No mundo dos livros há dois
assuntos que suscitam de imediato a atenção do leitor. A comida e o sexo. Acrescento
um terceiro que não faz propriamente parte desta fórmula, mas, desde que li “ Cinco quartos de Laranja”de Joanne Harris,
passei a considerar: os cheiros. Joanne Harris escreveu um livro maravilhoso
conjugando na perfeição, o cheiro da laranja, a história, a infância e as
emoções. Outro livro que fala de cheiros e que todos conhecemos é “Perfume” de Patrick Süskind.
Antes de mais evite armadilhas da
escrita fácil, como lugares comuns. Um texto que lembre o rótulo do vinho de
mesa nem sempre é necessário, a não ser que ajude a localizar a história no
tempo e demonstre os gostos das personagens. Evite expressões como «precioso néctar»,«vinho
voluptuoso»…
Centre a descrição da comida no
sabor, no cheiro e no aspecto; a cor laranja da sopa de abobora, o gelado numa
tarde escaldante de praia, o gosto agridoce do iogurte.
Outra fórmula que prende o leitor
são os livros eróticos. Descreva as cenas quanto baste e de forma requintada
para não cair na vulgaridade e tornar-se um livro pornográfico. Mas, se a sua
intenção é escrever um livro pornográfico use e abuse das descrições. Fica mais
apelativo e sugestivo falar de “membro viril” em vez de “pénis”, ou usar o
palavrão correspondente. As cenas de sexo são sempre as mais difíceis de
escrever. Pelo menos para mim. São cenas que reescrevo várias vezes. Um exemplo
contemporâneo de sucesso na escrita erótica é a escritora brasileira Mila Wonder que escreve actualmente “O safado do 105” que descarrega no
Wattpad e que conta uma história de abandono e medo, mas que tem a fórmula do
sexo, muito sexo. Podia correr o risco de se tornar vulgar, mas a autora
combinou na perfeição sexo, comida ( o personagem masculino é cozinheiro) e
emoções. A autora já arrecadou mais de 2 milhões de leituras no livro.
O primeiro requisito para se
escrever sobre comida, sexo e cheiros é gostar de todos eles. Mas em vez de os
usar de forma crua, é conveniente substitui-los pelo simbolismo e a dimensão
cultural. Faça as pessoas mastigarem papel e tinta e dormirem com os livros e
terem sensações olfactivas.
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