quarta-feira, 7 de julho de 2021

SERTÓRIO de João Luís Nabo

 




SINOPSE

Vila Nova foi, durante a vigência do Estado Novo, palco de lutas políticas que opunham gente nascida na mesma terra, mas em berços diferentes. Contudo, esta narrativa dá-nos a conhecer uma amizade entre dois homens, ambos filhos de opositores ao regime e cuja existência seria profundamente afectada por terríveis acontecimentos vividos pelo povo, guiado pela força e coragem dos pais de ambos. Morte, tortura, dor, ausência, perda, entrega, submissão, orgulho são conceitos que, ao longo da trama, atingem novos significados porque sentidos e vividos por personagens sublimes. Apenas o Padre Bartolomeu (e o leitor) possui o conhecimento absoluto do mistério que envolve a relação entre Valdemar e Sebastião, uma amizade sem fronteiras mas que, em determinado momento, ficou interrompida por um profundo abismo motivado por questões que a psicologia poderá tentar explicar.

A amizade devia ser mais importante do que as diferenças que nos afastam uns dos outros. O mais difícil, porém, e em nome de valores mais altos, como a família e a estabilidade social da terra, é ignorar o que nos separa de forma indizível e incontornável. Contudo, o mais paradoxal será a existência de passados difíceis de revelar e, ao mesmo tempo, impossíveis de manter nos recantos mais profundos da nossa consciência pessoal e colectiva.

Vila Nova é, pois, o palco onde se mostram, sobretudo, os excessos da vida, inerentes aos sentimentos mais primitivos da condição humana, e os consequentes arrependimentos que nada podem resolver. Pelo menos, a curto prazo. Pelo menos, em Vila Nova, povoação do Alentejo onde a honra está acima de todas as coisas.

O AUTOR

João Luís Nabo nasceu em Montemor-o-Novo, em dezembro de 1960. Licenciou-se em 1983 em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Clássica de Lisboa e terminou em 2009 o mestrado em Criações Literárias Contemporâneas pela Universidade de Évora, na especialidade de Literatura Norte-Americana Contemporânea.
É professor efetivo no Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Novo. Estudou piano, foi organista e director do Coro Litúrgico da Igreja Matriz de Montemor-o-Novo, professor de piano da Escola de Música da Sociedade Carlista e director do jornal regional "Folha de Montemor". Compõe para coro e para teatro e é colunista do jornal "O Montemorense".
Os seus trabalhos como escritor e interessado pela literatura compreendem três livros de contos e um de crónicas, e ainda artigos académicos sobre literatura gótica, incluídos em obras da especialidade. Participou como orador e moderador em diversas jornadas literárias. Em 1987, fundou o Coral de São Domingos de Montemor-o-Novo, que dirige até aos dias de hoje. É maestro, desde Fevereiro de 2013, do Orfeão de Estremoz Tomás Alcaide.
Vive em Montemor, é casado e tem três filhos: o João, a Joana e o Pedro, as suas únicas e verdadeiras obras de arte.

OPINIÃO

Sertório é um livro que li de uma assentada. Uma viagem pelo tempo, da minha meninice, pois tinha 11 anos quando foi o 25 de Abril de 1974, e por força das circunstâncias da minha vida, tenho muitas recordações do tempo em que o povo não tinha voz e apenas trabalhava sem questionar o que quer que fosse, estando muito agradecido por ter trabalho. Aos meus pais ouvi muitos relatos, e tambem vivi alguns que não cabem aqui, agora.  As vivencias dos pobres e até de alguns remediados, referido pelo autor, ouvi-o vezes sem conta, pela voz do meu sogro, homem criado sem pai, por estar quase sempre preso. Não vou desvendar a "história" (porque se trata de história e não de uma estória), embora alguns aspectos tenham sido ficcionados, mas o João Luís fez justiça aos homens que lutaram pela liberdade( alguns que morreram por ela) nas palavras que deixou neste livro. 

Obrigado pela memória de Joaquim Badalinho. 

4 comentários:

  1. Obrigado pela leitura. Na verdade, depois de ter concluído esta narrativa, senti-me grato por tudo o que conterrâneos nossos sofreram para que hoje pudéssemos respirar os ventos da liberdade. Foi um processo de escrita duro, penoso, mas, ao mesmo tempo, de esperança. Sobretudo, acreditando sempre que o Bem e o Mal não têm cor, nem partidos, nem religião. Têm homens que não têm onde cair mortos e têm homens que, à imagem de muitas vítimas do fascismo, só têm uma posição para morrer: de pé.

    João Luís Nabo

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