quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ESCRITA CRIATIVA - PLANEAR O LIVRO


Um dos mitos que se constrói à volta dos escritores é que precisam de uma musa inspiradora ( ou algo equivalente) e que não planeiam o livro. Sentam-se ao computador e num rasgo de genialidade sai-lhes a prosa na ponta dos dedos. Nada mais falso. Haverá quem o faça, mas até Umberto Eco planeava durante anos as suas obras (amadurecendo ideias, pesquisando) para que tivessem o resultado que todos conhecemos. Uma das autoras estrangeiras dentro do género do romance, que mais aprecio – Lesley Pearse- faz investigação nos locais onde se passam as suas histórias. No caso do romance “ Segue o coração, não olhes para trás” uma saga histórica passada no séc. XVIII no trilho do Oregon, fez a mesma viagem que os pioneiros, mas de carro. No meu caso pessoal, aproveito ideias de estórias de vida que conheço e sítios ou países que já visitei. Foi o caso de “ Brincos de Princesa”. Todos os cenários do Dubai foram visitados por mim. No caso do romance que estou a trabalhar agora e que trata de um assunto delicado nas relações (vírus do papiloma) entre casais, o cenário é a França ( sul), zona que conheço muito bem.
Deixando de lado os exemplos de autores, vamos falar um pouco da Sinopse. A sinopse é o esquema de trabalho para escrever o livro, baseado na narrativa da intriga. Poucas histórias seguirão o enredo em sequência cronológica. Com o propósito de criar suspense e prender o leitor e até gerar uma certa confusão, algumas partes terão que ser escamoteadas, sugeridas e deslindadas apenas no momento da conclusão, embora o leitor já adivinhe o final. A sinopse pode fazer-se de uma forma mais vaga ou mais detalhada. A escolha do método é pessoal e depende do escritor.
Pessoalmente uso a forma mais detalhada (fruto da minha aprendizagem) em que depois de pensado o tema, escolho personagens, local do cenário e pontos conflituais a desenvolver.
Ter um esquema que possa seguir em que pondere as seguintes questões relativamente ao livro que pretende escrever. No meu caso, o romance, começo por aqui:
·         O que quero (mote)
·         Para quê? (motivação)
·         Mas? (o conflito) – todos os romances têm um conflito interno ou externo por base.
·         Ganha ou perde? (conclusão) – o personagem ganha e vence o conflito, ou não.
Depois é pegar em papel ou computador, pessoalmente faço em papel, e construir todo o enredo, por capítulo e tópicos dentro dos capítulos.
Um hábito que adoptei desde há algum tempo é transportar sempre comigo um pequeno bloco A5 em que vou tirando apontamentos sobre as ideias que me vão surgindo ao longo do dia. A memória a curto prazo dura pouco e, se não apontar uma ideia fantástica sobre o que está a escrever (ou para futuro romance) depressa ela se esvai. O escritor está sempre a pensar, faz parte da sua organização mental, laboriosa. Escrevemos mentalmente durante grande parte do dia. Depois, quando nos sentamos ao computador é para compor o que pensamos e planeamos durante algum tempo.
Para os escritores iniciantes planear é fundamental. Outro aspecto (senão o mais importante) são os erros. Nada mais desagradável que ler um livro cheio de erros. Os autores independentes ( autores indie) que como eu, publicam por conta e risco, deverão ter muita atenção a esse aspecto. Socorram-se de amigos, grupos de leitores e escritores como o Widbook ou o Wattpad (embora corram o risco de ver as vossas obras surripiadas e plagiadas) e contem com a opinião sincera dos leitores dessas plataformas. É uma boa forma de saber se o livro vai ter aceitação ou não.

Mãos à obra e força nesse pensamento! 

Como dizia Agatha Cristie " A MELHOR MANEIRA DE PLANEAR UM LIVRO É ENQUANTO SE LAVA A LOIÇA", ou seja, aproveitar todos os momentos para pensar. 

ESCRITA CRIATIVA - PLANEAR O LIVRO


Um dos mitos que se constrói à volta dos escritores é que precisam de uma musa inspiradora ( ou algo equivalente) e que não planeiam o livro. Sentam-se ao computador e num rasgo de genialidade sai-lhes a prosa na ponta dos dedos. Nada mais falso. Haverá quem o faça, mas até Umberto Eco planeava durante anos as suas obras (amadurecendo ideias, pesquisando) para que tivessem o resultado que todos conhecemos. Uma das autoras estrangeiras dentro do género do romance, que mais aprecio – Lesley Pearse- faz investigação nos locais onde se passam as suas histórias. No caso do romance “ Segue o coração, não olhes para trás” uma saga histórica passada no séc. XVIII no trilho do Oregon, fez a mesma viagem que os pioneiros, mas de carro. No meu caso pessoal, aproveito ideias de estórias de vida que conheço e sítios ou países que já visitei. Foi o caso de “ Brincos de Princesa”. Todos os cenários do Dubai foram visitados por mim. No caso do romance que estou a trabalhar agora e que trata de um assunto delicado nas relações (vírus do papiloma) entre casais, o cenário é a França ( sul), zona que conheço muito bem.
Deixando de lado os exemplos de autores, vamos falar um pouco da Sinopse. A sinopse é o esquema de trabalho para escrever o livro, baseado na narrativa da intriga. Poucas histórias seguirão o enredo em sequência cronológica. Com o propósito de criar suspense e prender o leitor e até gerar uma certa confusão, algumas partes terão que ser escamoteadas, sugeridas e deslindadas apenas no momento da conclusão, embora o leitor já adivinhe o final. A sinopse pode fazer-se de uma forma mais vaga ou mais detalhada. A escolha do método é pessoal e depende do escritor.
Pessoalmente uso a forma mais detalhada (fruto da minha aprendizagem) em que depois de pensado o tema, escolho personagens, local do cenário e pontos conflituais a desenvolver.
Ter um esquema que possa seguir em que pondere as seguintes questões relativamente ao livro que pretende escrever. No meu caso, o romance, começo por aqui:
·         O que quero (mote)
·         Para quê? (motivação)
·         Mas? (o conflito) – todos os romances têm um conflito interno ou externo por base.
·         Ganha ou perde? (conclusão) – o personagem ganha e vence o conflito, ou não.
Depois é pegar em papel ou computador, pessoalmente faço em papel, e construir todo o enredo, por capítulo e tópicos dentro dos capítulos.
Um hábito que adoptei desde há algum tempo é transportar sempre comigo um pequeno bloco A5 em que vou tirando apontamentos sobre as ideias que me vão surgindo ao longo do dia. A memória a curto prazo dura pouco e, se não apontar uma ideia fantástica sobre o que está a escrever (ou para futuro romance) depressa ela se esvai. O escritor está sempre a pensar, faz parte da sua organização mental, laboriosa. Escrevemos mentalmente durante grande parte do dia. Depois, quando nos sentamos ao computador é para compor o que pensamos e planeamos durante algum tempo.
Para os escritores iniciantes planear é fundamental. Outro aspecto (senão o mais importante) são os erros. Nada mais desagradável que ler um livro cheio de erros. Os autores independentes ( autores indie) que como eu, publicam por conta e risco, deverão ter muita atenção a esse aspecto. Socorram-se de amigos, grupos de leitores e escritores como o Widbook ou o Wattpad (embora corram o risco de ver as vossas obras surripiadas e plagiadas) e contem com a opinião sincera dos leitores dessas plataformas. É uma boa forma de saber se o livro vai ter aceitação ou não.

Mãos à obra e força nesse pensamento! 

Como dizia Agatha Cristie " A MELHOR MANEIRA DE PLANEAR UM LIVRO É ENQUANTO SE LAVA A LOIÇA", ou seja, aproveitar todos os momentos para pensar. 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A metáfora na escrita criativa

As metáforas são o coração e o centro de um texto literário, no entanto nem sempre as trabalhamos com todo o seu potencial e sobretudo emprestando-lhe o seu cunho pessoal. Os leitores já terão usado expressões como «olhos azul mar» ou em momentos de paixão «gosto de ti até à lua», alguns exemplos muito simples da potencialidade da metáfora. O que fez no caso dos olhos e do azul do mar foi uma comparação (olhos azuis, azul do mar) mas, numa metáfora não é bem isso que fazemos.
 Pegando em exemplos de “Carlos Ruiz Zafon” um escritor espanhol que vive nos estados unidos desde 1993, vou tentar demonstrar a maestria com que usa esta figura de estilo. No livro “A sombra do Vento” refere-se ao estado de paixão como «compareceu ao trabalho nas asas de Cupido», ou às nuvens de tempestade nocturna como «manto de trevas cegando a lua», é esta distancia entre o significado e a forma como se chega lá – possibilitando múltiplas interpretações – que se chama metáfora.
Como é que pode usar nos seus textos literários? Uma das formas é pensar no sentido do que quer transmitir e associá-lo a um objecto ou qualquer outra coisa que pretenda trabalhar.


A metáfora na escrita criativa

As metáforas são o coração e o centro de um texto literário, no entanto nem sempre as trabalhamos com todo o seu potencial e sobretudo emprestando-lhe o seu cunho pessoal. Os leitores já terão usado expressões como «olhos azul mar» ou em momentos de paixão «gosto de ti até à lua», alguns exemplos muito simples da potencialidade da metáfora. O que fez no caso dos olhos e do azul do mar foi uma comparação (olhos azuis, azul do mar) mas, numa metáfora não é bem isso que fazemos.
 Pegando em exemplos de “Carlos Ruiz Zafon” um escritor espanhol que vive nos estados unidos desde 1993, vou tentar demonstrar a maestria com que usa esta figura de estilo. No livro “A sombra do Vento” refere-se ao estado de paixão como «compareceu ao trabalho nas asas de Cupido», ou às nuvens de tempestade nocturna como «manto de trevas cegando a lua», é esta distancia entre o significado e a forma como se chega lá – possibilitando múltiplas interpretações – que se chama metáfora.
Como é que pode usar nos seus textos literários? Uma das formas é pensar no sentido do que quer transmitir e associá-lo a um objecto ou qualquer outra coisa que pretenda trabalhar.


domingo, 21 de setembro de 2014

Novo romance - A última dança

Apresento a vocês o meu novo romance. Uma história diferente e que vai tratar um tema delicado e real que não vou revelar ainda. Um romande em que a personagem principal não é uma moça bem comportada, mas sim uma mulher com um passado promiscuo. 

Tenho um pedido a fazer! Preciso de leitores Beta. 

O que é um leitor Beta?

Leitor Beta é todo aquele que tem acesso ao livro antes da revisão, usufrui de uma língua afiada para a crítica, ajudando assim o autor a melhorar a sua obra, antes da publicação. Uma espécie de teste de mercado que se fazem aos livros antes da sua edição.

Quem procuro?

- Leitores (m/f) que apreciem romances com algum grau de erotismo.
- Idade mínima 18 anos.
- Leitores que assumam o compromisso de ler a obra na íntegra e sobre ela emitir uma crítica/sugestões (construtiva (s) de preferência) no seu todo (personagens, enredo, cenários, etc…).

O que procuro?

- Opiniões sinceras e honestas. Não pretendo leitores passivos que apenas absorvem o que gostaram. Preciso de gente com fibra que opine genuinamente sobre o que leu, que saiba fundamentar a crítica, no sentido da qualidade da obra. O que está bem, está e o que está mal, tem que se mudar – importante frisar isto!
- Os personagens são credíveis? Consensuais? Apaixonantes? Enfadonhos?
- A história tem ritmo? Prende-te a cada página? Provoca-te sensações? Dá-te nervos?
- Os cenários estão adequados? As roupas? O enquadramento das cenas?
- No final das primeiras páginas o que prevês que aconteça ao enredo?
- O final do livro é previsível? Envolves-te ao ponto de sentir todas aquelas emoções?
Todas as gralhas, erros frásicos e de construção podem ser apontados mas alerto que a revisão textual será feita por uma profissional, podemos deixar essa parte de lado, para já.




O livro está a ser postado aqui.  Vá lá e confira. 



Novo romance - A última dança

Apresento a vocês o meu novo romance. Uma história diferente e que vai tratar um tema delicado e real que não vou revelar ainda. Um romande em que a personagem principal não é uma moça bem comportada, mas sim uma mulher com um passado promiscuo. 

Tenho um pedido a fazer! Preciso de leitores Beta. 

O que é um leitor Beta?

Leitor Beta é todo aquele que tem acesso ao livro antes da revisão, usufrui de uma língua afiada para a crítica, ajudando assim o autor a melhorar a sua obra, antes da publicação. Uma espécie de teste de mercado que se fazem aos livros antes da sua edição.

Quem procuro?

- Leitores (m/f) que apreciem romances com algum grau de erotismo.
- Idade mínima 18 anos.
- Leitores que assumam o compromisso de ler a obra na íntegra e sobre ela emitir uma crítica/sugestões (construtiva (s) de preferência) no seu todo (personagens, enredo, cenários, etc…).

O que procuro?

- Opiniões sinceras e honestas. Não pretendo leitores passivos que apenas absorvem o que gostaram. Preciso de gente com fibra que opine genuinamente sobre o que leu, que saiba fundamentar a crítica, no sentido da qualidade da obra. O que está bem, está e o que está mal, tem que se mudar – importante frisar isto!
- Os personagens são credíveis? Consensuais? Apaixonantes? Enfadonhos?
- A história tem ritmo? Prende-te a cada página? Provoca-te sensações? Dá-te nervos?
- Os cenários estão adequados? As roupas? O enquadramento das cenas?
- No final das primeiras páginas o que prevês que aconteça ao enredo?
- O final do livro é previsível? Envolves-te ao ponto de sentir todas aquelas emoções?
Todas as gralhas, erros frásicos e de construção podem ser apontados mas alerto que a revisão textual será feita por uma profissional, podemos deixar essa parte de lado, para já.




O livro está a ser postado aqui.  Vá lá e confira. 



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Apresentando Brincos de Princesa

Brincos de Princesa é um romance passado no Dubai e combina duas culturas completamente diferentes. Uma história de amor diferente, divertida e por vezes dramática, que aborda os usos e costumes de um país muçulmano onde mais de 60% da população é estrangeira. Laura, a personagem feminina é uma mulher decidida e vai tentar a sorte fora do seu país. Said, estrangeiro como ela é o poderoso CEO de um empreendimento turistico. Apaixonam-se e têm que ultrapassar muitos obstáculos e perigos.  Entre aqui e veja como saber o resto da história. 

Apresentando Brincos de Princesa

Brincos de Princesa é um romance passado no Dubai e combina duas culturas completamente diferentes. Uma história de amor diferente, divertida e por vezes dramática, que aborda os usos e costumes de um país muçulmano onde mais de 60% da população é estrangeira. Laura, a personagem feminina é uma mulher decidida e vai tentar a sorte fora do seu país. Said, estrangeiro como ela é o poderoso CEO de um empreendimento turistico. Apaixonam-se e têm que ultrapassar muitos obstáculos e perigos.  Entre aqui e veja como saber o resto da história. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Apresentando Laura Mateus " Brincos de Princesa"

«Laura tinha instruções para procurar um motorista com o seu nome escrito numa placa de cartão e encaminhou-se para a saída. Assim que cruzou a enorme porta de vidro sentiu de imediato o calor e eram apenas quatro e trinta da manhã.
Verifica se algum dos cartões - que os homens encostados às grades dos separadores de trânsito tinham nas mãos - tinha o seu nome escrito e encontra-o. Lá estava ele. O seu motorista. Já se sentia mais segura.
Mrs Laura Mateus – Portugal.
Dirigiu-se ao homem, talvez na casa dos trinta que o segurava e teve uma surpresa ao olhar para ele. Rosto forte, quadrado, olhos castanhos profundos, um sorriso encantador assim que a viu enfim, podia dizer que era um executivo qualquer. Tinha ar disso. Os motoristas seriam todos assim, ou só este é que tinha um aspecto tão bonito? Que país curioso!
Laura estendeu-lhe a mão e ele apertou-lha com firmeza dizendo num inglês sem mácula, enquanto a olhava intensamente.
- Seja bem-vinda miss Laura.
Com muito profissionalismo e delicadeza fez um gesto para ela lhe passar a mala.
Laura não se fez de rogada e imediatamente lhe entregou a enorme sansonite,onde carregava - literalmente - todos os seus objectos e roupas pessoais.
Mas porque é que eu cumprimentei o motorista com um aperto de mão? Ele não recusou… Ninguém cumprimenta motoristas de táxi com um aperto de mão. Estou mesmo apalermada.
Mas, o que não deixou escapar da sua mente foi a impressão que o homem lhe causou assim que o viu. Charmoso e bem vestido, alto- mas não excessivamente- ligeiramente moreno, de olhos castanhos-escuros e com um ar sério de profissional. Mais parecia um CEO de uma empresa qualquer do que um motorista de táxi. Era de certeza um motorista com muita classe. Aventurado país! Assim já estava melhor. Ia passar a andar muito de táxi quase de certeza- pensou com malicia enquanto emitia um sorriso velado para si própria.
Ele faz-lhe sinal para o acompanhar e dirige-se ao carro parado mais à frente. À passagem deles as cabeças dos homens que falam alto, em árabe, fazendo uma algazarra, voltam-se todos para ela, causando estranheza e medo a Laura; a curiosidade deles devia-se ao facto de ela ir acompanhada de um homem e de ser tão bonita. Ela é que não sabia isso e interpretou o facto à luz dos conhecimentos acerca do mundo árabe a as relações com as mulheres. Chegaram ao carro e para seu espanto o veículo abre-se sozinho quando ele se aproxima da porta. Tudo por aqui é excêntrico.
 O táxi é um lexus cinzento! Observou admirada. Sempre tivera bons carros, porque felizmente a sua família tinha possibilidade de os comprar, mas as suas escolhas não iam além das marcas mais conhecidas como Peugeot, Volkswagen, nem por sombras pensaria num carro destes. Bolas! Um Lexus é um Lexus!  
 Deixam os motoristas conduzirem carros destes? Questiona-se enquanto ele coloca a mala na bagageira e abre-lhe a porta de trás como um perfeito cavalheiro. Laura entra no carro e afunda-se no couro macio bege e castanho, sentindo-se uma princesa dentro da carruagem de luxo. O motorista arranca com o carro, primeiro suavemente e depois mais acelerado à medida que sai do parque subterrâneo. Laura observa a roupa dele. Parece um fato caro, talvez Armani, mas deve estar enganada. Por mais excêntrico que o país seja seria demais um motorista usar um fato de centenas de dólares. Ele acelera pela enorme avenida com quatro faixas de rodagem de ambos os lados com a indicação de Abu Dhabi, outro emirado, até lá são apenas algumas centenas de quilómetros de estrada pelo deserto para quem segue essa direcção. O sol começa a surgir no horizonte e empresta à cidade um ar misterioso. Pelo espelho retrovisor os olhares cruzam-se e ele sorri-lhe. Laura devolve o sorriso timidamente e pergunta-se porque é que está a reagir desta forma com um simples motorista. Nunca foi snob ou pretensiosa ao ponto de desmerecer outras profissões, mas este motorista era estranho. »

Apresentando Laura Mateus " Brincos de Princesa"

«Laura tinha instruções para procurar um motorista com o seu nome escrito numa placa de cartão e encaminhou-se para a saída. Assim que cruzou a enorme porta de vidro sentiu de imediato o calor e eram apenas quatro e trinta da manhã.
Verifica se algum dos cartões - que os homens encostados às grades dos separadores de trânsito tinham nas mãos - tinha o seu nome escrito e encontra-o. Lá estava ele. O seu motorista. Já se sentia mais segura.
Mrs Laura Mateus – Portugal.
Dirigiu-se ao homem, talvez na casa dos trinta que o segurava e teve uma surpresa ao olhar para ele. Rosto forte, quadrado, olhos castanhos profundos, um sorriso encantador assim que a viu enfim, podia dizer que era um executivo qualquer. Tinha ar disso. Os motoristas seriam todos assim, ou só este é que tinha um aspecto tão bonito? Que país curioso!
Laura estendeu-lhe a mão e ele apertou-lha com firmeza dizendo num inglês sem mácula, enquanto a olhava intensamente.
- Seja bem-vinda miss Laura.
Com muito profissionalismo e delicadeza fez um gesto para ela lhe passar a mala.
Laura não se fez de rogada e imediatamente lhe entregou a enorme sansonite, onde carregava - literalmente - todos os seus objectos e roupas pessoais.
Mas porque é que eu cumprimentei o motorista com um aperto de mão? Ele não recusou… Ninguém cumprimenta motoristas de táxi com um aperto de mão. Estou mesmo apalermada.
Mas, o que não deixou escapar da sua mente foi a impressão que o homem lhe causou assim que o viu. Charmoso e bem vestido, alto- mas não excessivamente- ligeiramente moreno, de olhos castanhos-escuros e com um ar sério de profissional. Mais parecia um CEO de uma empresa qualquer do que um motorista de táxi. Era de certeza um motorista com muita classe. Aventurado país! Assim já estava melhor. Ia passar a andar muito de táxi quase de certeza- pensou com malicia enquanto emitia um sorriso velado para si própria.
Ele faz-lhe sinal para o acompanhar e dirige-se ao carro parado mais à frente. À passagem deles as cabeças dos homens que falam alto, em árabe, fazendo uma algazarra, voltam-se todos para ela, causando estranheza e medo a Laura; a curiosidade deles devia-se ao facto de ela ir acompanhada de um homem e de ser tão bonita. Ela é que não sabia isso e interpretou o facto à luz dos conhecimentos acerca do mundo árabe a as relações com as mulheres. Chegaram ao carro e para seu espanto o veículo abre-se sozinho quando ele se aproxima da porta. Tudo por aqui é excêntrico.
 O táxi é um lexus cinzento! Observou admirada. Sempre tivera bons carros, porque felizmente a sua família tinha possibilidade de os comprar, mas as suas escolhas não iam além das marcas mais conhecidas como Peugeot, Volkswagen, nem por sombras pensaria num carro destes. Bolas! Um Lexus é um Lexus!  
 Deixam os motoristas conduzirem carros destes? Questiona-se enquanto ele coloca a mala na bagageira e abre-lhe a porta de trás como um perfeito cavalheiro. Laura entra no carro e afunda-se no couro macio bege e castanho, sentindo-se uma princesa dentro da carruagem de luxo. O motorista arranca com o carro, primeiro suavemente e depois mais acelerado à medida que sai do parque subterrâneo. Laura observa a roupa dele. Parece um fato caro, talvez Armani, mas deve estar enganada. Por mais excêntrico que o país seja seria demais um motorista usar um fato de centenas de dólares. Ele acelera pela enorme avenida com quatro faixas de rodagem de ambos os lados com a indicação de Abu Dhabi, outro emirado, até lá são apenas algumas centenas de quilómetros de estrada pelo deserto para quem segue essa direcção. O sol começa a surgir no horizonte e empresta à cidade um ar misterioso. Pelo espelho retrovisor os olhares cruzam-se e ele sorri-lhe. Laura devolve o sorriso timidamente e pergunta-se porque é que está a reagir desta forma com um simples motorista. Nunca foi snob ou pretensiosa ao ponto de desmerecer outras profissões, mas este motorista era estranho. »

"Brincos de Princesa" - apresentando Said

(Modelo de Said - Ragheb Alama- cantor Sírio)

"Said olhou para ela intensamente, tentando perscrutar-lhe a alma e depois de saborear uma garfada de arroz envolta em caril deu sinal de ir dizer qualquer coisa. Até a mastigar era sensual. Baixou os olhos em direcção ao prato e brincou um pouco com a comida, como se estivesse a hesitar em dizer alguma coisa que o incomodava. Tinha receio da reacção dela.  
Laura saboreava a comida deliciada. Era visível que ela gostava de comer. Ficava feliz por isso. Queria uma mulher que apreciasse cada momento da vida. A comida era um dos aspectos mais importantes da vida familiar: o momento de reunião e partilha diários. Era a sua opinião, mas não a sua vivência.
Tinha que lhe dizer que já foi casado, não queria esconder mais nada dela.
- Já fui casado. – deixou escapar, para ficar em silencio logo de seguida. Estava preparado para tudo, menos para a rejeição que pudesse advir dessa revelação. Susteve a respiração ficando em suspenso à espera da reacção dela.

Laura pareceu mergulhar no mais profundo de si própria e, ao fim de alguns segundos – que a ele pareceram intermináveis- respondeu num tom muito assertivo:
- Já foste. Ficava zangada se ainda fosses. Não quero saber Said, não agora. - disse-lhe com o ar mais doce que podia arranjar.
 Adorava aquele homem sem saber bem porquê. Há coisas que não se explicam e esta coisa que existia entre eles, tipo “Atracção fatal”- como no filme, tirando a parte da perversão e da psicopatia que não apreciava - era o melhor que lhe tinha acontecido nos últimos dois anos. Depois de Manuel Fontes, pensava que estaria vacinada contra homens. Afinal não eram todos iguais. Bem que a avó Teresa lhe dizia que um dia haveria de encontrar alguém que encaixasse com ela sempre que afirmava não querer mais ninguém.  
- Tinha que ser logo aqui.- pensou alto.
Said ouviu e ficou sem perceber. Franziu o sobrolho em interrogação. "

"Brincos de Princesa" - apresentando Said

(Modelo de Said - Ragheb Alama- cantor Sírio)

"Said olhou para ela intensamente, tentando perscrutar-lhe a alma e depois de saborear uma garfada de arroz envolta em caril deu sinal de ir dizer qualquer coisa. Até a mastigar era sensual. Baixou os olhos em direcção ao prato e brincou um pouco com a comida, como se estivesse a hesitar em dizer alguma coisa que o incomodava. Tinha receio da reacção dela.  
Laura saboreava a comida deliciada. Era visível que ela gostava de comer. Ficava feliz por isso. Queria uma mulher que apreciasse cada momento da vida. A comida era um dos aspectos mais importantes da vida familiar: o momento de reunião e partilha diários. Era a sua opinião, mas não a sua vivência.
Tinha que lhe dizer que já foi casado, não queria esconder mais nada dela.
- Já fui casado. – deixou escapar, para ficar em silencio logo de seguida. Estava preparado para tudo, menos para a rejeição que pudesse advir dessa revelação. Susteve a respiração ficando em suspenso à espera da reacção dela.

Laura pareceu mergulhar no mais profundo de si própria e, ao fim de alguns segundos – que a ele pareceram intermináveis- respondeu num tom muito assertivo:
- Já foste. Ficava zangada se ainda fosses. Não quero saber Said, não agora. - disse-lhe com o ar mais doce que podia arranjar.
 Adorava aquele homem sem saber bem porquê. Há coisas que não se explicam e esta coisa que existia entre eles, tipo “Atracção fatal”- como no filme, tirando a parte da perversão e da psicopatia que não apreciava - era o melhor que lhe tinha acontecido nos últimos dois anos. Depois de Manuel Fontes, pensava que estaria vacinada contra homens. Afinal não eram todos iguais. Bem que a avó Teresa lhe dizia que um dia haveria de encontrar alguém que encaixasse com ela sempre que afirmava não querer mais ninguém.  
- Tinha que ser logo aqui.- pensou alto.
Said ouviu e ficou sem perceber. Franziu o sobrolho em interrogação. "