SINOPSE
Vila Nova foi, durante a vigência do Estado Novo, palco de
lutas políticas que opunham gente nascida na mesma terra, mas em berços
diferentes. Contudo, esta narrativa dá-nos a conhecer uma amizade entre dois
homens, ambos filhos de opositores ao regime e cuja existência seria
profundamente afectada por terríveis acontecimentos vividos pelo povo, guiado
pela força e coragem dos pais de ambos. Morte, tortura, dor, ausência, perda,
entrega, submissão, orgulho são conceitos que, ao longo da trama, atingem novos
significados porque sentidos e vividos por personagens sublimes. Apenas o Padre
Bartolomeu (e o leitor) possui o conhecimento absoluto do mistério que envolve
a relação entre Valdemar e Sebastião, uma amizade sem fronteiras mas que, em
determinado momento, ficou interrompida por um profundo abismo motivado por
questões que a psicologia poderá tentar explicar.
A amizade devia ser mais importante do que as diferenças que
nos afastam uns dos outros. O mais difícil, porém, e em nome de valores mais
altos, como a família e a estabilidade social da terra, é ignorar o que nos
separa de forma indizível e incontornável. Contudo, o mais paradoxal será a
existência de passados difíceis de revelar e, ao mesmo tempo, impossíveis de
manter nos recantos mais profundos da nossa consciência pessoal e colectiva.
Vila Nova é, pois, o palco onde se mostram, sobretudo, os
excessos da vida, inerentes aos sentimentos mais primitivos da condição humana,
e os consequentes arrependimentos que nada podem resolver. Pelo menos, a curto prazo.
Pelo menos, em Vila Nova, povoação do Alentejo onde a honra está acima de todas
as coisas.
O AUTOR
João Luís Nabo nasceu em Montemor-o-Novo, em dezembro de 1960. Licenciou-se em 1983 em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Clássica de Lisboa e terminou em 2009 o mestrado em Criações Literárias Contemporâneas pela Universidade de Évora, na especialidade de Literatura Norte-Americana Contemporânea.É professor efetivo no Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Novo. Estudou piano, foi organista e director do Coro Litúrgico da Igreja Matriz de Montemor-o-Novo, professor de piano da Escola de Música da Sociedade Carlista e director do jornal regional "Folha de Montemor". Compõe para coro e para teatro e é colunista do jornal "O Montemorense".
Os seus trabalhos como escritor e interessado pela literatura compreendem três livros de contos e um de crónicas, e ainda artigos académicos sobre literatura gótica, incluídos em obras da especialidade. Participou como orador e moderador em diversas jornadas literárias. Em 1987, fundou o Coral de São Domingos de Montemor-o-Novo, que dirige até aos dias de hoje. É maestro, desde Fevereiro de 2013, do Orfeão de Estremoz Tomás Alcaide.
Vive em Montemor, é casado e tem três filhos: o João, a Joana e o Pedro, as suas únicas e verdadeiras obras de arte.
OPINIÃO
Sertório é um livro que li de uma assentada. Uma viagem pelo tempo, da minha meninice, pois tinha 11 anos quando foi o 25 de Abril de 1974, e por força das circunstâncias da minha vida, tenho muitas recordações do tempo em que o povo não tinha voz e apenas trabalhava sem questionar o que quer que fosse, estando muito agradecido por ter trabalho. Aos meus pais ouvi muitos relatos, e tambem vivi alguns que não cabem aqui, agora. As vivencias dos pobres e até de alguns remediados, referido pelo autor, ouvi-o vezes sem conta, pela voz do meu sogro, homem criado sem pai, por estar quase sempre preso. Não vou desvendar a "história" (porque se trata de história e não de uma estória), embora alguns aspectos tenham sido ficcionados, mas o João Luís fez justiça aos homens que lutaram pela liberdade( alguns que morreram por ela) nas palavras que deixou neste livro.
Obrigado pela memória de Joaquim Badalinho.
Obrigado pela leitura. Na verdade, depois de ter concluído esta narrativa, senti-me grato por tudo o que conterrâneos nossos sofreram para que hoje pudéssemos respirar os ventos da liberdade. Foi um processo de escrita duro, penoso, mas, ao mesmo tempo, de esperança. Sobretudo, acreditando sempre que o Bem e o Mal não têm cor, nem partidos, nem religião. Têm homens que não têm onde cair mortos e têm homens que, à imagem de muitas vítimas do fascismo, só têm uma posição para morrer: de pé.
ResponderEliminarJoão Luís Nabo
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminar