quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Livro "MEUS PAIS, MEUS ESPELHOS"



Hoje venho apresentar-vos o meu outro livro,escrito com o meu nome. O livro é o resultado de um projecto feito há alguns anos, com mães, num Centro de Saúde e que tinha como objectivo sensibilizar os pais e mãe para algumas etapas da vida emocional da criança muitas vezes desvalorizadas. O livro é curtinho, tem quarenta páginas e contou com a prestimosa colaboração da pintora Isabel Aldinhas que fez 10 aguarelas que ilustraram o projecto e mais tarde o livro. Os originais das aguarelas estão na sala de espera do meu consultório. O livro fala da importância do olhar materno, como espelho da criança, do desmame, do treino do asseio, das birras, da fase exploratória...etc. 
O livro é apresentado no ponto de vista da criança, que conduz os pais pela forma correcta de actuar. 
O livro existe em versão papel e em ebook na amazon. 


Trecho do Livro

"Olá! Sou o Salvador. Estou ao colo da minha mãe. Ela olha para mim e eu olho para ela. Assim apreendo o amor dela, e vou percebendo quem sou, que existo. Quando ela me olha é como se me visse nos olhos dela…se ela não olha para mim, faço qualquer coisa para ela o fazer. Faço caretas com a língua, olho muito para ela e sorrio, sim eu nasci há dias mas já respondo aos sorrisos da minha mãe.
- Ufa! Ela já olhou…que bom!
 - Mas às vezes não preciso de fazer nada, ela passa horas a olhar-me…gosto tanto. É uma boa mãe! E quando vem o pai, ainda gosto mais…é diferente…é outra voz, também me embala e sorri para a mamã. Os meus pais estão muito felizes com a minha chegada. Sei que vou ser uma preocupação para eles, mas sinto-me tão amparado que vai tudo correr bem. A mamã por vezes ainda fica aflita quando me dói a barriguinha, são os meus intestinos que se estão a habituar ao leite materno, mas logo vai passar. Os meus pais conversam muito comigo, faz-me bem ouvir vozes humanas, é assim que aprendo a linguagem, desde que nasci que oiço as vozes deles e já as distingo. A minha mamã já me entende muito bem, percebe os meus diferentes tipos de choro: tenho fome, tenho frio, tenho calor, tenho sono, estou cansado – sim, os bebés também se cansam-, tenho a fralda suja. Quando tenho fome ela aproxima-se de mim e diz:
- Oh meu querido Salvador! Já sei que tens fome, vamos já tratar de ti. Depois de mamar o quanto eu quiser, ela muda-me a fralda e eu fico tão confortável que durmo de imediato.
Por vezes também já faço umas birras para chamar a atenção, ela percebe e não corre logo – deixa-me chorar um pouco, muito pouco-, e só depois vai perguntar o que eu tenho. E, ela sabe logo:
- Queres colo não é meu querido?
E lá vou eu para o sítio onde me sinto mais seguro: para os braços dela. Quando estou acordado quero ficar junto da minha família. Se ficar muito tempo sozinho assusto-me."


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