e conservadora. Uma minúscula placa branca sobre uma porta azul confirma que
ali vive Jürgen Habermas (Düsseldorf, 1929), sem dúvida o filósofo vivo mais
influente do mundo por sua trajetória, sua obra publicada e sua atividade
frenética até hoje, quando falta um mês e meio para que complete 89 anos. Sua
esposa há mais de 60 anos, a historiadora Ute Wesselhoeft, nos recebe no
pequeno vestíbulo e demora apenas alguns segundos para girar a cabeça e
exclamar: “Jürgen, os senhores da Espanha chegaram!”. Ambos habitam esta casa
desde 1971, quando Habermas passou a dirigir o Instituto Max Planck de Ciências
Sociais.
MAIS INFORMAÇÕES:
Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há
leitores” Mais Séneca e menos ansiolíticos
Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há
leitores” Noam Chomsky: “As pessoas já não acreditam nos fatos”
O discípulo e assistente de Theodor Adorno, além de membro
insigne da segunda geração da Escola de Frankfurt e ex-catedrático de Filosofia
na Universidade Goethe de Frankfurt, avança vindo do seu escritório, uma
adorável bagunça de papéis e livros em estado de caos, cujos janelões dão para
uma floresta. Aperta a mão com força. É muito alto, caminha muito ereto e tem
uma espetacular mata de cabelos brancos como a neve. Cumprimenta afável e
convida a sentar num dos grandes sofás. O cômodo está decorado em tons brancos
e areia e acolhe uma pequena coleção de arte moderna que inclui pinturas de
Hans Hartung, Eduardo Chillida, Sean Scully e Günter Fruhtrunk e esculturas de
Oteiza e Miró (esta última simboliza o Prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências
Sociais recebido em 2003). Abre-se imponente ao visitante a biblioteca de
Habermas, que aloja velhos volumes de Goethe e de Hölderlin, de Schiller e de
Von Kleist, e fileiras inteiras de obras de Engels, Marx, Joyce, Broch, Walser,
Hermann Hesse e Günter Grass, entre uma infinidade de escritores e pensadores.
“Não pode haver intelectuais comprometidos se já não há mais
leitores a quem continuar alcançando com argumentos”
O autor de obras imprescindíveis do pensamento, da
sociologia e da ciência política do século XX, como Mudança Estrutural da
Esfera Pública, Conhecimento e Interesse, O Discurso Filosófico da Modernidade
e Teoria da Ação Comunicativa, troca impressões com o EL PAÍS a respeito de
alguns dos temas que lhe preocuparam durante seis décadas e continuam a
preocupá-lo. Com uma exceção: o entrevistado preferiu evitar qualquer questão
relacionada ao passado nazista de seu país e à sua própria experiência a
respeito (foi membro das Juventudes Hitlerianas — por obrigação, como tantos
compatriotas seus). Habermas está furioso. “Sim…, continuo furioso com algumas
das coisas que ocorrem no mundo. Isso não é ruim, não é?”, brinca.
Pergunta. Professor Habermas, fala-se muito na decadência da
figura do intelectual comprometido. Considera justo esse julgamento? Não é
frequentemente um mero tema de conversa entre os próprios intelectuais?
Jürgen Habermas: “Não
pode haver intelectuais se não há leitores”
GORKA LEJARCEGI
Resposta. Para a figura do intelectual, tal como a
conhecemos no paradigma francês, de Zola até Sartre e Bourdieu, foi
determinante uma esfera pública cujas frágeis estruturas estão experimentando
agora um processo acelerado de deterioração. A pergunta nostálgica de por que
já não há mais intelectuais está mal formulada. Eles não podem existir se já
não há mais leitores aos quais continuar alcançando com seus argumentos.
“A única forma de fazer frente às ondas mundiais de
emigração seria combater suas causas econômicas nos países de origem”
P. É possível pensar que a Internet acabou por diluir essa
esfera pública que antes talvez fosse garantida pela grande mídia tradicional e
que isso afetou a repercussão dos filósofos e dos pensadores?
R. Sim. Desde Heinrich Heine, a figura histórica do
intelectual ganhou importância junto com a esfera pública liberal em sua
configuração clássica. No entanto, esta vive de certos pressupostos culturais e
sociais inverossímeis, principalmente da existência de um jornalismo desperto,
com meios de referência e uma imprensa de massa capaz de despertar o interesse
da grande maioria da população para temas relevantes na formação da opinião
pública. E também da existência de uma população leitora que se interessa por
política e tem um bom nível educacional, acostumada ao processo conflitivo de
formação de opinião, que reserva um tempo para ler a imprensa independente de
qualidade. Hoje em dia, essa infraestrutura não está mais intacta. Talvez, que
eu saiba, se mantenha em países como Espanha, França e Alemanha. Mas também
neles o efeito fragmentador da Internet deslocou o papel dos meios de
comunicação tradicionais, pelo menos entre as novas gerações. Antes que
entrassem em jogo essas tendências centrífugas e atomizadoras das novas mídias,
a desintegração da esfera populacional já tinha começado com a mercantilização
da atenção pública. Os Estados Unidos com o domínio exclusivo da televisão
privada é um exemplo chocante disso. Hoje os novos meios de comunicação praticam
uma modalidade muito mais insidiosa de mercantilização. Nela, o objetivo não é
diretamente a atenção dos consumidores, mas a exploração económica do perfil
privado dos usuários. Roubam-se os dados dos clientes sem seu conhecimento para
poder manipulá-los melhor, às vezes até com fins políticos perversos, como
acabamos de saber pelo escândalo do Facebook.
P. O senhor acredita que a Internet, para além de suas
indiscutíveis vantagens, criou uma espécie de novo analfabetismo?
R. O senhor se refere às controvérsias agressivas, às bolhas
e às histórias falsas de Donald Trump em seus tuítes. Deste indivíduo não se
pode dizer sequer que esteja abaixo do nível da cultura política de seu país.
Trump baixa esse nível constantemente. Desde a invenção do livro impresso, que
transformou todas as pessoas em leitores potenciais, foi preciso passar séculos
até que toda a população aprendesse a ler. A Internet, que nos transforma todos
em autores potenciais, não tem mais do que duas décadas. É possível que com o
tempo aprendamos a lidar com as redes sociais de forma civilizada. A Internet
abriu milhões de nichos subculturais úteis nos quais se troca informação
confiável e opiniões fundamentadas. Pensemos não só nos blogs de cientistas que
intensificam seu trabalho acadêmico por este meio, mas também, por exemplo, nos
pacientes que sofrem de uma doença rara e entram em contato com outra pessoa na
mesma condição em outro continente para se ajudar mutuamente com conselhos e
experiências. Sem dúvida, são grandes benefícios da comunicação, que não servem
só para aumentar a velocidade das transações na Bolsa e dos especuladores. Sou
velho demais para julgar o impulso cultural que as novas mídias vão gerar. O
que me irrita é o fato de que se trata da primeira revolução da mídia na
história da humanidade que serve antes de tudo a fins econômicos, e não
culturais.
P. No cenário hipertecnologizado de hoje, onde triunfam os
saberes úteis, por assim dizer, qual o papel e sobretudo qual o futuro da
filosofia?
R. Veja, sou da antiquada opinião de que a filosofia deveria
continuar tentando responder às perguntas de Kant: o que é possível saber? O
que devo fazer? o que me cabe esperar? E o que é o ser humano? No entanto, não
tenho certeza de que a filosofia, como a conhecemos, tenha futuro. Atualmente
segue, como todas as disciplinas, a corrente no sentido de uma especialização
cada vez maior. E isso é um beco sem saída, porque a filosofia deveria tentar
explicar o todo, contribuir para a explicação racional de nossa forma de
entender a nós mesmos e ao mundo.
P. O que resta de sua orientação marxista? Jürgen Habermas
continua sendo um homem de esquerda?
R. Estou há 65 anos trabalhando e lutando na universidade e
na esfera pública em favor de postulados de esquerda. Se há 25 anos advogo pelo
aprofundamento político da União Europeia, faço isso com a ideia de que apenas esse
regime continental poderia domar um capitalismo que se tornou selvagem. Jamais
deixei de criticar o capitalismo, nem tampouco de ter consciência de que não
bastam diagnósticos vagos. Não sou desses intelectuais que atiram a esmo.
P. Kant + Hegel + Iluminismo + marxismo desencantado =
Habermas. Essa equação é suficiente para resolver o “x” de sua ideologia e
pensamento?
R. Se é preciso expressá-los de forma telegráfica, estou de
acordo, apesar de ainda faltar uma pitada da dialética negativa de Adorno...
P. O senhor cunhou em 1986 o conceito político do
patriotismo constitucional, que hoje soa quase medicinal diante de outros
supostos patriotismos de hino e bandeira. É muito mais difícil exercer o
primeiro do que o segundo, não?
R. Em 1984, pronunciei uma conferência no Congresso espanhol
a convite de seu presidente, e no fim fomos comer em um restaurante histórico.
Ficava, se não me engano, entre o Parlamento e a Porta do Sol, na calçada da
esquerda. Seja como for, durante a conversa animada com nossos impressionantes
anfitriões — muitos deles eram colegas socialdemocratas que tinham participado
da redação da nova Constituição do país —, minha esposa e eu nos inteiramos de
que nesse lugar tinha acontecido a conspiração para preparar a proclamação da Primeira
República espanhola de 1873. Ao saber disso, experimentamos uma sensação
totalmente diferente. O patriotismo constitucional exige um relato apropriado
para que tenhamos sempre presente que a Constituição é a conquista de uma
história nacional.
P. E nesse sentido o senhor se considera um patriota?
R. Me sinto patriota de um país que, finalmente, depois da
Segunda Guerra Mundial, deu à luz uma democracia estável, e ao longo das
décadas subsequentes de polarização política, uma cultura política liberal.
Hesito em declarar isso e, de fato, é a primeira vez que faço isso, mas nesse
sentido sim, sou um patriota alemão, além de um produto da cultura alemã.
P. De que cultura alemã? Só há uma ou há culturas alemãs?
R. Sinto-me orgulhoso dessa cultura também em relação à
segunda ou terceira geração de imigrantes turcos, iranianos, gregos, ou de onde
quer que tenham chegado, que aparecem de repente na esfera pública como
cineastas, jornalistas e os apresentadores de televisão mais fabulosos; como
executivos e os médicos mais competentes, ou como os melhores literatos,
políticos, músicos e professores. Tudo isso constitui uma demonstração palpável
da força e da capacidade de regeneração de nossa cultura. A rejeição agressiva
dos populistas de direita contra as pessoas sem as quais essa demonstração
teria sido impossível é uma bobagem.
P. Acredito que o senhor prepara um novo livro sobre a
religião e sua força simbólica e semântica como remédio para certas lacunas da
modernidade. Pode nos contar um pouco desse projeto?
R. Bem, na verdade este livro não fala tanto de religião,
mas de filosofia. Espero que a genealogia de um pensamento pós-metafísico
desenvolvido a partir de um discurso milenar sobre a fé e o conhecimento possa
contribuir para que uma filosofia progressivamente degradada como ciência não
esqueça sua função esclarecedora.
P. Falando de religiões e de guerra de religiões e culturas,
levando-se em conta o atual nível de intransigência e os fundamentalismos de
todo tipo, o senhor acredita que rumamos para um choque de civilizações? Será
que já estejamos imersos nele?
R. Em minha opinião, essa tese é totalmente equivocada. As
civilizações mais antigas e influentes se caracterizaram pelas metafísicas e as
grandes religiões estudadas por Max Weber. Todas elas têm um potencial
universalista, e por isso se construíram sobre a base da abertura e da
inclusão. A verdade é que o fundamentalismo religioso é um fenómeno totalmente
moderno. Remonta à alienação social que surgiu e continua surgindo em
consequência do colonialismo, da descolonização e da globalização capitalista.
P. O senhor escreveu certa ocasião que a Europa deveria
fomentar um islã ilustrado e europeu. Acredita que isso esteja ocorrendo?
R. Na República Federal Alemã nos esforçamos por incluir em
nossas universidades a teologia islâmica, de forma que possamos formar
professores de religião em nosso próprio país e não tenhamos de continuar
importando-os da Turquia ou de outros lugares. Mas, na essência, esse processo
depende de conseguirmos integrar verdadeiramente as famílias imigrantes. No
entanto, isso nem de longe é suficiente para conter as ondas mundiais de
imigração. A única maneira de enfrentar isso seria combater as causas económicas
nos países de origem.
P. E como se faz isso?
R. Não me pergunte como se faz isso sem mudanças no sistema económico
mundial do capitalismo. É um problema de séculos. Não sou especialista, mas
leia o livro de Stephan Lessenich Die Externalisierungsgesellschaft [A
sociedade da externalização] e verá que a origem das ondas que agora refluem
para a Europa e o mundo ocidental está exatamente nisso.
P. “A Europa é um gigante económico e um anão político.”
Assinado: Jürgen Habermas. Nada parece ter ficado melhor depois do Brexit, dos
populismos e extremismos, dos movimentos nazistas, das tentativas nacionalistas
de separação da Escócia e Catalunha...
R. A introdução do euro dividiu a comunidade monetária em
norte e sul, em vencedores e perdedores. A causa é que as diferenças
estruturais entre as regiões económicas nacionais não podem ser compensadas se
não se avança no sentido da união política. Faltam válvulas, como por exemplo a
mobilidade em um mercado de trabalho único ou um sistema de segurança social
comum, e faltam competências europeias para uma política fiscal comum. A isso
se acrescenta o modelo político neoliberal incorporado aos tratados europeus,
que reforça mais ainda a dependência dos Estados nacionais em relação aos
mercados globalizados. O elevado desemprego juvenil nos países do sul é um
escândalo absurdo. A desigualdade aumentou em todos os nossos países e erodiu a
coesão populacional. Os que conseguem se adaptar aderem ao modelo económico
liberal que orienta a ação em benefício próprio; entre os que se encontram em
situação precária, espalha-se os medos regressivos e as reações de ira
irracionais e autodestrutivas.
P. O senhor acompanha de perto o problema catalão? Qual a
sua opinião e diagnóstico?
R. Realmente qual é o motivo de um povo culto e avançado
como a Catalunha desejar estar sozinha na Europa? Não entendo. Me dá a sensação
de que tudo se reduz a questões económicas... Não sei o que vai acontecer. O
que lhe parece?
P. Acredito que pensar em isolar politicamente uma população
de cerca de dois milhões de pessoas com aspirações independentistas não é realista.
E sem dúvida não é simples...
R. Sem dúvida é um problema, sim. É muita gente.
Jürgen Habermas fala com muita dificuldade, pois nasceu com
fissura labiopalatina. Uma pequena tragédia pessoal para alguém cuja missão
filosófica primordial sempre foi valorizar a linguagem e a dimensão social e
comunicativa do homem como remédio de tantos males (tudo isso compilado em sua
célebre Teoria da ação comunicativa). O velho professor se mostra realista e
resignado quando, olhando pela janela, sussurra: “Já não gosto dos grandes
auditórios nem dos grandes salões. Não entendo bem as coisas. Há uma cacofonia
que me desespera”.
P. Professor, o senhor considera os Estados-nação mais
necessários do que nunca ou, pelo contrário, acredita que de alguma forma estão
superados?
R. Hum, talvez não devesse dizer isso, mas considero que os
Estados-nação foram algo em que quase ninguém acreditava mas que precisaram ser
inventados em seu tempo por razões eminentemente pragmáticas.
P. Sempre culpamos os políticos pelo fracasso da construção
europeia, mas nós, cidadãos comuns da UE, não temos nossa parcela da culpa?
Nós, europeus, realmente acreditamos na europeidade?
R. Vejamos... Até agora as lideranças políticas e os
governos levaram adiante o projeto de maneira elitista, sem incluir as
populações dos países nessas questões complexas. Tenho a impressão de que
sequer os partidos políticos e os deputados dos Parlamentos nacionais se
familiarizaram com a complicada matéria da política europeia. Sob o lema “mamãe
cuida do seu dinheiro”, Merkel e Schäuble protegeram durante a crise, de forma
verdadeiramente exemplar, suas medidas contra a esfera pública.
P. A Alemanha conserva uma vocação de liderança europeia? A
Alemanha confundiu às vezes liderança com hegemonia? E a França? Que papel deve
desempenhar o país liderado por seu querido presidente Macron?
R. Seguramente, o problema foi, na verdade, que o Governo
federal alemão sequer teve o talento ou a experiência de uma potência hegemónica.
Do contrário teria sabido que não é possível manter a Europa unida sem levar em
conta os interesses dos demais Estados. Nas duas últimas décadas, a República
Federal agiu cada vez mais como uma potência nacionalista no terreno económico.
No que se refere a Macron, continua tentando persuadir Merkel de que é preciso
pensar em sua imagem com vistas aos livros de história.
P. Que papel o senhor acredita que a Espanha pode
desempenhar na melhoria da construção europeia?
R. A Espanha simplesmente tem de respaldar Macron.
P. Em artigos recentes o senhor defendeu com paixão a figura
do presidente Macron que, veja só, é filósofo como o senhor. O que mais o atrai
nele? Acredita que é um bom político por ser filósofo?
R. Por Deus, nada de governantes filósofos! No entanto,
Macron me inspira respeito porque, no cenário político atual, é o único que se
atreve a ter uma perspectiva política; que, como pessoa intelectual e orador
convincente, persegue as metas políticas acertadas para a Europa; que, nas
circunstâncias quase desesperadas da contenda eleitoral, demonstrou valor
pessoal e que, até agora, em seu cargo de presidente, faz o que disse que ia
fazer. E em uma época de perda de identidade política paralisante, aprendi a
apreciar essas qualidades pessoais contrárias às minhas convicções marxistas.
P. No entanto, é impossível no momento saber qual é a
ideologia dele... caso exista.
R. Sim, tem razão. Até o momento continuo sem ver claramente
que convicções estão por trás da política europeia do presidente francês.
Gostaria de saber se pelo menos é um liberal de esquerda convicto, e isso é o
que espero.
Esta entrevista, que se pode realizar graças à colaboração
do professor e escritor Daniel Innerarity, é um cruzamento de caminhos entre
respostas oferecidas por escrito e trocas de impressões durante aquela manhã em
Starnberg. Quando a conversa terminou, o único sobrevivente da segunda Escola
de Frankfurt desapareceu de repente atrás da porta da cozinha de sua casa.
Voltou com um sorriso cúmplice no rosto, trazendo uma garrafa de Rioja em uma
mão e uma de Riesling na outra. Espanha e Alemanha, juntas na casa de Habermas.
Ler entrevista na fonte, AQUI.
domingo, 14 de outubro de 2018
Histórias de Sherlock Holmes ( Novidade)
Sir Arthur Conan Doyle
Sinopse
O maior detetive de todos os tempos. Nesta coleção de doze histórias engenhosamente tecidas, nenhum caso se torna grande, pequeno ou excessivamente bizarro para Holmes. Seja no combate aos grandes planos de um falsificador de moeda seja na revelação de segredos de família calados durante anos, Sherlock Holmes, em todos eles, mostra-se um adversário temível.
Acompanhado pelo Dr. Watson, seu amigo de confiança, «a máquina de raciocínio e de observação mais eficaz que o mundo já viu» usa os seus dons analíticos únicos para confundir os criminosos e desvendar todos os mistérios.
O AUTOR
Médico e escritor escocês, nasceu a 22 de maio de 1859, em Edimburgo, e faleceu a 7 de julho de 1930. Notável contador de histórias, que concebia com grande poder imaginativo, tornou-se extremamente popular a partir da publicação da primeira aventura do detetive Sherlock Holmes, em 1887. Seguiram-se dezenas de histórias com Holmes como protagonista. Para além destas obras, Doyle publicou também narrativas históricas (como The White Company) e de ficção científica (como The Lost World).
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
Marina - Carlos Ruiz Zafón (Novidade)
SINOPSE
A história inesquecível que precedeu A Sombra do Vento
Óscar Drai sonha acordado, deslumbrado pelos palacetes modernistas próximos do internato onde estuda.
Numa das escapadelas nocturnas conhece Marina, uma rapariga audaz e misteriosa que irá viver com ele a aventura de penetrar num enigma doloroso do passado da cidade e de um segredo de família obscuro.
Óscar Drai sonha acordado, deslumbrado pelos palacetes modernistas próximos do internato onde estuda.
Numa das escapadelas nocturnas conhece Marina, uma rapariga audaz e misteriosa que irá viver com ele a aventura de penetrar num enigma doloroso do passado da cidade e de um segredo de família obscuro.
O AUTOR
Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona em 1964. Inicia a sua carreira literária em 1993 com El Príncipe de la Niebla (Prémio Edebé), a que se seguem El Palacio de la Medianoche, Las Luces de Septiembre (reunidos no volume La Trilogía de la Niebla) e Marina. Em 2001 publica A Sombra do Vento, que rapidamente se transforma num fenómeno literário internacional. Com O Jogo de Anjo (2008) regressa ao Cemitério dos Livros Esquecidos. As suas obras foram traduzidas em mais de quarenta línguas e conquistaram numerosos prémios e milhões de leitores nos cinco continentes. Actualmente, Carlos Ruiz Zafón reside em Los Angeles, onde trabalha nos seus romances, e colabora habitualmente com La Vanguardia e El País.
domingo, 7 de outubro de 2018
A Concubina Russa
Kate Furnivall
SINOPSE
Exiladas da Rússia após a Revolução Bolchevique, a bela e
destemida Lydia e a sua aristocrática mãe refugiam-se em Junchow, na China.
Sozinha e sem recursos, Lydia serve-se da sua astúcia para
sobreviver, ludibriando e roubando estrangeiros desprevenidos.
Nas ousadas investidas que faz pela cidade chinesa, Lydia
cruza-se com um jovem comunista chinês, Chang An Lo, que a salva da morte certa,
num perigoso confronto com as tríades chinesas.
Nesta atmosfera de perigo e exotismo, entre raptos,
traições e o tráfico de ópio, Lydia e Chang apaixonam-se, desafiando o
preconceito e a desonra.
OPINIÃO
Este é um livro que se ama ou se odeia, e se estava à espera
de um romance do tipo agua com açúcar (ainda bem que não é!), enganei-me
redondamente. A CONCUBINA RUSSA é um épico histórico, muito bem escrito.
O título pareceu-me
um tanto ou quanto estranho, uma vez que não considerei a personagem a que se
refere (a mãe de Lydia) como sendo uma mulher desse tipo. Na minha opinião
LYDIA seria mais adequado, no entanto foi a escolha da autora e os autores é
que sabem.
O facto de a personagem principal do livro ter o meu nome,
ao princípio provocou-me alguma dissonância, mas com a progressão na leitura
passou e dei comigo a apreciar a impulsividade da minha homónima, e a temer que
ela se metesse em mais problemas. A rapariga era dura na queda, numa época em
que as mulheres poucos direitos tinham, e cuja vida pouco valia. Lydia não
desistia dos seus propósitos nem que os obstáculos fossem quase sempre intransponíveis.
Aborda o tema da miscigenação, com o romance entre Lydia e Chang An Lo, um romance improvável, mas que tem um desfecho pouco previsível, dadas as circunstâncias históricas.
A primeira parte do livro foi mais massuda de ler, e talvez
por isso demorei mais que o habitual num livro com 500 páginas. Retrata a
revolução bolchevique que afectou a nobreza russa, e as provações que os
refugiados nobres passaram na china para onde alguns fugiram. Muito
interessante do ponto de vista histórico, personagens cativantes e, por vezes,
as descrições são tão realistas que incomodam. Não é um livro fofinho, muito
pelo contrário, descreve grandes atrocidades e torturas tão difíceis de
imaginar, mas que a autora, consegue transmitir com muita clareza.
Foi um daqueles livros que deixaram ressaca literária. Recomendosegunda-feira, 17 de setembro de 2018
Promessa de Veludo ( Novidade)
Jude Devereaux chega-nos com uma nova saga, depois da saga
de EDILEAN e de AS NOIVAS DE NANTUCKET.
Série Quarteto de Veludo - Livro 1
SINOPSE
Ela pertence-lhe. Mas ele pertence a outra.
Gavin Montgomery está apaixonado. Jurou o seu amor eterno,
está cego de paixão. Infelizmente, não é pela mulher que se encontra a seu lado
no altar. Pois a sua amada Lady Alice casou com outro e ele pretende agora
casar por conveniência, com uma jovem que está a ver pela primeira vez…
Lady Judith, no entanto, é de uma beleza eletrizante. Basta
um toque da sua mão para despertar em Gavin um desejo abrasador. Mas, ao
descobrir que o marido ama outra mulher, Judith jura a si mesma que ele não
verá senão ódio nos seus olhos. Terá de lhe oferecer o seu corpo, mas o
coração? Nunca.
O destino de ambos, porém, já está traçado. Será Gavin capaz
de se libertar do feitiço de uma amante implacável?
Com Promessa de Veludo, Jude Deveraux dá início a uma
arrebatadora saga de família, plena de emoção e surpresas.
(OPINIÃO EM BREVE)
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
O dia em que te perdi (Novidade)
Lesley Pearse ( Novidade)
SINOPSE
Na noite em que a mãe lhes foi arrancada, os gémeos Maisy e
Duncan perceberam que só podiam contar um com o outro. Se até então a vida
deles não fora fácil, a partir desse momento piora dramaticamente pois o pai
decide enviá-los para casa da avó, a ríspida Violet.
Os gémeos sentem-se mais abandonados do que nunca. Mas a
negligência da avó tem um lado positivo: Maisy e Duncan passam a desfrutar de
uma liberdade inesperada e podem explorar o campo e fazer novas amizades sem
terem de se justificar a ninguém. Até ao dia em que Duncan desaparece sem
deixar rasto.
À medida que os dias dão lugar a semanas, perante a
ineficácia da polícia e a indiferença da avó, Maisy decide descobrir por si
própria o que aconteceu à única pessoa que verdadeiramente ama. E vai começar
por Grace Deville, a excêntrica amiga do irmão. Grace vive isolada na
floresta... e tem segredos por revelar…
O Dia em Que Te Perdi explora ternamente temas delicados e
atuais. Lesley Pearse, uma contadora de histórias nata, fala-nos de perda, de
esperança, de força interior, e dos inquebráveis laços de família.
domingo, 2 de setembro de 2018
A Boa Filha
Autora - Karin Slaughter
Sinopse
Duas meninas são obrigadas a entrar no bosque com uma
pistola apontada.
Uma foge para salvar a vida. A outra fica para trás.
Há vinte e oito anos, um crime horrível sacudiu a feliz vida
familiar de Charlotte e Samantha Quinn. A sua mãe foi morta. O seu pai, um
conhecido advogado de defesa de Pikeville, ficou prostrado de dor. A família
desfez-se irremediavelmente, consumida pelos segredos daquela noite pavorosa.
Transcorridos vinte e oito anos, Charlie tornou-se advogada,
seguindo os passos do pai. É a filha ideal. Mas quando a violência volta a
aumentar em Pikeville e uma grande tragédia assola a localidade, Charlie vê-se
imersa num pesadelo. Não só é a primeira pessoa a chegar à cena do crime, mas
também o caso desperta as recordações que tentou manter à margem durante quase
três décadas. Porque a surpreendente verdade sobre o acontecimento que destruiu
a sua família não pode permanecer oculta para sempre.
Cheio de voltas e reviravoltas inesperadas e transbordante
de emoção, A Boa Filha é um romance apaixonante: suspense em estado puro.
Este livro foi a minha estreia nesta autora. Gosto de livros grandes, tenho sempre a impressão que o prazer de o ler vai ser maior pois a história prolonga-se por mais tempo. São 700 páginas de voltas e reviravoltas e com descrições que roçam a crueldade, escritas de forma magistral.
A autora prendeu-me desde o inicio do livro com as suas palavras, sim, porque ela usa os diálogos de uma forma que prende o leitor. quem está à espera de descrições fabulosas de cenários e ambientes, esqueça, este livro é sobre emoções no que elas tem de mais primitivo.
A autora escreveu um thriller de cortar o fôlego e, só mesmo no final ela nos deixa "adivinhar" quem é de fato o homicida do inicio do livro.
A história começa no passado, volta ao presente e de novo ao passado numa circularidade que eu perdi o numero de vezes em que há um salto temporal, mas que nunca perdi o sentido do que estava a acontecer. Misturam-se várias histórias - e nisto reside um dos encantos deste livro -, em que as personagens se revém nos acontecimentos que dizem respeito aos outros, sem nunca o leitor suspeitar que o assassino, ou os assassinos, não eram quem parecia ser. É um livro assustador, violento e cruel que nos descreve o mundo dos "redneck" a cru e sem qualquer romantismo.
Lídia Craveiro
Lídia Craveiro
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
Ser feliz com livros - Como criar um leitor
Cresci entre livros e, não há melhor forma de estar do que rodeada deles.
Quer isso dizer que fui estimulada a ler?
Sim, mas não só.
A curiosidade natural e inata levou-me a descobrir o prazer da leitura desde que "meti" a mão num punhado de livros de banda desenhada de Walt Disney, lá muito atrás, nos anos sessenta, quando devia ter uns seis anos. Eu digo "meti" a mão, não porque os tivesse roubado, mas porque os achei empilhados junto ao lixo, mesmo a pedirem para os levar para casa.
E levei.
Devorei as imagens durante uns bons dias, tentando adivinhar a história e, a minha mãe, que infelizmente não foi à escola muito tempo, mas ficou a conhecer as letras e os números, começou a ensinar-me o alfabeto. Porém, a senhora minha mãe, também tinha a paciência de ver as imagens comigo e contava-me a história à maneira dela, sem saber o que lá estava escrito.
Grande mulher a minha mãe! Cresceu numa época em que as crianças trabalhavam para ajudar a família e em que poucas pessoas sabiam ler. A literacia era um luxo inacessível às classes pobres, à qual pertencia.
Guardei esses livros durante anos até que um dia, já no final da primeira classe, os fui buscar e descobri que conseguia lê-los. Começou aí a minha aventura como leitora - mais ou menos por volta de 1970 - até aos dias que correm.
Como mãe consegui que a minha filha e o meu filho gostassem de livros, embora com ele tivesse sido mais complicado, porque já nasceu na época do digital. E agora tenho a missão de "contagiar" a neta de dois anos. Esta vida não é fácil!
Vamos agora a outra perspectiva um pouco mais pedagógica.
Para os pais que gostam de livros e de ler - sim, porque podem gostar de livros para enfeitar as prateleiras e não os ler -, a melhor forma que tem de contagiar as crianças, como se de uma doença se tratasse, é ler-lhe histórias.
Ler uma história a uma criança, aguça-lhe a curiosidade pelo que existe dentro do livro e, um dia, quando souber ler, vai descobrir por si mesma como viajar por uma história, ou por um tema qualquer que tenha interesse. Os livros contribuem para o desenvolvimento das crianças e são um aliado muito saudável na vida adulta.
Como não se nasce leitor é necessário acompanhar a criança nesse percurso, embora, nesta época seja difícil combater o apelo dos ecrãs. No entanto convém contrariar essa tendência. Troque o tablet por um livro, que um dia o seu filho agradece-lhe.
No genoma humano não existe uma inclinação natural para os livros, mas existe o gene da leitura, e como tal podemos sempre incentivar, dando o exemplo e lendo histórias às crianças desde que elas estejam capaz de nos dar atenção uns poucos minutos, mesmo que de seguida, puxem as páginas do livro, ou puxem por outro para ver o que lá está dentro, parecendo não se interessarem. Os pais tem obrigação de cuidar da curiosidade dos filhos e, a leitura faz parte disso.
Ler acende a imaginação e quanto mais se lê, mais criativa a pessoa se torna, é por isso que se diz que não existe um bom escritor que não tinha sido um bom leitor.
A leitura pode ficar associada à voz dos pais, a um momento positivo de proximidade, ao afeto, ao colo e ao AMOR. Pode tornar-se um amor para a vida.
Ler não tem que ser uma obrigação ou um castigo, mas pode servir como contrapartida quando uma criança está muito ligada ao digital e não lê por iniciativa própria. Negociar a leitura de um livro que a criança goste para poder jogar computador uma a duas horas por dia, não é de todo uma aberração.
Quem não lê tem sérios problemas em interpretar o mundo, uma vez que não entende o significado das palavras.
A aventura de ler não tem que começar com os Maias, ou com Os Miseráveis, pode começar com qualquer livro que a criança se interesse. Não adianta impingir os nossos gostos às crianças se elas tem preferência por outros géneros. Se ele quer ler o Maze Runner, deixe-o ler. O gosto pela leitura e o seu aprofundamento vai sendo construído aos poucos. O que precisamos é de gente que adore ler, são essas pessoas que aos poucos vão contagiando os outros com o seu entusiasmo, quer através da palavra, quer através das redes sociais.
Não se ofenda se o seu filho não quer ler o Princepezinho, só porque você o leu aos doze anos e ele mudou a sua vida. Não é nada pessoal. Mostre-lhe uma variedade de livros e de-lhe a escolher. Leve-o a uma livraria de preferência.
O importante é que as crianças comecem a virar páginas, o resto vai acontecendo naturalmente como em todas as histórias.
Boas leituras e até ao próximo post.
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