quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Conselhos aos autores independentes

As publicações de autores independentes são a maior fatia de vendas das principais plataformas de auto-publicação ( Amazon, Barnes&Noble) que vieram possibilitar a centenas de autores que viram recusados os seus trabalhos pelas editoras tradicionais, realizar o seu sonho. Mas, nem tudo são facilidades e, só quem apresenta qualidade consegue singrar no meio. 
  • Em primeiro lugar tem que apresentar uma história e um texto bem escrito, nada pior para um autor que apresentar erros, por isso, reveja dez, vinte vezes o seu têxto, ou arranje um revisor ( é um serviço caro), ou, peça a alguém de confiança que lhe reveja o livro. 


  • Em segundo lugar, tenha noção que os olhos são os primeiros a "comer" o livro e, se a capa não for atrativa, o leitor não lhe vai pegar. Se domina os programas Ilustrator, Photoshop, poderá efectuar uma boa capa. A plataforma da Creaespace contém todas as explicações  em inglês de como efectuar a capa por sua conta. Ou contrate um bom designer de capas, que lhe crie um tipo de capa pela qual o leitor passe a identificar os seus livros. Todos os autores têm um tipo de capa. 


  • Em terceiro lugar crie uma página de Facebook, Twiter, Pinterest...onde possa anúnciar os seus livros e interagir com os seus leitores. Não venda os livros, anúncie, aos poucos, conquista leitores que vão trazendo outros. 


  • Faça amizades com outros autores independentes com quem possa partilhar esta dura tarefa de ser escritor independente. Os colegas escritores independentes, não são seus concorrentes, são aliados. Foi com a generosidade da escritora brasileira Cristina Pereyra que eu aprendi sobre a autopublicação. 


  • Se escreve em português não tenha ilusões sobre o número de livros vendidos. A amazon só existe em português do Brasil e a percentagem de livros vendidos é muito baixa. A percentagem alta de vendas de autores independentes acontece na amazon americana e inglesa. 


  • Quer vender livros como autor independente? Traduza para outras linguas, sobretudo para inglês. É caro? É sim, mas existem outras possibilidades. Procure nas plataformas online de freelancers. Há profissionais a fazerem a tradução por preços bem acessiveis, mas...há sempre um mas...no final a revisão tem que ser feita por um nativo da lingua, senão arrisca-se a que as expressões idiomáticas sejam autenticas anedotas e, isso será mau para o escritor. 


  • Um escritor independente, vive de vendas e de criticas. Prepare-se para ter criticas negativas. Todos têm. É a garantia que as suas criticas são genuinas. 


  • E, por último, se é autor independente e conseguiu sucesso com um livro, saiba que tem que continuar a escrever para replicar o fenómeno. Ainda não é um fenómeno ( agora estou a brincar), continue a escrever de igual forma. Só publicando pode ver o seu trabalho reconhecido. Há autores independentes que vivem da escrita, em quase todos os países. 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Novas aventuras

Depois de um ano de publicações em Português comecei a pensar em traduzir os meus livros para outras linguas para poder alcançar um maior número de leitores. O primeiro livro a ser traduzido foi "Brincos de Princesa" e será publicado em inglês no principio de Fevereiro, esperamos com esta tradução ( eu e a a Zoom Mind artes digitais, a empresa que me está a ajudar) chegar ao mercado inglês e americano. Está também colocada a hipótese de traduzir para Espanhol. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

De que falam os escritores?

Quando comecei a escrever todas as pessoas me perguntavam sobre que escrevia e, sempre que dizia que escrevia romances que contassem uma história de vida, havia sempre um sorriso ou outro, como se fosse um género literário menor. No entanto, quase todas as pessoas que conheço os lêem. Outros, colegas escritores que pretendem marcar a diferença no mundo literário, dizem com alguma arrogância que «eu não escrevo romances, andam todos a escrever o mesmo», mas no entanto é isso mesmo que fazem, tentam é dar-lhe um ar intelectual, sempre tentanto imitar génios como Saramago, Tolkien...e por aí fora que a lista não teria fim. 
Assumo que gosto de ler e escrever romances. Os escritores escrevem sobre aquilo que sabem e é o que faço. Se existisse uma categoria literária " estórias de vida", seria aí que me encaixava, mas não deixaria de ser um romance. Parafraseando um escritor inglês que colabora com a Createspace na ajuda aos autores indie, também que não tenho pretensões a mudar o mundo, escrevo porque gosto de seguir o desenvolvimento das minhas estórias e dos meus personagens e, há quem me leia e goste. 
Se eu acho que os escritores mudam o mundo? Sim acho, mas não serão todos e, eu não sou esse tipo de escritora. Escritores escrevem sobre o que sabem, embora em todos os géneros literários, se quiserem fazer um trabalho sério, tenham que pesquisar bastante sobre o tema que escrevem, no entanto há escritores que pelo conhecimento e genialidade que possuem deixam um autentico legado de obras que se destinam ao aparelho pensante do homem, pretendem e conseguem mudar mentalidades.  
Os meus livros, são livros de entretenimento embora alguns deles falem de assuntos sérios da aréa da psicologia, a minha profissão. A minha inspiração para escrever vem do conhecimento que possuo sobre as motivações humanas, sobre o comportamento social e psicológico do ser humano e pretendo sempre deixar qualquer coisa para pensar. Em ANNA e GABRIELLE, abordo o tema do incesto, em BRINCOS DE PRINCESA falo da condição da mulher muçulmana e da loucura dos homens, e em SONHOS ADIADOS, abordo as doenças sexualmente transmissíveis e as relações amorosas. Falo de pessoas, alegrias, tristezas, mudanças de vida, perdão, lutas internas, e viagens. 

sábado, 17 de janeiro de 2015

Escolha dos cenários

Foto da autora ( Maiorca)
Quando pensamos num livro, pensamos nos cenários, porque ao ler, o leitor faz uma viagem também. Quantos livros já leram que vos proporcionaram viagens de sonho, mesmo nunca tendo estado nos sitios descritos pelo autor?

Os cenários, tal como os personagens marcam o livro e ficam gravados na nossa memória. A memória é selectiva e guarda a informação pela importância que tem para a pessoa. Se eu gostar de determinado país, absorvo tudo o que oiço ou leio sobre ele. Se me vierem com uma descrição de um quadro abstracto, pois de certeza que não vou reter nada, porque simplesmente não aprecio. Nos cenários das cenas dos livros é a mesma coisa. Uma vez uma leitora do Wattpad disse-me que a forma como eu descrevi o Dubai prendeu-a até ao fim do livro. Conheço o Emirado pelo que apenas conduzi os leitores pelos sítios através dos meus olhos. É assim que os escritores fazem. Elisabeth Adler é magistral na forma como o faz, todos os livros dela contêm belos cenários que nos fazem sonhar.

 Lembro-me do livro de Lesley Pearse, Segue o coração e da descrição que ela fez da pradaria do norte da américa, no trilho do Oregon, das montanhas e do rio e ainda as revejo mentalmente como na época em que li o livro.

Mas como é que escolhemos os cenários? Simples. A internet é uma óptima ferramenta para escolher cenários, bem como a experiência do escritor. Pessoalmente gosto de usar os lugares e países que conheço, para localizar os meus romances. Vou dar-vos o exemplo do meu próximo livro no qual estou a trabalhar ainda o Plot e o desenvolvimento da história, personagens e organização do romance por capítulos. Precisava de um sítio descontraído e fora de Portugal (escolhi Maiorca, ilha que conheço bem) e de uma casa antiga em Maiorca que pudesse utilizar para as cenas do livro. Recorri à internet e seleccionei uma casa com 150 anos, recuperada, e que está à venda. Gravei as imagens para poder usar quando fizer a descrição das cenas. Claro que se mantém sempre o anonimato quando ao imóvel, para evitar confusões com os proprietários, ou, caso tenhamos a autorização, quem sabe até se os proprietários vão ficar orgulhosos de terem a sua casa a servir de cenário para um livro. Cada escritor encontra a melhor forma de conseguir os seus cenários, mas acreditem que todos o fazem. Podemos sempre imaginar um cenário, mas se não se trata de um livro de fantasia, convém não inventar cenários pouco reais, isso descredibiliza o livro e o escritor. Força nesses dedos e boa escrita.   

sábado, 10 de janeiro de 2015

Elisabeth Adler - Casamento em Veneza e outros livros

Descobri esta autora há muito tempo nas prateleiras das livrarias, mas só há poucos meses resolvi pegar num dos livros e comprá-lo. O primeiro que li foi "Casa de Campo" e apesar de ter gostado do enredo, não fiquei deslumbrada com a história. A autora tem um escrita muito fácil de ler sem demasiado simplista. Constrói bem os enredos e não usa cenas de sexo muito ousadas, mantêm o leitor a imaginar o que se poderá passar sem descrever na integra. 
De seguida li "Regresso a Itália" e rendi-me. A trama da história é interessantissima, as personagens fortes, bem construidas e cativantes e a compulsão a ver o que vem a seguir, faz-nos ler o livro de rajada. Mas, o que mais me fascinou foi a forma como mistura a paisagem dos locais com o desenrolar da acção. Este livro, especialmente por ser passado no sul de Itália ( que conhecço bem) fascinou-me por completo. Recomendo. 
Acabei há dias de ler "Casamento em Veneza" e foi outra surpresa muito agradável. Um enredo digno de policial misturado com um romance que parecia obvio mas que a seguir muda o sentido por completo, tudo isto passado nos cenários de Xangai, Paris, Mónaco, Veneza e Carolina do Sul nos USA, foi fantástico. 
Gostei tanto da escrita da autora que já estou a ler " Viagem a Capri" que se está a revelar fantástico também. Sem dúvida uma autora a ler, e, quem imagina que são livros de cordel, engana-se, são histórias fascinantes, ou não fosse uma das autoras mais lidas no mundo. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Livro "MEUS PAIS, MEUS ESPELHOS"



Hoje venho apresentar-vos o meu outro livro,escrito com o meu nome. O livro é o resultado de um projecto feito há alguns anos, com mães, num Centro de Saúde e que tinha como objectivo sensibilizar os pais e mãe para algumas etapas da vida emocional da criança muitas vezes desvalorizadas. O livro é curtinho, tem quarenta páginas e contou com a prestimosa colaboração da pintora Isabel Aldinhas que fez 10 aguarelas que ilustraram o projecto e mais tarde o livro. Os originais das aguarelas estão na sala de espera do meu consultório. O livro fala da importância do olhar materno, como espelho da criança, do desmame, do treino do asseio, das birras, da fase exploratória...etc. 
O livro é apresentado no ponto de vista da criança, que conduz os pais pela forma correcta de actuar. 
O livro existe em versão papel e em ebook na amazon. 


Trecho do Livro

"Olá! Sou o Salvador. Estou ao colo da minha mãe. Ela olha para mim e eu olho para ela. Assim apreendo o amor dela, e vou percebendo quem sou, que existo. Quando ela me olha é como se me visse nos olhos dela…se ela não olha para mim, faço qualquer coisa para ela o fazer. Faço caretas com a língua, olho muito para ela e sorrio, sim eu nasci há dias mas já respondo aos sorrisos da minha mãe.
- Ufa! Ela já olhou…que bom!
 - Mas às vezes não preciso de fazer nada, ela passa horas a olhar-me…gosto tanto. É uma boa mãe! E quando vem o pai, ainda gosto mais…é diferente…é outra voz, também me embala e sorri para a mamã. Os meus pais estão muito felizes com a minha chegada. Sei que vou ser uma preocupação para eles, mas sinto-me tão amparado que vai tudo correr bem. A mamã por vezes ainda fica aflita quando me dói a barriguinha, são os meus intestinos que se estão a habituar ao leite materno, mas logo vai passar. Os meus pais conversam muito comigo, faz-me bem ouvir vozes humanas, é assim que aprendo a linguagem, desde que nasci que oiço as vozes deles e já as distingo. A minha mamã já me entende muito bem, percebe os meus diferentes tipos de choro: tenho fome, tenho frio, tenho calor, tenho sono, estou cansado – sim, os bebés também se cansam-, tenho a fralda suja. Quando tenho fome ela aproxima-se de mim e diz:
- Oh meu querido Salvador! Já sei que tens fome, vamos já tratar de ti. Depois de mamar o quanto eu quiser, ela muda-me a fralda e eu fico tão confortável que durmo de imediato.
Por vezes também já faço umas birras para chamar a atenção, ela percebe e não corre logo – deixa-me chorar um pouco, muito pouco-, e só depois vai perguntar o que eu tenho. E, ela sabe logo:
- Queres colo não é meu querido?
E lá vou eu para o sítio onde me sinto mais seguro: para os braços dela. Quando estou acordado quero ficar junto da minha família. Se ficar muito tempo sozinho assusto-me."


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Leitores Beta

Quando se fala de autores independentes, temos que falar necessáriamente em leitores Beta. Porquê? Porque ao contrário dos autores que publicam nas editoras convencionais, não têm quem faça uma primeira apreciação dos seus escritos. O leitor Beta é o leitor lhe vai dar feed-back  de uma forma honesta, seguindo alguns parametros.
  • Compreensão da trama, e se tem uma história que prende o leitor
  • Se tem buracos no desenvolvimento do seu romance
  • Se há desfazamentos temporais
  • Se há erros históricos ou alguma descrição desadequada
  • Se tem muitos erros gramaticais
  • Se tem excesso de palavras desnecessárias ( isto se você pedir, caso contrário não fazem)
  • Se o final é coerente com a história...
  • O que é que ele ou ela, leitor Beta, sentiram quando leram o livro. 
É fácil encontrar leitores Beta? Não, não é. 
Então como é que os autores independentes devem fazer para terem um primeiro feed-back sobre os seus trabalhos? 
Devem encontrar um grupo de leitores e escritores que o ajudem nesse sentido. Há plataformas para leitores e escritores, como a Wattpad, em que se pode inscrever e os leitores vão tendo acesso aos seus livros e deixando os comentários. Não são leitores beta porque vamos criando uma relação com essas pessoas, mas ajudam a perceber o sentido e a aceitação do livro.  
Esses leitores são verdadeiros? 
Na sua maioria sim, é dificil arrancar comentários, sobretudo não sendo da nacionalidade da maioria dos falantes da lingua, mas há leitores que se entusiasmam com a história e acompanham até ao fim. Pessoalmente tenho uma boa experiencia com a plataforma do Wattpad, e só não tenho maior interação por falta de tempo para ler obras de outros autores. Quanto mais  interagir com outros escritores, maior será o numero de respostas que terá. Quando escrevi o meu primeiro livro, uma das leitoras chamou-me a atenção para um buraco na trama e para a discrepencia das idades, e, essa "critica" foi extremamente util. Todos sabemos como é dificil desligarmo-nos do que escrevemos e detectar os erros sejam de que tipo forem, desde gramática, expressões usadas demasiadas vezes ou falhas no plot. 
Atenção, familia e amigos ( a não ser que sejam muito sinceros mesmo) não servem de leitores Beta. 

Boas leituras e escritas e quem escreve busque os seus leitores Beta. 


sábado, 3 de janeiro de 2015

Só escrever, ou escrever e ler?



Onde vão os autores buscar tanta inspiração que lhes permite criar personagens de todo o tipo de seres humanos e outros menos humanos, tais como elfos, libisomens, lobos, vampiros e por aí fora. Ora bem, em primeiro lugar a criatividade é algo que se estimula. Mas como? Lendo, lendo, lendo. Quem não lê, seja lá o que for, não desenvolve o pensamento e por conseguinte a criatividade. 
Stephen King, no manual Escrever: Memórias de um Ofício, afirma de forma peremptória que « Se você não dispõe de tempo para ler, então também não tem o tempo nem os instrumentos para escrever». Correcto e afirmativo. Devorem os clássicos e as obras mais recentes; os volumes premiados e os que vendem mais. Perceba o que faz aquele género vender mais e o outro não, mas atenção, não vá escrever num género literário, só porque vende muito, é necessário que se sinta bem a escrever esse tipo de texto. Todos os autores lêem outros livros idênticos, comparam, vão tirar ideias, comparam estilos de escrita, etc. 
Pessoalmente escrevo tanto como leio. Por mês devo ler em média três a quatro livros de mais ou menos 400 páginas cada, e, muitas vezes, arranjo forma, de desbloquear alguma cena que está dificil de escrever. 
Pode um romance incendiar a imaginação do leitor? Sim claro. A biblioteca de um escritor deve ser a mais completa e perigosa arma para alimentar a fantasia. Leia, releia, rabisque os livros e dobre páginas se isso for confortável para si, mas se quiser escrever, use e abuse da leitura em primeiro lugar. 
Como Jorge Luis Borges SEMPRE IMAGINEI QUE O PARAÍSO FOSSE UMA ESPÉCIE DE LIVRARIA, desde que tinha mais ou menos dez anos e passei a devorar livros, desde Hans Christien Andersen, até ao Vermelho e Negro de Stendhal. 

domingo, 28 de dezembro de 2014

Escrita criativa- personagens egoístas e arrogantes.


   Não há romance que não tenha um personagem antipático, ou muito arrogante, mas que consegue manter a atenção do leitor. Ele tem qualquer coisa que nos deixa presos e a querer saber mais. Dou como exemplo o personagem masculino da saga familiar “ Anna” e “Gabrielle” que é detestável, mas possui um conjunto de características que nos faz gostar dele. Quando estava a escrever o primeiro livro, pensei transformá-lo num homem diferente (mas isso seria alterar o rumo do romance), pela simpatia que irradiava em conjunto com toda a personalidade perversa. Não vou revelar mais, poderão ver por vocês quando os livros saírem.
Truques para manter o leitor interessado se o personagem principal é egoísta, rude, perverso…
·         O personagem ter amor a alguém (pode até ser um animal) ou alguma causa em especial. As ligações a animais funcionam muito bem para personagens antipáticos.

·         Se o personagem é estúpido, idiota, mas gosta de alguém, pode ser uma pessoa idosa, prende o leitor pela compaixão.

·         O personagem é mau, mas tem dúvidas sobre as suas acções e ao longo do livro os remorsos começam a surgir. Como leitora adoro personagens desse género.

·         O personagem tem todas essas características menos simpáticas, mas o escritor deixa em aberto o decorrer da acção e o personagem é imprevisível e subitamente começa a fazer boas acções, ou a ser mais simpático. Dou como exemplo a personagem masculina do romance “Sedução irresistível “ de Elizabeth Hoyt, que era arrogante, desfigurado pelos traumas de guerra, chegava a ser mau, mas deixava adivinhar que qualquer coisa ia mudar nele. Era impossível não gostar do Alistair. Outro exemplo, para quem se lembra de "E tudo o vento Levou", é Reth Butler, o personagem masculino, rude, grosseiro e quase detestável, mas que grangeou a simpatia do leitor e no cinema do público. 

·         O personagem é mau carácter mas está em perigo e isso entusiasma o leitor.

·         O personagem é muito mau, mas os outros são muito piores, o que faz com que o leitor simpatize com ele.



segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Plataformas de auto-publicação


A revolução digital veio para ficar, e a auto-publicação também, possibilitando a milhares de escritores pelo mundo fora realizarem o seu sonho. O fenómeno do e-publishing, ou "auto-publicação" ganha diariamente novos adeptos e existem muitos casos de sucesso que dispensam as editoras convencionais. Muitos escritores desistiram de enviar manuscritos para editoras sem obter qualquer resposta, ou em muitos casos serem convidados a comprar os próprios livros para depois ficarem entregues a si próprios na publicidade venda. Com a evolução da era digital, o filão da "ficção digital", até então refúgio de escritores iniciantes e amadores que escrevem exclusivamente para a internet, começa a atrair autores consagrados e com uma longa história de publicação em editoras convencionais. A globalização, ao nível da publicação digital, tem possibilitado que escritores iniciantes vendam os seus livros ao lado de autores que já venderam milhões de livros, como Nicolas Sparks, Lesley Pearse, Ken Follet entre muitos outros.
Nos EUA, a escritora amadora Amanda Hocking, de 27 anos, chegou à marca de 1,5 milhão de e-books vendidos no site da Amazon. o que levou Amanda a vender os seus livros na internet foi a rejeição das editoras convencionais. Há dois anos sem dinheiro, e decepcionada com as respostas negativas aos seus livros de monstros e vampiros, Amanda pegou numa das suas obras e a colocou à venda na Amazon, chegando à marca de 150 mil exemplares em apenas seis semanas.
Há sempre vozes dissonantes em relação à publicação em formato digital, no entanto creio que esse processo ainda não enfraqueceu as vendas em papel. As editoras que possibilitam ao autor independente, publicar em ebook , também publicam em papel, sob demanda, ou seja, o livro só é impresso quando a encomenda é feita. Quer isso dizer que quem gosta de sentir um livro em papel – eu ainda não dispenso o livro em papel, embora venda mais ebooks – pode escolher entre os dois formatos.
Outros problemas têm-se colocado ainda em relação aos autores independentes, relacionados com as críticas sob a qualidade do autor independente, por não existir um crivo (revisor, editor… ) que aprecie esse trabalho. Quanto a isso podem ficar descansados pois o que não presta não vende e tem críticas negativas. O autor independente vive muito da apreciação que os leitores deixam nos sites de venda, e podem acreditar que são extremamente verdadeiros sob o que leram, não hesitando em deixar críticas negativas se não gostarem, afinal o leitor pagou pelo livro; o que não acontece com os autores convencionais, pois a não ser que algum crítico literário faça uma apreciação, ninguém sabe o que pensam daquela obra em particular, senão ao fim de algum tempo. 
Em meio aos prós e contras desse negócio, não se pode negar a mudança nos hábitos de leitura e escrita que ele representa. O florescimento das publicações on-line pode ser um caminho possível diante das restrições de mercado e da recusa em as editoras apostarem em novos autores. Se tem um livro escrito e acha que tem qualidade para publicar, as hipóteses são imensas, e basta fazer uma pesquisa na internet que descobre várias plataformas onde pode publicar de graça. Pode publicar na amazon (com várias lojas pelo mundo) e pode inscrever-se de forma gratuita na Createspace.com, em inglês mas com a ajuda do Google tradutor é fácil de usar, e tem uma possibilidade muito interessante de publicar em papel, ou na Kindle (também da amazon) também muito fácil de usar. Se publicar na Createspace quando colocar o seu livro em papel, o sistema converte-o automaticamente para ebook com vista a publicar na Kindle. A minha experiencia com a amazon tem sido muito positiva.
Existe ainda a Kobo.com, a Google Play, a Bubok em Portugal (vou iniciar a minha publicação nesta plataforma portuguesa) a Lulu.com, e muitas outras grátis. Claro que todas elas têm serviços editoriais que o escritor usa se quiser. Se souber ou tiver quem lhe faça as capas, sempre o mais complicado (pessoalmente criei um estilo de capa com a ajuda de um designer) não precisa contratar os serviços das plataformas. Noutro post iremos falar sobre o processo de publicação detalhadamente.


sábado, 20 de dezembro de 2014

Estruturar o livro

Imagem retirada da internet

Nem todos os escritores têm necessidade de estruturar o livro servindo-se de um Plot (esquema dos acontecimentos do livro, linha orientadora) e planeando os capítulos passo a passo. Há quem inicie a escrita seguindo apenas a ideia que desenvolveu e, ao longo do livro vá deixando fluir as ideias para no final chegar onde pretende. Outros planeiam cuidadosamente capítulo a capítulo. Não há uma forma certa. Cada escritor faz da forma que se sente mais confortável. Já usei as duas formas e achei a primeira muito difícil de seguir. Se estivesse sem escrever um dia tinha que voltar a rever tudo de novo, perdia-me facilmente. Actualmente é impensável não planear o livro com cuidado, com Plot, capítulos e dois finais possíveis.  
O que é um Plot?
Plot é um conjunto de acções interligadas e que dizem respeito a um personagem que tem um conflito (interno ou externo) e que precisa atingir um objectivo para o resolver. Esse conflito pode ser simples ou mais difícil e que necessite da acção de vários personagens que ao longo do livro entram e interacção com a personagem principal. Quanto mais difícil for resolver o conflito mais interessante se torna a obra.   

Em primeiro lugar começo por definir a ideia subjacente ao livro. Depois as personagens e os cenários onde decorrem (faço uma biografia para cada personagem, mesmo que sejam secundários) e no início do livro apresento-os um a um sem revelar muito. Com cerca de um terço do livro escrito (20.000 palavras) há um ponto de viragem em que o conflito fica no auge. Dependendo da história, até esse ponto a história cresce e apresenta os diversos problemas e, quando atinge o climax, inicia um decrescendo em que a trama principal do livro começa a resolver-se até ao final. Mas, outras situações podem acontecer e, nomeadamente existirem diversos pontos de viragem ao longo da história, o que torna a trama mais interessante. Voltando à estruturação do livro, depois do plot definido (uso uma folha A3 onde faço o esquema com personagens e cenários) e essa folha fica pregada num placard em frente à minha mesa de trabalho. Depois escrevo a biografia dos personagens. Nada muito exaustivo, mas que contenha características físicas e psicológicas que ao longo do livro sejam possíveis de mudar à medida que o personagem cresce. Depois, com a orientação do plot esquematizo os capítulos com as diversas cenas a escrever. Quanto aos cenários também faço uma pesquisa muito exaustiva. No livro “Brincos de Princesa” não foi necessário, conheço bem todos os cenários onde a acção decorreu, e o mesmo se passou com “Sonhos Adiados”. Convém descrever os cenários com veracidade e, se não conhecer pesquise bastante, a internet é uma boa fonte de recolha de informação, pode usar a Google Earth para pesquisar os cenários físicos. Finalizado este trabalho que também leva algum tempo inicio a escrita dos capítulos e sigo o esquema dos capítulos e das cenas, podendo deixar de escrever a qualquer momento, e retomar sem me enganar na informação. Bom trabalho.  

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

E. Lockhart- Quando éramos mentirosos

Confesso que o que me motivou a pegar neste livro foi o título, que achei deveras curioso. Foi uma leitura que não foi fácil ao início. Mas como sou persistente continuei, e ao fim de algumas páginas fiquei completamente embrenhada com esta família abastada (que tem uma ilha privada) mas com segredos e contornos relacionais estranhos. Um avô preocupado com as heranças, um pai manipulador e as mulheres adultas da família vivendo uma rivalidade entre elas. O que inicialmente parecia um conto juvenil transformou-se numa narrativa adulta e com sofrimento. O facto de a narradora ter sofrido uma pancada na cabeça deixa-nos na dúvida sobre a veracidade dos acontecimentos, mas no final a surpresa é total, não esperava. Talvez por defeito de profissão (mas não só), sou apaixonada por histórias de vida, e este livro fala de encontros, desencontros e mudanças, de objectos e objectivos, no fundo, aquilo que traduz a passagem de todos nós pela adolescência.

 Um livro diferente, pleno de mistério, mas que teve a capacidade de me transportar para dentro do enredo. Não conhecia a autora, mas vou ficar atenta a outras publicações. Vale a pena ler pela singularidade da escrita e do enredo. Recomendo. 

E. Lockhart é o pseudónimo de Emily Jenkins. A autora é doutorada em literatura inglesa pela Universidade de Colúmbia e ensina escrita criativa. É autora de várias obras. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Lesley Pearse - És o Meu Destino

O primeiro romance que li da autora foi " Segue o coração..." e fiquei fã da escritora. Li todos os livros que foram publicados em Portugal até agora. Hoje venho falar-vos de " És o Meu Destino" o terceiro livro da história de Belle. A autora apresenta-nos Mari ( a terceira geração, filha de Belle e Étienne cuja vida vai mudar drasticamente quando chega a Inglaterra. Num cenário de guerra a personagem é posta à prova e enfrenta as piores coisas que uma guerra pode trazer: perdas de pessoas e destruição. Mari encontra o amor na viagem da Nova Zelândia para Londres, mas também o perde logo de seguida, e só no final do livro ficamos a saber qual o destino dos personagens. 
A autora tem uma linguagem escrita, fluída, com palavras simples e uma capacidade de perscrutar o interior do seu humano e por isso em palavras que nos deixa presos aos seus livros do principio ao fim. Não é por acaso que é uma das autoras que mais vende nos países onde a sua obra está traduzida. Os romances da autora não são historias de água com açúcar, são histórias de vida que nos trazem sempre grandes dramas da vida humana. Este romance fala-nos de lealdade, amor, coragem e solidariedade e sobretudo de capacidade de resiliência ( superar obstáculos), tudo isto presente nas personagens do livro. Aconselho vivamente a ler a autora. É uma fonte de inspiração para mim desde que leio os livros dela.


Uma das escritoras preferidas do público português, Lesley Pearse é autora de uma vasta obra já traduzida para mais de trinta línguas, tendo vendido cerca de três milhões de exemplares. A própria vida da escritora é uma grande fonte de material para os seus romances, quer esteja a escrever sobre a dor do primeiro amor, crianças indesejadas e maltratadas, adopção, rejeição, pobreza ou vingança, uma vez que conheceu tudo isto em primeira mão. Ela é uma lutadora, e a estabilidade e sucesso que atingiu na sua vida deve-os à escrita. Com o apoio da editora Penguin, criou o Women of Courage Award para distinguir mulheres comuns dotadas de uma coragem extraordinária. Para além de Segue o Coração. Nunca Olhes para Trás, na ASA estão já publicados com grande sucesso os seus romancesNunca Me Esqueças e Procuro-te.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Jardins de Luar - livro em papel.

Excerto do livro
"Isabel fez uma ligeira vénia com a cabeça e permaneceu sentada enquanto ele saia da sala de refeições. Devia ter perto de um metro e oitenta – algo raro nos homens alentejanos- e, o porte atlético de cavaleiro experiente. As calças castanhas justas às pernas, enfiadas nas botas de montar e a casaca verde-escuro com botões dourados, realçavam-lhe a cor dos olhos. Não sendo propriamente um homem bonito era muito másculo. Mas, o que mais surpreendia Isabel era a forma como este homem detentor de um título de nobreza tratava os seus serviçais. Todos os criados gostavam dele, embora todos dissessem que não o queriam ver enfurecido, não queriam ver o lado mau dele. Já tinha percebido que deviam confundi-lo com o velho conde seu pai, esse sim, um ser humano irrascível, segundo a cozinheira lhe contara.  
Há muito tempo que não montava. Quando vivia na casa do pai tinha uma égua só para si. Que saudades de sentir o vento na cara e no cabelo quando galopava pela planície! Subiu as escadas e procurou no velho baú a roupa de montar. O desconhecimento acerca do convento era tal que imaginou que lá, pudesse continuar a fazer as actividades habituais, por isso colocara no baú, quase toda a roupa que possuía.
Vestiu-a rapidamente e encaminhou-se para a estrebaria. Era nestas alturas que se sentia livre. Esta roupa era bem mais confortável que as anquinhas e os espartilhos e depois não havia nada que lhe agradasse mais que estar montada numa cela.
Com cautela entrou no edifício escuro a cheirar a cavalo e, Inácio, um dos moços da estrebaria apareceu na porta quando ouviu o som das botas na pedra do chão. Tirou o chapéu em sinal de respeito e disse:
- Menina Isabel em que posso servi-la? –os seus olhos riam-se sempre que a via.
Inácio tinha sonhos molhados com Isabel desde que ela fora viver para o Solar de Santa Maria.
- Há algum cavalo que eu possa montar? Não o faço há muito anos e gostava de experimentar de novo. –confessou.
- Oh diacho menina! Os cavalos do conde são todos ariscos.- disse para lhe meter medo e fazer-se de valente.
 – Olhe que eu sou um bom cavaleiro e já me atiraram ao chão algumas vezes. – vangloriou-se.
- Que tal o “Arisco”? – disse uma voz grave e ligeiramente rouca atrás de si.
Manuel Afonso dera pela presença dela assim que entrou dentro da cavalariça. Cada vez estava mais intrigado. Quem era esta rapariga? A madre superiora não lhe contou toda a história dela quase de certeza. Por educação não queria perguntar, mas algo lhe dizia que havia um segredo em torno dela.
Inácio fez uma vénia com o chapéu de pele curtida e ficou mudo.
- Estava eu a dizer que lhe podes preparar o Arisco. Parece que a menina Isabel me vai acompanhar hoje.
Ficou perplexa e sem saber que dizer. Não queria ir com ele. Queria ir sozinha e andar livremente pelo campo.
- Perdão…não era minha intenção…só queria experimentar… se ainda sei montar. – disse aos solavancos e muito corada. – Não quero incomodar vossa senhoria.   
- Nada melhor que a minha companhia para testar as suas habilidades. No caso de falha estarei lá para a apanhar.
Quanto mais sério dizia as coisas, mais interessante ficava. Tudo nele transpirava homem - roupa, cheiro, gestos, e sobretudo a voz muito máscula. Conhecia-lhe a voz à distância. Era inconfundível.  
Tinha a resposta na ponta da língua mas refreou-se. Não era adequado responder-lhe na presença de outras pessoas. Não queria ofendê-lo, mas o conde estava a começar a jogar um jogo perigoso para uma mulher virgem e sem experiência. Estava a adorar o pagode, mas sentia que a qualquer momento podia perder a sua inocência. Ou estaria enganada e o homem era apenas mordaz?  
Inácio apareceu com os dois cavalos arreados pela mão e entregou-os nas mãos do conde, pelas rédeas. Manuel Afonso puxou um dos cavalos para perto dela- o branco com um porte majestoso – e ajudou-a a subir para a sela. Para seu espanto Isabel pôs o pé no estribo e saltou escarranchou-se na sela como os homens. A saia dela abria-se a meio como se fossem calças quando montava. Muito engenhoso. Nunca vira semelhante coisa. Todas as mulheres que conhecia montavam sentadas de lado. Não queria perder esse espectáculo por nada.
Olhou para ela com admiração, mas não fez comentários. Essa centelha de espanto que lhe passou pelo olhar não escapou a Isabel.
Pôs o pé no estribo, saltou com agilidade para o cavalo castanho e disse-lhe:
- Pronta para uma cavalgada? – quis atormentá-la. Na realidade era noutra cavalgada que pensava. Desde que a vira nua ao luar que não pensava noutra coisa, senão em…
Ela fez uma cara de dúvida e disse:
- Não me parece. Hoje quero ir com mais suavidade. – e nem percebeu o sentido duplo que a frase continha.
Com um sorriso irónico nos lábios carnudos ele respondeu-lhe.
- Como quiser. Vamos então. Será sempre ao seu ritmo.
O duplo sentido da frase não lhe escapou. O jogo de sedução era real, não era fruto da sua imaginação.

Passo a passo, os cavalos – habituados a andarem juntos- seguiram pela estrada de terra. Isabel sentiu-se noutro mundo. O mundo que ela imaginara poder viver um dia. Nem que fosse por momentos tinha que experimentar viver a liberdade que tanto almejava e que lhe tiraram há cinco anos. Se a felicidade era algo parecido com o que estava a viver, então sentia-se feliz. A única sombra que pairava por ali era a da partida do conde, como lhe fora dito quando foi para o Solar de Santa Maria. Isabel ficaria com Teresa e Leonor viria para o continente algum tempo depois para se juntar à filha e, nessa altura o jovem conde regressaria ao Brasil para administrar a fazenda dela. "

domingo, 7 de dezembro de 2014

Publicar um livro. Onde?

Imagem retirada da internet

Quando decidi publicar os meus livros na amazon nunca pensei sequer vender um, e foi com muita alegria que vendi o primeiro, já lá vão alguns meses. Através de sites e blogs fui descobrindo as possibilidades que existem para um autor independente, e acreditem que são muitas. Com um romance escrito há algum tempo “Gabrielle” resolvi fazer a experiencia nas duas plataformas da amazon. O livro vendeu cerca de trezentos exemplares e creio que não foi mais porque o tema é um tanto denso, não é sobre sexo nem água com açúcar, os géneros que vendem muito na Kindle do Brasil. Os dois livros que publiquei a seguir foram iguais em número de vendas e têm-se aguentado nos primeiros 20 a 30 primeiros lugares o que para uma autora novata é um feito fantástico. Existem centenas de livros esquecidos nas páginas da amazon que nunca vão ter qualquer hipótese de vender, por falta de empenho dos autores em publicitá-los. Estou a preparar-me para publicar noutras plataformas tais como a Kobo, Bubok,Google Pay, mas por enquanto só vos posso falar da amazon, onde tenho os meus livros disponíveis. Neste momento retirei “Gabrielle” que vai ser reescrito e novamente publicado em dois livros distintos, uma vez que a temática do livro ( o incesto) requer um tratamento mais aprofundado.

Publicar em português é complicado em termos de mercado, pela questão da língua, mas ao fazer publicidade aos livros no Brasil, comecei a vender, especialmente ebooks. Não vou escrever sobre o processo de autopublicação, é muito simples, basta inscreverem-se no site (createspace.com para livros físicos ou kindle para ebooks) e seguir os passos. Claro que é preciso ter uma obra escrita uma nova porta abre-se para realizar o seu sonho. Há milhares de autores independentes a publicarem na amazon e muitos (os que apresentam qualidade) já vivem disso. Descrevo abaixo as vantagens de publicar nas plataformas da amazon.

 O autor sabe quantos livros vendeu no momento em que essa venda se realiza. O relatório é on-line, simples e atualizado minutos depois que acontece a venda.
2 – A Amazon já é uma montra para o autor, muito mais que os sites de editoras que publicam autores independentes e que deixam os livros esquecidos sem nunca fazerem nada pela sua promoção. O autor tem o seu público, o público que conquista nas divulgações em redes sociais e o público consumidor de livro digital próprio da Amazon. Ou seja, aumenta a sua visibilidade no mercado e há medida que vai publicando vai sendo conhecido e vendendo mais.

 Não há intermediários entre o dono da propriedade intelectual e produto em si e a loja onde esse produto será vendido. Se o autor quiser entregar um produto sem tratamento diferenciado de capa, diagramação e revisão, ele está livre para diminuir a qualidade do seu trabalho à vontade. No entanto, se o problema for com formatação, a Amazon manda e-mail pedindo para o autor melhorar nesse aspecto e só deixa concluir o processo quando não existirem erros. Posteriormente farei um post sobre o processo da publicação.
4 Preço de e-book cabe no bolso de todos e além de haver inúmeras promoções com descontos e até de livros gratuitos caso se inscreva no KD select, um programa de promoção que pode usar conforme entender, continua a ser mais acessível que o livro em papel. Para o escritor da Amazon vale mais os comentários no site do que as resenhas em blogs. Os clientes da Amazon lêem e levam em consideração tais comentários e avaliações e é para esse público que o seu livro estará exposto.

Pagamentos. Com a Amazon, o pagamento é depositado ao fim de 60 dias para os ebooks vendidos no Brasil, a partir do momento em que fizer a quantia de 100 dólares. Nas restantes lojas é pago mensalmente. Não é difícil vender 100 dólares de ebooks nesse espaço de tempo para um autor estrangeiro ao contrário do que se possa pensar.   
 Marketing. Pode contar com os seus leitores mais fiéis que fazem publicidade nas redes sociais (convém ter uma página de Facebook, tweeter, pinterest…), No entanto, a Amazon dá uma grande ajuda ao seu autor ao convidá-lo a participar da “Oferta do Dia” e ao divulgar o (s) seu (s) livro (s) nas newsletters que envia aos seus clientes. O autor não está com o seu livro num site jogado às traças.

 A Amazon oferece aplicativos de leitura gratuitos para serem usados no PC, celular e tablet. Não é preciso ter leitor de e-book. E quem tem outro e-reader (como o Kobo, por exemplo) pode sempre ler no tablet, computador etc.

 Como a publicação teoricamente é de graça (não, a Amazon não cobra nada para publicar), você tem de ter em mente que não conseguirá fazer tudo sozinho, a não ser que seja um designer profissional, um diagramador profissional e um revisor profissional, além de escritor profissional, que é a pessoa que domina as ferramentas da profissão, o que inclui a língua portuguesa. A amazon tem serviços profissionais que disponibiliza a um preço justo, mas mesmo assim é difícil para um escritor no início pagar esses preços, a não ser que tenha outra fonte de rendimento muito bem paga. Nesse caso tem que fazer tudo sozinho e ter o tripo do cuidado. Os erros passam em frente aos nossos olhos sem os conseguirmos ver e dão mau aspecto ao livro. Então o que deve fazer? Arrumar o manuscrito durante um tempo na prateleira e fazer a revisão mais tarde. Mas esse assunto fica para outro post.

Capas- na plataforma da createspace pode através da ferramenta do site, fazer uma capa com muita qualidade (inclusive inserir fotos suas), e podem acreditar que os livros ficam tão bons como nas editoras convencionais. O mesmo sucede na plataforma dos ebooks, na Kindle. Mas, como todo o autor convém ter o seu próprio modelo de capas, esse pormenor passa a possibilitar aos seus leitores reconhecê-lo onde os seus livros estiverem. No meu caso tenho a sorte de ter um designer de Mídias digitais em casa, o que me facilita a tarefa em todos os aspectos. Compro as imagens num site ( One Dollar Photo) e concebi o meu próprio modelo de capas.



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Música das estrelas - conto


Nas rugas adivinhava-se a imensa emotividade de Maria: fora uma vida inteira a viver em pleno e a sentir. Naquela noite ao ouvir os primeiros acordes do piano e a voz cristalina da solista os olhos de Maria encheram-se de lágrimas a transbordar de contentamento e prazer. À memória chegou-lhe as longas noites de inverno acompanhadas pelos gemidos dos nocturnos de Chopin e o firmamento estrelado que vislumbrava através da janela da sala enquanto ele tocava. A sua alma poética conseguia nesses momentos escutar a música das estrelas.
 Foi nesse estado de saudade e embalo poético, que um breve instante do passado se desenhou na sua memória: nublado, distante, mas tão vivo. A idade que tinha não sabia, só sabia que aquela música estava entranhada na sua pele até ao último acorde. Ouviu-se uma enorme onda de aplausos e ela rejubilou de alegria e orgulho. O seu filho tinha alcançado a glória naquela noite. O piano, a guitarra portuguesa – que quase chorava – e a fadista que entoou “ Povo que lavas no rio”, arrancam-lhe lágrimas de alegria e saudade. Saudade da meninice em que a mãe lhe dizia «o pai toca a música das estrelas Maria, vê como elas saltitam» e apontava para os pontinhos luzentes lá no firmamento, escuro como breu, através da vidraça da janela. Era uma saudade boa, sã.

E aquela música recordava-lhe outras musicas, tão diferentes, às vezes dançadas, outras só sorvidas em milhares de sítios, quando ainda era jovem: bares, salas de cinema, viagens, ruas. A música de quando era jovem e conheceu o homem que a acompanhou a vida toda, na dor, na alegria, mas também na partilha de ideias e pensamentos. Nos livros que leram, nas batalhas que travaram, na educação doa filhos. Aquela música era a sua alma, a alma de uma menina que cresceu a ouvir o piano dedilhado pelos dedos firmes do pai, homem sensível, e um muro de protecção. Imersa nos pensamentos nem reparou que o marido estava a observá-la, ali, a dois passos dela com um ar que era de amor e complacência. Já sabia que sempre que o filho tocava aquela música, viajava para a infância, não com tristeza, mas com uma nostalgia de quem já viveu mais de metade da vida e quer aproveitar todos os momentos que lhe restam. Avançou até ele – admirou-lhe as têmporas brancas – e de mãos dadas caminharam até ao palco para abraçarem o artista da guitarra portuguesa: o filho.  

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Moço de estrebaria - conto

Pintura de José Malhoa

Arre que é bruto! – Pensava Juvenal- acerca do seu tio António que o havia chamado aos berros lá do fundo do quintal; Juvenal era distraído, passava o tempo a pensar como havia de sair dali, tamanho era o seu sofrimento. Havia dez anos que seus pais tinham partido para o além (deus os tenha em descanso), e sinceramente estava farto dos berros do tio; até a Alzira lhe dizia:
-Vai-te embora homem! Tens bom corpo, habilidade, o que esperas deste traste que te explora vai para uma década?
Destarte, Juvenal foi pensando na coisa com algum cuidado, não fosse o velho desconfiar. Um dia sumia-se no mundo e ia ser feliz. Os seus pais não o tinham criado para ser criado de lavoura do marido da tia; estava decidido! Quando o velho lhe pagasse a jorna da semana, ia meter pernas a caminho lá para os lados da vila onde muito trabalho havia, segundo ouvira dizer ao Manel da Fonte que vivia amantizado com uma moçoila daquelas bandas. Estava agastado de tanto ouvir «acarreta palha para os cavalos Juvenal», «ajuda a tua tia com a lenha Juvenal», «dá de beber às ovelhas Juvenal» e, ir à vila beber uns copos com os amigos e namoriscar as moçoilas nada. Para bruto, bruto e meio. De hoje não passava. Meteu pernas direito a casa com a intenção de meter os seus pertences num saco de pano e virar costas a tudo. Moço de estrebaria era, moço de estrebaria não haveria de ser mais tempo. Antes ir para a guerra defender a França. 

Moço de estrebaria - conto

Pintura de José Malhoa

Arre que é bruto! – Pensava Juvenal- acerca do seu tio António que o havia chamado aos berros lá do fundo do quintal; Juvenal era distraído, passava o tempo a pensar como havia de sair dali, tamanho era o seu sofrimento. Havia dez anos que seus pais tinham partido para o além (deus os tenha em descanso), e sinceramente estava farto dos berros do tio; até a Alzira lhe dizia:
-Vai-te embora homem! Tens bom corpo, habilidade, o que esperas deste traste que te explora vai para uma década?
Destarte, Juvenal foi pensando na coisa com algum cuidado, não fosse o velho desconfiar. Um dia sumia-se no mundo e ia ser feliz. Os seus pais não o tinham criado para ser criado de lavoura do marido da tia; estava decidido! Quando o velho lhe pagasse a jorna da semana, ia meter pernas a caminho lá para os lados da vila onde muito trabalho havia, segundo ouvira dizer ao Manel da Fonte que vivia amantizado com uma moçoila daquelas bandas. Estava agastado de tanto ouvir «acarreta palha para os cavalos Juvenal», «ajuda a tua tia com a lenha Juvenal», «dá de beber às ovelhas Juvenal» e, ir à vila beber uns copos com os amigos e namoriscar as moçoilas nada. Para bruto, bruto e meio. De hoje não passava. Meteu pernas direito a casa com a intenção de meter os seus pertences num saco de pano e virar costas a tudo. Moço de estrebaria era, moço de estrebaria não haveria de ser mais tempo. Antes ir para a guerra defender a França. 

domingo, 30 de novembro de 2014

Vidas errantes - conto

Era um dia igual aos outros. Outono. As folhas amarelas atapetavam o chão húmido da chuva do dia anterior e o céu apresentava laivos azul cinza numa promessa de aguaceiros. Presa à trela a cadela de raça puxava a dona ao longo do muro do jardim francês no centro da cidade. Proibida a entrada a cães. Vá-se lá saber a razão do letreiro afixado na entrada. Será que os cães vadios sabem ler?
 Uma voz feminina, de cristal, num sotaque brasileiro inconfundível soou vinda do interior do jardim:
- Vá trabalhar malandro! Isso é falta do que fazer! Você indo trabalhar isso te passa tudo.
A mulher que passeava a cadelita cinzenta de raça Schnauzer parou. A voz zangada prendeu-lhe a atenção. De trás do enorme coreto onde outrora tocaram bandas filarmónicas surgiu uma figura de mulher pequena, com ar moderno, jovem, ostentando uma longa cabeleira aos caracóis e uma pele morena que não deixava dúvidas sobre a sua origem africana. Caminhava lentamente na direcção de um bebedouro de água. Na mão uma rosa amarela. Circundando o pequeno jardim a mulher com a cadela pela trela, não conseguia tirar os olhos da frágil figura. Triste. Com o peso do mundo nos ombros. Parecia. No interior do jardim uma figura de homem acabado passava afastado uns metros. Coxeava e vociferava impropérios contra alguém. A mulher da cadela presa pela trela reconheceu-o. Um toxicodependente residente sempre na busca de moedas que algum velhote que apanhar sol ali naquele sítio interdito a cães, tenha a compaixão de lhe dar. Para comida justifica.
Mais uns passos e os olhos sempre atentos seguem a jovem que caminha em direcção às paredes de mármore do coreto. No rádio Gal Costa canta “Chuva de Prata”. A mulher encosta a rosa ao rosto, os braços ao mármore frio e chora. Chora. Toda ela encostada ao coreto com a rosa na mão e os braços a esconder o rosto.
Do outro lado do muro a mulher, parada, fica com lágrimas nos olhos. Que história de vida estará ali que carrega tanta solidão e sofrimento.  Uma história que veio do outro lado do oceano em busca de uma vida melhor. Uma vida que se cruza com outra, as duas com algum vazio por preencher.

A mulher com a cadela presa à trela afasta-se levando consigo aquele sentir triste de outra pessoa, desconhecida, mas que lhe recordaram outras vidas, vidas de emigrantes carregando saudades do país que deixaram.  

sábado, 29 de novembro de 2014

Book trailer de Jardins de Luar

                           

Excerto do livro. 

Com quem é que ele não queria cometer um pecado? Quem seria a mulher de quem ele estava a fugir? Seria dela? Não teria decerto interesse suficiente para levar um conde a fugir dela. Ou teria? E depois, porque não podia tomá-la para si, como fazia certamente com as outras? Seria assim tão detestável?
Uma névoa densa toldou-lhe o pensamento e a raiva apareceu sem que a conseguisse controlar e, pior que não se conseguir controlar era desconhecer a proveniência do descontrolo. Acaso teria pretensões a ser amada por um homem na posição dele? Um nobre jamais iria olhar para uma rapariga que imagina da plebe, ainda que seja versada na escrita e na leitura e tenha mais cultura que ele. Sim, era muito mais culta. Na realidade quase todos os nobres eram uns labregos ignorantes. Vestiam-se com roupas de veludo e emproavam as caras e os cabelos imitando os franceses, mas a ignorância era visível. Talvez ele não fosse assim, mas a raiva que tinha aos homens estava a ser canalizada para a pessoa do conde de Évora Monte.
Afastou-se do corpo dele com brusquidão deixando-o boquiaberto e a pensar no que teria feito agora. Ergueu-se ajeitando a saia de montar e, com o rosto vermelho de despeito encarou-o profundamente, estendeu o dedo indicador perigosamente na direcção de Manuel Afonso – hábito que lhe valeu muitos castigos em criança- e disse:
- Faça muito boa viagem Vossa Senhoria e oxalá não apanhe tempestades como as que causa. Passar bem. Não se incomode de algum dia voltar e…- continuava de dedo estendido.
- Não gosto nada de si, ouviu? É uma pessoa detestável.
O céu continuava escuro e a trovoada não cedia. Sair no meio de tamanha borrasca era tolice e perigoso. Com uma agilidade que as senhoras não costumam ter, desamarrou as rédeas do cavalo, colocou o pé esquerdo no estribo e saltou para a cela esporeando o animal que reagiu de imediato e largou a galope chuva adentro.
Manuel Afonso ficou sem reacção. Esperava tudo menos raiva da parte dela. Ficou a vê-la galopar à chuva em direcção ao Solar de Santa Maria com os cabelos soltos a agitarem-se ao vento. Uma imagem bela apesar de trágica. Que mulher decidida e opiniosa. Aquela, ninguém pisava. Sentiu aguçar-se o apetite de a domar. Tomá-la como sua e possui-la era o que mais desejava embora não quisesse desonrar uma virgem. Tinha a certeza que estava perante uma mulher virgem de homem e, tinha a certeza que ela queria dizer precisamente o contrário daquilo que deitou para fora. Aquela mulher gostava dele. Gostaria muito de acreditar nela, mas não podia arriscar.
 A chuva amainara em poucos minutos depois da partida de Isabel e a trovoada deu lugar a um sol de meio-dia envergonhado. Sentia fome mas não estava em condições de se sentar à mesa na frente dela sem que tivesse uma erecção daquelas que só cediam ao fim de algum tempo. Há muito tempo que não estava com uma mulher e até o cheiro o excitava. A coberto da noite, do luar, podia fantasiar as mais variadas cenas eróticas, os sinais exteriores da sua excitação não eram visíveis, mas durante o dia era recomendável afastar-se daquela tentação.