domingo, 21 de agosto de 2016

Deve o escritor entrar em diálogo com o leitor?


Cada autor escolhe o tipo de narrador que  melhor assenta ao tipo de ideias que quer transmitir, e até aos gostos dos seus leitores, isto, se os conhecer muito bem, pois nenhum escritor, por mais que se mantenha no seu "casulo" e longe dos leitores, está imune às criticas.
 Existe o narrador omnisciente que tudo sabe e tudo revela, intrusivo, e o mais experimentado, que revela aos poucos, deixando o leitor preso ao livro.
Narrado na primeira, ou na terceira pessoa, o livro deve manter algum suspense para prender o leitor. Nenhum livro irá dizer tudo, grande parte fica para a capacidade de imaginação e interpretação da história, por parte do leitor.
No entanto, existem escritores que tem uma grande necessidade de interagir com o leitor, de forma que perguntam várias vezes ao longo da narrativa o que o leitor pensa do assunto. Pessoalmente não aprecio essa forma, quando estou a ler um livro, e já li criticas ferozes de leitores, sobre esse recurso. O leitor quer embarcar na história e vivê-la como se lá estivesse dentro. Não queremos todos ser o herói do filme? Não queremos todos acreditar que o filme é real e que o protagonista está mesmo a viver aquele momento? Claro que queremos, tanto que até mandamos calar o "engraçadinho" da fila de trás que passa o tempo a dizer que é tudo a fingir. Nos livros é igual.
Grande parte do mérito de um livro de entretenimento é levar a pessoa a viver outras vidas, conhecer outros mundos e realidades, poder sonhar e viver tudo o que não faria na vida real. Então, quando o escritor faz uma pergunta ao leitor, está mostrar a realidade e, isso, quebra o encanto do livro. Se é um escritor estreante não o faça. Não desiluda os seus leitores. Guarde esse recurso para um dia, no futuro quando já tiver conquistado o seu pedacinho de céu na literatura.
Machado de Assis, no romance "Memórias Póstumas de Brás Cubas", dizia que o grande defeito do livro são os leitores, ora isso só em possível e aceitável, num escritor que já conhece os seus leitores, já os conquistou, e pode atrever-se a proferir tal critica.
Li um livro há pouco ( não! não vou dizer o titulo e o autor!) que abusa desse recurso literário. Por teimosia, li até ao fim, mas confesso que quebrou o encanto e o meu interesse na história.

Boas leituras e até ao próximo post.

PS- quase, quase a acabar a primeira versão do romance POR AMOR E POR AMBIÇÃO.

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